Sobre o Aleijadinho e o Barroco

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto, sendo  batizado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias em 26 de junho de  1737.

Era filho da preta forra Isabel e do construtor e carpinteiro português Manoel Francisco Lisboa (1697-1767), natural de São José de Odivelas, localidade pertencente ao  Arcebispado de Lisboa.

Aleijadinho foi iniciado no mundo das artes ainda criança, seguindo os ensinamentos do pai e dos tios Antônio Francisco Pombal (carpinteiro responsável pela construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto) e Francisco Antônio Lisboa (escultor  que deixou várias obras nas regiões de Santa Bárbara e Diamantina).

Aos vinte e cinco anos de idade, Antônio Francisco Lisboa já havia atingido a maturidade como mestre carpinteiro e passou a assumir obras de marcenaria, escultura e entalhe, liderando a própria oficina, que logo se tornou famosa na Capitania de Minas Gerais  em razão da grande qualidade artística e técnica, passando a ser requisitada para as obras mais importantes das mais exigentes irmandades religiosas.

Entre as suas obras primas estão os púlpitos, retábulo e portada da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto; púlpitos, coro, altares colaterais e imagens sacras para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Sabará; púlpitos, retábulo e imagens sacras para a Igreja da Fazenda Jaguara, em Matozinhos; e as imagens dos doze profetas e os passos  da paixão de Congonhas, estes últimos reconhecidos pela Unesco como patrimônio  cultural da humanidade.

Por volta de 1778, Antônio Francisco passou a apresentar os sintomas de uma grave e progressiva doença, que lhe causou deformidades na boca e olhos e fez com que ele  perdesse os dedos das mãos e dos pés, sendo necessário que seus escravos lhe atassem as ferramentas nos pulsos para que ele pudesse esculpir. Em razão da doença deformante  surgiu o epípeto Aleijadinho, pelo qual passou a ser conhecido.

Depois de dois anos acamado e padecendo de fortes dores na casa de sua nora Joana  Francisca de Aragão Correa, Antônio Francisco Lisboa faleceu em 18 de novembro de  1814, e foi sepultado em cova reservada à Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte,  no interior da Igreja Matriz de Antônio Dias.

O maior expoente da arte colonial brasileira morreu desprovido de riquezas materiais.  Seu imensurável legado foi deixado à humanidade e não pode ser medido em cifras.

Escrito por Marcos Paulo de Souza Miranda (Membro da Comissão Curadora do Bicentenário do Aleijadinho)

 

Dia do Barroco Mineiro

A Lei 20.470, de 2012, determina que, anualmente, em 18 de novembro, sejam realizadas atividades para preservar e valorizar o patrimônio vinculado ao Barroco Mineiro. A norma também institui 2014 como o Ano de Comemoração do Bicentenário de Aleijadinho, o maior expoente da arte colonial no Brasil.
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