Pronunciamentos

DEPUTADO SARGENTO RODRIGUES (PL)

Discurso

Critica o percentual de aumento proposto pelo governador Romeu Zema ao servidor público, por meio do projeto de lei que dispõe sobre a revisão geral do subsídio e do vencimento básico dos servidores públicos civis e militares da administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo. Critica desconto salarial contido no projeto de lei que institui o Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado e dá outras providências. Informa sobre nova emenda apresentada ao projeto para aumento do índice de revisão aos servidores.
Reunião 15ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/06/2024
Página 15, Coluna 1
Aparteante ALENCAR DA SILVEIRA JR., BRUNO ENGLER, CAPOREZZO
Indexação
Proposições citadas PL 2239 de 2024
PL 2309 de 2024

15ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 6/6/2024

Palavras do deputado Sargento Rodrigues

O deputado Sargento Rodrigues – Obrigado, presidente.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, gostaria de parabenizar os bravos servidores públicos... que aqui vieram participar da votação desse projeto, o famoso projeto das migalhas. É o projeto das migalhas. E por mais que a gente esteja ouvindo aqui alguns colegas que votaram, que derrotaram as nossas emendas, numa atitude e achando assim: “Olha, eram 3,62%, passou para 4,62%, então é algo extraordinário”. Como se realmente fosse algo extraordinário, mas não é. Pelo contrário.

Eu quero aqui falar não só para os 33 deputados que votaram para derrotar as nossas emendas – especialmente para os 33 que votaram “não” às emendas – e trazer aqui algo que é matemática. E aqui hoje nós estamos com muitos professores e professoras ... Talvez, se alguém aqui ainda não aprendeu a fazer essa conta, está na hora de aprender, porque o que não falta aqui hoje é professor e professora. Mas eu quero aqui, deputado Professor Cleiton, perguntar o seguinte aos deputados e às deputadas que tiveram a coragem de votar “não” às emendas: o que os senhores fizeram na prática? Os senhores contribuíram em quê? Porque, quando nós propusemos a emenda dos 10,67%, que era a inflação de 2022 e 2023, nós estávamos pensando em ter o mínimo de recomposição, da ordem de pelo menos 5%. Sabe por que, deputado Alencar? Porque, quando a gente faz as contas...

É esse cartaz que está aqui. E eu fiz questão de trazer de forma didática, de forma matemática. Copiei o que está aqui e coloquei aí nas mesas dos senhores deputados e das senhoras deputadas. Será possível que o deputado não vai ler esse panfleto que nós colocamos? Será que o deputado não está fazendo conta? E qual é a conta a que nós chegamos, Professor Cleiton? A conta é a seguinte: olha, deputado Bim da Ambulância, ao votar 4,62%, o senhor está acrescentando, conforme está nesse panfleto, R$194,00. E o senhor entende bem, sabe por quê? O pai do senhor é cabo reformado, então o senhor entende bem dessa conta. Ao votar 4,62%, o senhor acrescenta R$194,00 no salário do soldado. Aí depois, Thiago Cota, aquele projeto que está lá na CCJ, aquele difícil lá do IPSM, de 22,34%, que vai descontar 5,5% no salário, o desconto é de R$241,00, e a inflação de 4,62%, Dr. Maurício, ou seja, acresce R$194,00. Ao final, os senhores terão retirado do salário de um soldado – aquele soldado, Dr. Maurício, quando o senhor precisa dele lá em Ouro Fino, aquele que te socorre sempre, o soldado, o cabo, o sargento –, que é quem vai lá te socorrer, é dessa classe que o senhor vai tirar R$48,00. É isso! O senhor vai retirar R$48,00 do salário do soldado.

Agora, à medida que vai subindo cabo, sargento, subtenente, tenente, capitão, o desconto vai aumentando, Dr. Maurício. Não é possível que os senhores não tenham sensibilidade! Onde está a sensibilidade do deputado? Onde está a sensibilidade do deputado para dizer para o governador: “Governador, não tem jeito de votar isso, de virar política de governo”. E falar: “Nós não podemos fazer isso com os servidores”.

