30/jul 17:01
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Por Luis Francisco Tomazzi Prosdocimi |
Belo Horizonte/MG
PARTE II
Os trens passam ali superlotados. Não há como elevar a oferta da linha 1 para absorver a nova demanda prevista para a Linha 2.Por outro lado, não há como inserir o trem da Linha 2 nas vias da Linha 1, primeiro por questões tecnológicas, segundo pela estrutura física atual da Linha 1, que não comporta freqüências abaixo de 3,5 minutos (viabilizar esta solução significaria em investimentos muito elevados).
Se aplicada esta solução, teremos a estrutura de um sistema de alta capacidade (entre Barreiro e Calafate) obrigado a operar em baixa capacidade, pois a Linha 1 não absorverá a totalidade de passageiros que precisam se deslocar para a região central. Além do mais, não atenderá às expectativas de deslocamento daquela população que deseja como destino final a região central de BH. A população terá que continuar utilizando os ônibus, carros ou motos para ter atendidas suas necessidades de deslocamento. Significará recursos públicos mal empregados e falta de visão sistêmica do transporte.
Pretendem ainda, Estado e Município, implantarem apenas um trecho de aproximadamente 5 km da Linha 3, especificamente entre Lagoinha e Savassi. Ora, nova escolha equivocada, pois trata-se do trecho da Linha 3 de menor carregamento. Não eliminará o número de veículos que se dirigem ao centro de Belo Horizonte, além de contar com o inconveniente de inserir no projeto obras para construção de oficinas e pátio de estacionamento de trens totalmente subterrâneos, encarecendo a obra em demasia. Outro trecho predestinado a operar como uma linha de ônibus alimentadora com custos de construção de Metrô.
Como proposta visando implantar uma nova linha de Metrô, ou parte dela, mas que dê resultados significativos ao sistema de transporte e trânsito de BH e que cumpra efetivamente o seu papel de troncal estruturador de alta capacidade, se apresenta priorizar a implantação da Linha 2, pelo menos no trecho entre as estações Barreiro e Praça Sete.
Nesta hipótese se terá o atendimento quase pleno dos desejos de viagem dos usuários deste corredor que, certamente, atingirá carregamentos de sistema de alta capacidade, demonstrando alinhamento do modal escolhido (Metrô) com a demanda a ser atendida. Os usuários que embarcarão no trecho entre as estações Barreiro e Amazonas serão levados aos principais pontos de destino, ou seja, Av. do Contorno, Av. Barbacena, Praça Raul Soares e Praça Sete.
Com esta opção, o corredor da Av. Amazonas, atualmente saturado, receberia um sistema de transporte subterrâneo de alta capacidade, desafogando o trânsito não apenas no seu eixo, como também nos seus principais cruzamentos. Os impactos positivos desta solução, tais como redução do tempo de deslocamento, redução dos níveis de poluição do ar e sonora, revitalização da Avenida com conseqüente valorização imobiliária, melhor articulação do sistema de transporte pelas possibilidades de integração, etc, são evidentes.
Por outro lado, a distância entre as estações Amazonas (Gameleira) e Praça Sete é de apenas 4,6 km, ou seja, equivalente ao trecho Lagoinha/Savassi que se pretende implantar e que não vai gerar os resultados que certamente serão alcançados com a presente proposta. Devido à limitação de recursos que está sendo imposta neste momento, a conclusão da Linha 2 entre os trechos Praça Sete e Hospitais ficaria para uma segunda etapa, porém a ser construída antes do início das obras da Linha 3. A Linha 3, se tiver que passar pelo mesmo processo de priorização, que tenha início pelo trecho Pampulha/Praça Sete. Este sim vai gerar maior impacto no transporte e trânsito de BH, com redução significativa de veículos se deslocando para a região central e no tempo de viagem.
Concluindo, a política pública mais importante para incentivar o uso de modos de transporte coletivo é aquela voltada para o interesse público, que apresente sustentação técnica, viabilidade, racionalidade na aplicação de recursos e implique em resultados mais significativos e efetivos à população
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