Deputados apresentaram questionamentos à secretária Elizabeth Jucá sobre as políticas sociais do governo
Andréia de Jesus cobrou que o Estado ofereça proteção aos povos tradicionais
Professor Wendel Mesquita abordou a importância de norma que garante proteção aos empregados com deficiência
Famílias de baixa renda vão receber auxílio emergencial em agosto

Parlamentares defendem orçamento maior para área social

Segundo deputados que participaram do Assembleia Fiscaliza, faltam recursos para Sedese atender pessoas mais pobres.

30/06/2021 - 20:55

De um lado, os efeitos sociais perversos da pandemia de Covid-19 atingem a população mais vulnerável. Na outra ponta, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) não consegue atender parcelas desse público, principalmente em função do volume reduzido de recursos.

Essa pode ser uma síntese do que foi a reunião do Assembleia Fiscaliza desta quarta-feira (30/6/21) que ouviu a titular da Sedese, a secretária Elizabeth Jucá . Criado pela ALMG em 2019, o Assembleia Fiscaliza tem como objetivo reforçar o papel fiscalizador do Poder Legislativo sobre o Poder Executivo.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Mais dinheiro - Na runião desta quarta, diversos parlamentares bateram na tecla de que o Estado, com arrecadação crescente, precisa investir mais recursos em ações para as camadas sociais mais carentes. Para isso, o governo deveria, segundo eles, destinar maior volume de verbas à Sedese, de modo que suas políticas consigam atingir mais pessoas.

O deputado André Quintão (PT) destacou que os efeitos sociais e econômicos da pandemia não são apenas de curto prazo e advertiu que a Sedese tem uma responsabilidade estratégica no auxílio aos mais atingidos. Nesse sentido,  defendeu que o dinheiro do Fundo de Erradicação da Miséria (FEM) seja aplicado totalmente no combate à pobreza

Ele lembrou que o FEM arrecadou, em 2020, R$ 743 milhões, mas que foram executados apenas R$ 120 milhões. “Meu pleito é que o Piso Mineiro da Assistência Social seja todo pago com recursos do FEM, que tem R$ 520 milhões disponíveis" disse.

André Quintão apresentou juntamente com a deputada Beatriz Cerqueira (PT) um projeto que cria as rendas complementar e emergencial para pessoas em situação de vulnerabilidade. Os recursos para financiar esses programas viriam, conforme informou, do FEM e da redução da renúncia fiscal.

Beatriz Cerqueira defendeu a ampliação do orçamento da Sedese e a implantação de um programa permanente de renda básica em Minas Gerais. “Em 2020, a Sedese teve 0,5% do orçamento do Estado. Como tratar de todos esses assuntos com esse percentual?”, questionou.

Beatriz Cerqueira comparou os R$ 528 milhões desse orçamento com os R$ 13 bi de isenções fiscais concedidas a empresários em 2020. Para ela, a postura do governo é a mesmo de uma pessoa que deixasse de comprar comida para pagar o cartão de crédito.

Recuperação social - Em resposta aos parlamentares, a secretária Elizabeth Jucá reconheceu que é importante se pensar em um plano de recuperação socioeconômica de longo prazo e assumiu o compromisso de começar a tratar do assunto com a ALMG.

Sobre a proposta de utilizar recursos do FEM, ela respondeu que boa parte dos valores que o Estado usa em programas de transferência de renda já são oriundos do fundo.

Em relação ao Piso Mineiro de Assistência Social, a secretária afirmou que 85 municípios estão devendo suas prestações de contas, o que impede que recebam parcelas do recurso. “A Sedese está ajudando as prefeituras a fazerem esse trabalho. Queremos atender a todos os 853 municípios”, declarou.

Ausência de política de regularização fundiária preocupa deputadas

A deputada Leninha (PT) reivindicou que a Sedese, em conjunto com a Secretaria de Agricultura, articule a regularização fundiária de terras de povos e comunidades tradicionais.

Segundo ela, a falta de normatização tem causado problemas diversos, como o que ocorreu em São João das Missões (Norte de Minas), onde uma escola indígena dos Xacriabás foi incendiada na última semana. 

A deputada Andréia de Jesus (Psol) propôs maior atuação do governo na Mesa de Diálogo e Negociação Permanente, que trata de conflitos fundiários. Para ela, o Estado tem que garantir a proteção aos povos tradicionais, principalmente os indígenas e os quilombolas.

Andréia de Jesus afirmou ainda que o Supremo Tribunal Federal suspendeu as ordens de reintegração de posse durante a pandemia e pediu um posicionamento do Estado sobre isso.

A secretária Elizabeth Jucá disse que voltaria a conversar com a Secretaria de Agricultura sobre a regularização fundiária, tema considerado de grande importância para sua pasta. Afirmou ainda que pediria à regional da Sedese em Januária (Norte de Minas) para acompanhar a situação na aldeia Xacriabá.

No que tange à Mesa de Diálogo, ela explicou que a função da Sedese é coordenar o trabalho, articulando propostas que contemplem os 24 atores com assento nessa instância.

Sobre as reintegrações de posse, disse que a recomendação do STF está sendo seguida pelo governo.

Ampliação de políticas para mulher, criança e adolescente é defendida

A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) cobrou da secretária a implementação da Lei 23.680, de 2020, oriunda de projeto de sua autoria, que cria o banco de empregos para mulheres vítimas de violência. A titular da Sedese informou que o programa Banco de Empregos – A vez delas, a ser lançado em novembro, é fruto da regulamentação da mencionada lei.

Andréia de Jesus alertou que o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência estaria com convênio com o governo federal vencido. Ela questionou Elizabeth Jucá se a pasta apresentaria um novo termo para dar continuidade ao programa. A secretária afirmou que, apesar de o convênio ter vencido, o Estado está bancando o programa. “Esperamos que o governo federal volte a cofinanciar”, ressaltou.

Empregos para pessoas com deficiência

O deputado Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) solicitou que a secretária abordasse as ações da Sedese para a entrega da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea).

Acompanhado do deputado Zé Guilherme (PP), ele também questionou Elizabeth Jucá sobre medidas do Estado para efetivar o cumprimento da Lei Federal 14.020, de 2020, que, entre outras medidas, garante aos empregados com deficiência uma proteção adicional na vigência da pandemia.

Referindo-se à Ciptea, a secretária respondeu que a pasta trabalha para que a carteira seja disponibilizada a partir de março de 2021. Com relação à lei federal, Jucá avalia que é fundamental melhorar o acesso às pessoas com deficiência, por meio de um cadastramento mais efetivo desse público.

Esporte - O deputado Arlen Santiago (PTB) criticou a escassez de recursos da Sedese e sugeriu que o Estado modifique a forma de implantação das academias ao ar livre nas prefeituras do interior. Diante das dificuldades que o governo encontra nessas licitações, ele propôs que a implantação passe a ser feita por meio de convênios com as prefeituras.

A secretária Elisabeth Jucá disse que há um pregão marcado para julho, relativo às academias a céu aberto, e ressalvou que, se esse processo não der certo, o governo poderá adotar a sugestão de Arlen Santiago.

A deputada Celise Laviola (MDB) elogiou a prática da Sedese de adequar suas políticas à realidade de cada região.