Eu estou trazendo aqui o exemplo da segurança, porque, quando se trata da Polícia Civil, do investigador, do escrivão, quando se trata da Polícia Penal, do socioeducativo, é a mesma situação. Só que lá o desconto não é no IPSM, é no Ipsemg. Os senhores estarão, na prática, fazendo uma recomposição de 4,62%, que é o IPCA de 2023, mas os senhores estarão tapando os olhos e se esquecendo do IPCA de 2022. Será que é isso? O mais incrível, Dr. Maurício, é que os senhores, quando houve o aumento de 298%, votaram felizes da vida. Foram 298%, deputado Antonio Carlos Arantes, que os senhores votaram de forma tranquila – 298%! Votaram. E agora? Vocês vão votar essa migalha?

Olha, eu vou falar com os senhores uma coisa: a gente explica para o deputado, na comissão, deputado Doutor Jean, e parece que ele está em outro planeta quando a gente está falando. A gente vai à comissão de novo; e é a mesma coisa. Mas, quando é interesse do governador, o deputado tem uma atenção...

Eu vi aqui o deputado Alencar, na última votação, dizendo: “Essas emendas autorizativas não dão em nada. Eu votei isso”. Eu queria que o Alencar estivesse aqui, mas ele foi à cantina. Ele está me ouvindo – ele está lá na cantina, mas ele está me ouvindo. Deputado Alencar, você disse no Plenário, na semana passada, que o senhor já votou várias emendas autorizativas que não deram em nada. Então vote essa. Já que V. Exa. entende que não vai dar em nada, vote essa emenda. Eu dei uma olhada aqui...

Daqui a pouco eu vou dar um aparte a V. Exa. Eu tenho ainda mais 53 minutos, pode ficar tranquilo. Eu estive olhando o projeto do governador. No mandato passado, V. Exa. era um crítico ferrenho do mandato do governo, mas votou favoravelmente aos 298%. Eu também olhei aqui que, quando da votação do veto, mesmo o governador aprovando as três parcelas e depois recuando, V. Exa. manteve o veto, votou com o governador.

Então eu quero dizer a V. Exa. o seguinte: isso não cabe à segurança pública. Deputado Alencar, a emenda é autorizativa. Essa emenda que V. Exa. assinou, essa, que os 77 assinaram, é impositiva. V. Exa. a assinou, Alencar, e V. Exa. vai votar favoravelmente ao parecer principal. Então eu queria fazer uma pergunta objetiva, já que V. Exa. veio: já que V. Exa. falou que as emendas não dariam em nada, que ela é autorizativa, e o Bechir falou que tinha vício de iniciativa, eu falo que não tem, até porque dessa área eu aprendi alguma coisa no meu curso de direito e, de forma muito especial, no direito constitucional. Eu queria que V. Exa. explicasse qual é a diferença dessa emenda, que quase 30 deputados assinaram – aliás, a primeira, a 57, 32 parlamentares assinaram –, da emenda que V. Exa. assinou junto com o restante. Se V. Exa. puder explicar... Eu sei. Aí eu vou mostrar a V. Exa. que V. Exa. pode votar sem medo. Porque quando V. Exa. diz “não” ao servidor, V. Exa. está atendendo é o governo. Agora, é justo, Alencar? É justo – olhe aqui essa placa – votar 4,62%, depois descontar 5,5%, e, ao invés de ter acréscimo, nós vamos ter decréscimo no salário? Não é possível que os senhores não se sensibilizem. Nós aprovamos a emenda dos 10,67% “Ah, Rodrigues, não vai dar em nada”. Deixe o governador decidir, Alencar.

