Deputados cobram tratamento para usuários de crack em Muriaé
A reestruturação de comunidades terapêuticas e a ampliação de programa estadual são algumas das reivindicações feitas.
27/08/2013 - 14:00A implantação de um Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas); do serviço de Consultório de Rua; do Serviço Residencial Terapêutico e a reestruturação das comunidades terapêuticas na rede de atendimento aos dependentes. Essas foram as principais demandas contempladas por requerimentos durante audiência da Comissão de Prevenção e Combate ao uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada em Muriaé (Zona da Mata) nesta terça-feira (27/8/13).
Também foram feitos requerimentos para cobrar a ampliação das ações do programa estadual Aliança pela Vida na região e a implantação de câmeras do programa Olho Vivo. As demandas foram levantadas pela comunidade durante a reunião e contempladas em pedidos de providências ao governador, ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e às Secretarias de Estado de Saúde e de Defesa Social.
A presidente do Conselho Municipal de Políticas Antidrogas de Muriaé, Raquel Nunes de Paula, levantou a questão do Caps-AD na cidade, tendo em vista que a instalação do centro havia sido prevista anteriormente pelo Governo do Estado. “Em pesquisa recente, constatamos que 70% dos pacientes das comunidades terapêuticas da região são usuários de crack”, frisou.
O deputado Doutor Wilson Batista (PSD) enfatizou a importância de se ter o serviço de Consultório de Rua, já que as “cracolândias” estão espalhadas por Muriaé e o tratamento em clínicas pode chegar a R$ 1 mil, um custo dispendioso para as famílias. Ele também abordou o Serviço Residencial Terapêutico, voltado para a reinserção adequada dos dependentes.
O presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Brasil, pastor Wellington Vieira, reclamou da burocracia para que as comunidades terapêuticas tenham apoio financeiro do Estado. “São apenas 120 leitos em Muriaé que contam com apoio do governo. Queremos ajudar, mas estamos padecendo sem recursos. Já temos o reconhecimento do nosso trabalho pelo Estado. Mas queremos fazer, de fato, parte da rede de apoio às pessoas que tem morrido por não ter tratamento”.
Expansão do crack em Muriaé preocupa deputados
O prefeito de Muriaé, Aloísio Aquino, demonstrou preocupação com o aumento da quantidade de jovens consumindo crack, droga barata e, por consequência, mais acessível. “É a droga mais letal e cujo consumo tem nos preocupado mais”, afirmou.
O presidente da comissão, deputado Vanderlei Miranda (PMDB), enfatizou o fato de que 70% da massa carcerária brasileira atualmente tem algum tipo de envolvimento com as drogas. Ele ressaltou também a necessidade de ações do Governo Federal no que concerne a prevenção, tratamento e combate ao tráfico de drogas. Ele lembrou a atuação da comissão, dando destaque à 2ª Marcha contra o Crack e Outras Drogas realizada em Belo Horizonte no começo de agosto, que teve a participação de mais de 20 mil pessoas.
O deputado Bráulio Braz (PTB), autor do requerimento da reunião, também lembrou a atuação da comissão e ressaltou que, como Casa que representa o povo mineiro, a ALMG sempre fará o que estiver ao seu alcance para combater as drogas. “Para mim é muito importante estar aqui hoje, na minha cidade natal, tratando desse assunto tão importante”, enfatizou.
Trabalho em conjunto tem dado resultados
O comandante do 47º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Cláudio Nazário da Silva Machado, ressaltou que em Muriaé já têm sido feitos esforços no sentido de combater o tráfico, com resultados visíveis. Segundo ele, desde 2003 o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) existe na cidade, e também há o planejamento de um projeto piloto para tratamento na comunidade, em parceria do poder público com a iniciativa privada.
“Se compararmos a criminalidade relacionada a drogas em Muriaé em fevereiro deste ano com a taxa em fevereiro do ano passado, constatamos uma diminuição de 11,5%. Por isso, acredito que estamos indo por um bom caminho. Trabalhamos com os pilares da prevenção e repressão. Precisamos trabalhar também com o cuidado com os dependentes e a participação da comunidade”, afirmou.
O delegado regional de Polícia Civil de Muriaé, Rangel Maitino de Oliveira Paiva, também destacou a redução da criminalidade como consequência direta do trabalho integrado das polícias Civil e Militar. Ele explicou que a posição geográfica da cidade, que se encontra no entrocamento entre a MG-116 e a BR-356, é um fator dificultador do trabalho investigativo, tendo em vista ser uma rota de passagem de traficantes de drogas.