Então eu faço um apelo. Apresentei uma nova emenda – olhe aqui – de 5,79%, o restante da inflação, já que os 4,62% já estão garantidos. Está aqui: Sargento Rodrigues, Ana Paula, Andréia de Jesus, Beatriz Cerqueira, Bella Gonçalves, Betinho Pinto Coelho, Betão, Bruno Engler, Caporezzo, Delegada Sheila, Delegado Christiano Xavier, Celinho Sintrocel, Doutor Jean, Coronel Sandro, Cristiano Silveira, Elismar Prado, Eduardo Azevedo, Leleco Pimentel, Leninha, Luizinho, Lohanna, Lucas Lasmar, Macaé Evaristo, Mauro Tramonte, Professor Cleiton, Mário Henrique Caixa, Marquinho Lemos, Ricardo Campos e Ulysses Gomes. Nós apresentamos essa emenda, Alencar, e aqui eu vou deixar você bem mais à vontade, que diz respeito à inflação de 2022, que é de 5,79%, para que o governo pague, pelo menos, a partir de janeiro de 2025. É emenda autorizativa, Alencar. Quem sabe? Está vendo o tanto de deputado que assinou? Eu tenho certeza de que esses parlamentares estão aqui querendo é fazer justiça. Agora, se V. Exa. vai falar “Rodrigues, o governador vai vetar”, deixe ele vetar, então, Alencar, mas vote com a gente. É um apelo que eu estou fazendo. V. Exa. tem a palavra.

O deputado Alencar da Silveira Jr. (em aparte) – Eu gostaria de agradecer e fazer o seguinte: eu votei a autorizativa no Aécio Neves, no Pimentel – no Pimentel ainda votei a autorizativa, e o pagamento nem saiu. Eu votei a impositiva no governo passado para pagar. Se votar nesse também, ele vai vetar e não vai pagar. Isso aí funciona muito, eu falava com o Bechir e com o pessoal, para o pessoal novo aqui. E nós sabemos como é. Agora eu falo com V. Exa. também: aprovam-se os 10,27%. Se o governador vetar, esta Casa vai derrubar o veto. Se ele for para a Justiça e não pagar... Se ele pagar, eu renuncio o meu mandato. Se ele não pagar, V. Exa. renuncia também. Nós podemos fazer isso, porque aí nós vamos ver que a verdade vai chegar aqui agora. A verdade vai chegar. Não adianta jogar para a plateia. Não adianta pensar que vai pegar todo o funcionalismo e vai colocar a segurança, que está precisando – a educação precisa e a saúde precisa. Eu acho que nós temos que voltar à conversa de categoria com categoria, e você sabe fazer isso – V. Exa. sabe e já fez no passado. No passado, pegava só uma categoria, e pegava outra categoria. Então eu fico muito à vontade hoje, nesses anos todos, de votar, mais uma vez, da maneira que eu achar ser a certa.

Não vou jogar para a plateia, mas sou parceiro de abrir um novo canal de negociação com a segurança. Vaia igual a essa eu tomei quando o meu time estava caindo para a Série B.

O deputado Sargento Rodrigues – Antes de responder ao deputado Alencar, eu queria cumprimentar o nosso amigo, o nosso dileto amigo que aqui também esteve conosco, o deputado federal Eros Biondini, pai da colega Chiara Biondini. Muito obrigado pela presença. Que V. Exa. continue brilhando no seu trabalho em Brasília.

Deputado Alencar, há uma diferença entre jogar para a plateia e demonstrar uma insatisfação do Parlamento ao governador – aquela insatisfação que você tinha no primeiro mandato do governo Zema; aquela insatisfação da qual você era um crítico ferrenho no primeiro mandato do Zema, e não sei por que mudou de opinião! Apesar de ser formado em jornalismo, V. Exa. sabe matemática; V. Exa. pode até não entender muito de direito, mas V. Exa. entende um pouco de matemática. A conta é esta aqui! Esta é a conta! Ou seja, na prática, V. Exa. vai tirar R$48,00 do salário do soldado; não só V. Exa., como aqueles que votarem pela derrubada da emenda. Isso vai acontecer também na Polícia Civil – vai acontecer na Polícia Civil!

Então, deputado Alencar, eu quero continuar fazendo o apelo a V. Exa., porque V. Exa. não perde nada em votar a favor; V. Exa. está em seu 8º mandato e não deve satisfação a governador Romeu Zema; V. Exa. não precisa cumprir orientação de líder do governo. Sabe por quê? É porque V. Exa. está em seu 8º mandato, deputado. Então V. Exa. pode votar e pode falar assim: eu vou votar, sim! E deixe o Zema resolver! Eu vou continuar contando com o voto de V. Exa.

Do ponto de vista jurídico, eu acho que aprendi um pouquinho mais que V. Exa., até porque eu me sentei na cadeira do curso de direito e me especializei em direito constitucional exatamente para poder trazer um convencimento aqui, mas um convencimento com capacidade e fundamentação jurídica. Eu queria pedir silêncio porque vou fazer uma leitura, deputado Alencar, que serve para você e para os colegas que estão aqui. Deputado Delegado Christiano, eu gostaria muito da atenção de V. Exa.

Eu queria deixar registrado algo que é fundamental para que os senhores deputados entendam a gravidade, deputado Bechir, do que vou ler aqui. Por favor, Vladimir, deixe-me fazer essa leitura porque ela precisa ficar registrada nos anais da Casa! Nós somos os porta-vozes de quem está do lado de fora, mas, muitas vezes, o deputado acha que isso é retórica da gente. Eu estou com um áudio de um delegado de polícia no meu celular. Eu perguntei: “Doutor, o senhor que está aí, no interior, combatendo o crime, como está a situação?”. Deputado Mauro Tramonte, é até bom o senhor prestar atenção nessa leitura! Ele falou: “Não coloque o meu áudio porque senão eles vão me retaliar”. Aí eu falei assim: “Então eu vou transcrever a fala do senhor para ler na tribuna” – ele falou que isso eu poderia fazer.

Esse relato, Tramonte, para o senhor que mexe com veículo de comunicação em massa, é um relato muito sincero de quem está lá na ponta – não é meu o relato. E há muitos colegas deputados e deputadas que não entenderam isso ainda; não entenderam porque isso que o governo está fazendo é tão grave. Então prestem atenção!

“Deputado, boa noite! Tudo bem? É um prazer estar falando com o senhor. Eu entendo, conforme coloquei por escrito, perfeitamente o posicionamento técnico e jurídico do senhor. O que eu queria pedir para o senhor, se possível for, é que seja feita uma abordagem e mais uma tentativa de sensibilizar o Executivo, sensibilizar o governo, porque eu vou falar uma coisa para o senhor: eu tenho 17 anos como delegado de polícia de Minas Gerais; estou há 17 anos delegado de polícia de Minas Gerais e nunca vi tantos policiais civis como militares tão desmotivados na ponta da lança! Hoje o que a gente vê são os policiais civis simplesmente cumprindo o básico, o básico do básico: deixando de tomar iniciativas em ocorrências; deixando de proceder em operações de iniciativa; desmotivados a praticar operações; desmotivados a sair para a rua e investigar – estão fazendo o básico. Quanto aos policiais militares, embora eu não esteja lá dentro, a gente vê, no dia a dia, que a quantidade de ocorrências apresentadas diminuiu muito, diminuiu absurdamente muito não só aqui, na nossa região, mas no Estado inteiro.” Eu deixei de colocar a sede da comarca para que ele não fosse identificado.

“A gente tem contato com delegadas e com delegados do Estado inteiro, e a Polícia Militar, nitidamente, diminuiu muito, é claro! As instituições, por meio de suas chefias, estão fazendo propaganda de operações e cobrando operações, mas são operações pró-forma, operações para inglês ver! É aquela blitz que não pega ninguém.”

Tramonte, você, como policial, sabe perfeitamente que são operações para mostrar estatística, mostrar número.

“Ninguém deixa de fazer e de cumprir aquilo que é essencial, mas a desmotivação é latente e é muito gritante! Então eu peço para o senhor, já que é notório – nós temos essa defasagem em recomposição das perdas inflacionárias – que o governador fez um acordo, uma proposta, mas, depois que essa proposta foi aprovada pelos senhores ali, na Assembleia, ela foi descumprida. Todos os servidores vão permanecer desmotivados! Se vier apenas 4,62% de reajuste, nada vai mudar! As mobilizações e a estrita ilegalidade vão continuar. E o que é pior: a desmotivação vai continuar!”

Talvez seja isso, Tramonte, que eles não entendem, mas o senhor entende porque o senhor esteve lá. É isso que eles, os deputados e as deputadas, não estão entendendo; é isso que o governador não entende.

“Então, os 4,62% nada vai mudar; as mobilizações e a estrita ilegalidade vão continuar. E o que é pior: a desmotivação vai continuar. Não adianta ficar entregando viatura zero quilômetro, arma nova e arma moderna se o policial civil, o policial militar, o policial penal e o bombeiro não estiverem motivados! E a motivação que a gente busca hoje é o mínimo – é o mínimo, não é? É o respeito através da reposição da inflação.

Então, assim, o senhor me desculpe pelo áudio um pouco extenso, mas eu peço encarecidamente ao senhor que tem tantos anos de trabalho na política, se puder, amanhã, buscar alguma forma de tentar fazer com que a segurança pública de Minas Gerais... Eu, em 17 anos, nunca estive tão preocupado com a falta de motivação, e essa falta de motivação, em médio e longo prazo, vai acabar refletindo no aumento do índice de criminalidade. Isso é notório e, infelizmente, pode ser irreversível. Isso, infelizmente, pode ser irreversível, está bom?

Então eu agradeço a atenção do senhor. Mais uma vez, muito obrigado. Coloco-me à disposição aqui para qualquer coisa, se o senhor precisar. Um abraço! Boa noite! Fique com Deus!”.

Quando eu recebi esse áudio ontem, Tramonte, eram cerca de 10 horas da noite. Então eu acho que o próprio deputado Leonídio, o deputado Caporezzo, o deputado João Junior e o deputado Arnaldo viram o que é isso lá no Triângulo quando os lojistas fecharam as joalherias e a polícia, realmente, está na estrita legalidade. Sabe o que vai restar no final da votação, deputado Tramonte? O governo hoje... A gente está vendo aqui, pelas nossas contas, que o governo tem número para nos derrotar; novamente ele tem número para nos derrotar. Porque o governo, para trazer o deputado aqui a fim de derrotar o servidor, vende até a alma dele para o diabo. O governador vende até a alma para o diabo. E é o mesmo governador, Tramonte, é o mesmo governador que foi lá no seu programa. O senhor se lembra disso, ou seja, quando ele falou assim – só um minuto, gente! – naquela primeira negociação das três parcelas? Eu me lembro das palavras dele, Tramonte, dizendo assim: “Olha, se eu tivesse contratado 10 mil policiais, ninguém estava reclamando. Agora é uma recomposição com responsabilidade, com segurança, e a classe da segurança há muitos anos está defasada”. O senhor se lembra disso? Depois ele vetou as duas parcelas. Depois ele voltou outras duas vezes e fez compromisso: um na Rede Globo e outro dentro da Associação dos Oficiais dizendo que faria a recomposição anualmente. E, por duas vezes, Tramonte, ele usou a seguinte expressão: “A inflação não tem todo ano? Não é assim lá, no Legislativo, no Judiciário, no Ministério Público? Não é assim no setor privado? Por que aqui vai ter de ser diferente? Então o meu compromisso é que todo ano a gente faça a inflação”. Aí, Tramonte e Bechir, o que eu trouxe aqui? A inflação de 2022 e 2023. É o que ele prometeu! Nós não trouxemos aqui a perda de 42? Para quê? Para exatamente, Tramonte, não haver desculpa do governo. E, mais uma vez, o que o governo faz? “Eu coloco a minha base, e 50 deputados votam a favor do meu reajuste de 298%”. E aí? “Quando for do servidor, eu entrego a migalha de 4,62%”. Gente, 4,62% não nos interessam! E, no caso dos servidores da segurança – e não vai ser diferente na educação, na saúde e nas demais áreas –, não será diferente, porque vêm os 4,62% e, depois, o projeto do Ipsemg e do IPSM. Um pouquinho, a mísera contribuição que foi dada o governo vai lá e tira com os outros dois projetos e fica pior ainda.

Concedo um aparte ao deputado Bruno Engler, meu amigo e colega de partido.

O deputado Bruno Engler (em aparte) – Obrigado, deputado Sargento Rodrigues. Primeiramente, quero parabenizar V. Exa. pela condução de todo esse processo com as emendas. Realmente tem feito um trabalho árduo em defesa do servidor da segurança pública. Além disso, dizer que sou testemunha, inclusive, de tudo o que foi relatado desde 2019 quando nos sentamos com o governo, nas primeiras negociações, com as promessas que, infelizmente, não foram cumpridas. A emenda que V. Exa. propõe é muito sensível. É uma emenda autorizativa de início de Parlamento no ano que vem. Então não é nada fora da curva.

Eu pedi a palavra aqui, Sr. Presidente, para, de maneira semelhante a outros colegas que assim fizeram anteriormente, me solidarizar com a deputada Chiara Biondini, que sofreu uma tentativa de intimidação, uma tentativa de chantagem. Quem vive o dia a dia aqui, na Assembleia, sabe que a deputada é uma deputada parceira do governo, ou seja, que a deputada, em 95% dos casos, está com o governo. Só que ela tem um porém – e ela deixou isso claro com o governo: que não votaria contra a segurança pública. E aí, quando cumpriu com a sua palavra de não votar contra a segurança, ela recebe uma punição? Aí ela é excluída do governo? Isso é inadmissível! Eu passei por situações semelhantes, Sargento! Eu era vice-líder do governo. A gente teve uma votação de aumento de imposto. Eu votei contra porque não voto aumento de imposto e, de repente, deixei de ser vice-líder do governo. Muda alguma coisa na minha vida? Não muda nada. Continuo o meu mandato com a minha consciência tranquila de votar com as minhas convicções. Eu tenho certeza de que a deputada Chiara é da mesma maneira. A gente sabe da índole dela, do caráter dela, da firmeza dela e que ela vai manter a sua posição, não vai ceder a nenhum tipo de chantagem e a nenhum tipo de pressão. Obrigado, deputado Sargento Rodrigues.

O deputado Sargento Rodrigues – Agradecemos ao deputado Bruno Engler. Ele já havia feito um pronunciamento mais cedo. Então é isso.

Deputado Arnaldo, meu amigo, como é que você dá 4,62%? Na prática, isso representa R$194,00. Depois vem o IPSM e toma R$241,00. Então, dos 4,62% que o governo deu, retirou, na prática, R$48,00 em número absoluto. Isso do soldado, viu, Arnaldo? Isso do soldado, mas do cabo aumenta. Do 3º-sargento, do 2º-sargento, do 1º-sargento, isso vai aumentando. E isso vai acontecer com os servidores civis, os servidores civis, porque o que era 30 do dependente vai pular para 60. Então vão ser 100%. E o que era o teto de R$250,00 vai para R$500,00 no caso do Ipsemg. Eu pergunto: Que reajuste ele vai ter? Que recomposição ele vai ter? Agora o deputado vem aqui vota, vota 298% para o governador e vem aqui falar que a emenda teve vício de iniciativa. Olha, eu fiz a pergunta e o colega Alencar não deu conta de responder. Arnaldo, sabe por quê? Porque não tem jeito de jornalista querer confrontar o aspecto jurídico, não é? Ele critica a nossa emenda – inclusive, V. Exa. também nos apoiou – que é autorizativa. E V. Exa. é dado de forma muito competente na lida jurídica. Mas aí ele assinou a outra, a do 77, que é impositiva, Arnaldo! Eu perguntei-lhe qual é a diferença, e ele não quis responder. Por quê? Porque – é óbvio – ele sabe a diferença. Só que foi confrontado com uma realidade que não daria conta de explicar aqui, publicamente e ao vivo, com as galerias lotadas, não é? Assim há outros parlamentares aqui que querem criticar a emenda dizendo o seguinte: “Ah, não! Os deputados que assinaram e que votaram querem fazer e jogar para a plateia”. Não, não. Eu e o deputado João Leite... Estão aqui os servidores administrativos da Sejusp, os servidores administrativos da Sejusp. Como é que foi o abono fardamento deles? A emenda é minha e do deputado João Leite. O deputado Hely Tarquínio acatou a nossa emenda, e o governo sancionou. Daí supriu o vício e acabou a história, Arnaldo. Eles estão recebendo o abono fardamento. Então, quando o governo quer, quando há sensibilidade... Agora, é óbvio que, primeiro, tem que aprovar aqui, não é, Arnaldo? Se não aprovar aqui, a gente não tem a chance de o governador sancionar e suprir o vício.

Quando o governador sancionar a matéria aprovada por nós, vai suprir o vício da iniciativa. É assim que acontece. Mas, no caso desta emenda específica, fica o Poder Executivo autorizado a conceder a revisão de 5,79%. É inflação, Arnaldo! É a inflação que ele não pagou, é a inflação prevista no inciso X do art. 37. É aquilo que ele prometeu. Não é possível! Não é possível que o governador... Ele pode falar quantas mentiras quiser e os deputados aqui endossarem.

O deputado Caporezzo (em aparte) – Obrigado, deputado Sargento Rodrigues. Bom dia a todos os colegas deputados estaduais. Nós precisamos mudar a forma de fazer política. E quem diz que veio para fazer uma política nova, o novo, a nova forma de fazer política deveria começar vinculando a sua palavra, as suas promessas de campanha à maneira de governar. É simplesmente revoltante. Ninguém obrigou o governador Romeu Zema, na época da eleição, agora em 2022, a falar que pagaria pelo menos a recomposição das perdas inflacionárias para todo o funcionalismo público. Ele prometeu e, se ele prometeu, ele tem que ser homem para cumprir. Ele tinha prometido, assim como eu também prometi que jamais iria votar aumento de impostos. Ele falou o quê? “Eu posso até diminuir imposto, mas, aumentar, nós não aumentamos.” Foi o que ele falou. Eu falei a mesma coisa. Cheguei aqui e fui assediado por pessoas do governo dizendo que eu precisava votar esse aumento. Eu falei: “Governador, se o senhor não tem palavra, eu tenho, e eu não vou votar isso jamais!”. Então, quem vem aqui e vota hoje pelo funcionalismo público está votando com o governador Romeu Zema da época da campanha, que é muito melhor do que o que está tocando o Estado agora. O mínimo que nós esperamos é esse reconhecimento, é o básico.

Agora, apresentamos uma proposta de recomposição horizontal das perdas inflacionárias para a segurança pública. O que seria? Pegar esses 4,62%, calcular o preço sobre o valor do salário do coronel – isso daria o valor de R$906,47 – e, então, direcionar para todos os outros: do tenente-coronel até o soldado; e a mesma coisa para a Polícia Penal, para a Polícia Civil, para o agente socioeducativo, para o bombeiro militar. Isso vai possibilitar a quem está na base, justamente a pessoa que mais está sofrendo porque não está tendo condições de cuidar da sua família, uma recomposição de 20,79%. Isso é tão pouco, Zema! Tenha palavra! Pare de obstruir! Isso aqui é totalmente factível.

Agora, vamos voltar novamente para essa questão do período eleitoral. Por qual motivo, no último ano do governo passado, do governo Zema, ele não aprovou a recomposição dele, que não é recomposição, é um aumento real, de quase 300%? Ele esperou passar a eleição e, após ser reeleito, no primeiro ano, foi lá e aprovou. Por quê? Porque tem estratégia, tem método, está bem? O método aqui é o seguinte: eu vou aprovar no primeiro ano. Eu já vou ter esse desgaste, mas eu já fui reeleito e não posso ser reeleito novamente e, até o final do meu mandato, tento recuperar a minha própria imagem depois de ter queimado o meu filme. Só que, para este deputado que fala aqui, para o deputado Sargento Rodrigues, dentro de uma porta fechada... Porque, antes de nós virmos aqui usar este microfone, a gente tentou o diálogo no tête-à-tête, conversando em reuniões. O que ele falou e a Luísa Barreto, que dizem ser pré-candidata a prefeita de Belo Horizonte... Difícil! Ela falou olhando nos nossos olhos: “Olha, nós gostaríamos de dar essa recomposição” – e a sugestão era que fosse feita em quatro anos, parcelada – “mas, se nós fizermos isso, nós não vamos ter condições de sustentar. Isso aqui é algo que não tem viabilidade”. Mas não demorou nem um mês, e eles aprovaram 300% para o governador e para ela mesma. Hipócrita! Tem que ter postura! Cadê a sua palavra?

Então, tudo o que eu peço aos meus pares é que ajudem não o governador Romeu Zema, mas, sim, o candidato a poder honrar o que ele prometeu na época de campanha sem ninguém obrigar. Prometeu na canalhice, prometeu sabendo que não ia cumprir. E nem para chegar, ter vergonha na cara, pegar o microfone e falar assim: “Esse é o meu mea-culpa, eu falei e acabou que eu me equivoquei”. Não! Ele simplesmente finge que nada aconteceu, com a cara mais lavada do mundo. Aqui, não, governador, aqui não! Da minha parte, eu vou fazer o meu papel e vou lhe ajudar a cumprir com a palavra que o senhor deveria ter. A direita vive em Minas Gerais! Obrigado.

O deputado Sargento Rodrigues – Obrigado, Caporezzo. Gente, 45 segundos só da fala do governador... Quem sabe o deputado João Magalhães, ouvindo mais uma vez, possa orientar a base do governo, porque é o compromisso do governador, viu, João Magalhães? Não é meu, não, é dele, ele que fez. Os deputados que estão lá no Salão Vermelho, os que estão lá na cantina e estão acompanhando a gente, porque há televisão para acompanhar nos dois lados, quem sabe também podem mudar de ideia, sabendo do compromisso? Eu vou pedir ao rapaz do som, já que o áudio aqui não fica muito legal, para deixá-lo um pouquinho mais alto. Espera aí, gente. (– Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.)

Deu para todo mundo ouvir, não é? Todo mundo ouviu claramente, todo mundo o ouviu falar que ele assumiu o compromisso. Todo mundo ouviu isso! Agora, será que os outros deputados vão ver esse vídeo? A gente manda no grupo e pede aos deputados para ouvir. O cara vai à televisão e fala que vai honrar a palavra dele: “É o meu compromisso, porque todo mundo tem inflação. Não é assim na Assembleia, no Judiciário?”. Então, gente, não é possível que o deputado vote contra quando o próprio governador falou assim: “Eu estou fazendo um compromisso”. Então, na prática, deputado Caporezzo, não era para retaliar a colega Chiara Biondini. Ao contrário, tinha que falar: “Não, ela está fazendo aquilo sobre o que eu fiz compromisso”.

Então, presidente, obviamente, eu jamais ia pedir, até com um assunto tão importante, mas quem sabe agora o deputado João Magalhães, ouvindo novamente o áudio do governador, possa se orientar.