OTTO ALEXANDRE LEVY REIS, Secretário de Estado de Planejamento e Gestão - MG
Discurso
Legislatura 19ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/07/2020
Página 32, Coluna 1
Evento Seminário Reforma da Previdência de Minas Gerais
Assunto ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL. EVENTO. PESSOAL. PREVIDÊNCIA SOCIAL.
Observação Reforma da Previdência 2020.
Proposições citadas PLC 46 de 2020
PEC 55 de 2020
25ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 13/7/2020
Palavras do Sr. Otto Alexandre Levy Reis
O Sr. Otto Alexandre Levy Reis - Obrigado, presidente. Bem, deixe-me responder pela ordem. Deputado Arlen, sobre as colocações que o senhor fez sobre a previdência complementar, ela foi instituída aqui no Estado de Minas no final de 2014 e regulamentada em 2015, e o fato é que a adesão a ela até o momento é muito baixa. Nós pretendemos efetivamente agora fazer um programa de esclarecimento e mesmo de revitalização do programa de previdência complementar. Como o senhor bem colocou, a administração Romeu Zema fez um esforço muito grande, haja vista que não entrou nenhum dinheiro extra do governo federal, e nesse período nós voltamos a pagar em dia o repasse aos municípios. Estamos pagando repasses feitos através de um acordo com o Tribunal de Justiça, cujo valor nos quatro primeiros meses deste ano era da ordem de R$300.000.000,00 mensais, de R$ 340.000.000,00 mensais, e agora é da ordem de R$200.000.000,00 mensais – isso se refere à administração passada. Tivemos que pagar os consignados; pagamos R$400.000.000,00 de dívidas do Ipsemg.
Aproveitando, quero já emendar a resposta ao deputado Carlos Pimenta, quando coloca que, realmente, a saúde do Ipsemg, quando assumimos... Realmente, aquilo não é questão de autarquia – e eu quero dizer que isso foi discutido com o sindicato do Ipsemg. Quando nós assumimos, todos os conveniados tinham cancelado o convênio com o Ipsemg – todos. Eu acho que hoje vivemos um momento em que o Ipsemg tem a maior rede de conveniados da sua história, porque nós a colocamos em dia, assim como fizemos com o IPSM. E vou dizer mais: até o final deste mês, nós vamos colocar leitos para Covid no hospital do IPSM. Eu acho que há décadas não existia investimento no hospital, e isso vai acontecer agora. Mas como isso foi possível ser feito? Com administração, com redução de custo. Reduzimos custo com pessoal ativo, com contratos com terceiros, com contratos de compras – nós já reduzimos contratos na área de compras em mais de R$1.000.000.000,00. Quero dar um exemplo aqui aos senhores só para mostrar que, com a reforma da Previdência, nós não estamos jogando nas costas de ninguém o ajuste do Estado; nós estamos ajustando em tudo, em todas as pontas, só que realmente a Previdência de Minas, para garantir o direito, porque só direito sem sustentação não significa nada...
Então, para que o servidor tenha efetivamente a garantia do seu direito no futuro, é preciso sustentabilidade financeira. Deixe-me dar um exemplo para vocês: foi feito um contrato de aluguel de carros que agora vai vencer, e nós faremos nova licitação, um contrato de aluguel de carros da Polícia Militar. Esse contrato foi feito em 2016. Sabem qual é o valor médio que a Polícia Militar paga por esse aluguel? Ela paga R$6.500,00. Sabem quanto o Pará paga pelo mesmo aluguel? O Estado do Pará paga R$2.500,00. Sabem qual é o valor do contrato? São R$589.000.000,00. Façam a diferença aí, vejam quanto daria para economizar. Então, deputado Arlen, é assim que, até o momento, nós economizamos. Só que o buraco nas contas de Minas é tão grande que só isso não é o suficiente. E, graças a Deus, as pessoas estão vivendo mais. Então, eu tenho tranquilidade de dizer ao servidor que eu não estou procurando culpado na reforma da Previdência, eu estou procurando é solução para garantir a sustentabilidade do sistema.
Com relação às colocações do deputado André Quintão, vamos lá. Então, deputado, volto a dizer: não é intenção do governo colocar interesse do servidor versus interesse da sociedade. O Estado tem um problema financeiro que hoje não garante nem o interesse do servidor nem o interesse da sociedade. A gente não consegue fazer nada, nem pagar o servidor em dia, que é direito dele, nem fazer as coisas que a sociedade merece e pela qual ela paga. Lamentavelmente, Srs. Deputados, eu gostaria muito que talão de cheques em branco fizesse a pessoa ficar mais rica, porque assim eu pediria uns 20 no meu banco e ficaria mais rico, mas não é isso que acontece. A gente precisa ter dinheiro na conta, e o Estado de Minas não tem dinheiro na conta.
Com relação às isenções fiscais, Minas é o Estado no Sudeste que tem menor taxa de isenção fiscal, mas, para nós, também, não há vaca sagrada. Eu tenho certeza de que a Secretaria da Fazenda mede, e aquela isenção que não traz mais impostos, mais empregos, quando vence, é revista.
Com relação à reforma tributária e até sobre a Lei Kandir, quero dizer para o senhor que eu também sou a favor de colocar ICMS nas exportações de minério, mas essa é uma questão federal.
Com relação ao acordo da Vale, vamos lá. Vamos comparar, porque infelizmente Minas já teve dois acidentes: um em 2015 e outro em 2019. Para o acidente de Mariana, em 2015 – e eu não estou falando da reparação aos atingidos diretamente, estou falando da reparação que o Estado deve ter, que a sociedade como um todo deve ter –, nós só conseguimos a reparação agora, cinco anos depois, por uma intervenção séria e severa do governo Romeu Zema. É importante dizer que o governador Romeu Zema, em momento algum, foi à sede da Vale dar entrevista – o que aconteceu no governo passado. E, com relação à Vale, embora o acordo não esteja fechado, nós já lhe tiramos R$1.500.000.000,00. E o que nós já negociamos no acordo de Mariana são R$650.000.000,00, inclusive a construção do Hospital Regional de Governador Valadares. Então, o acordo da Vale, que ainda não está fechado, já é o dobro do que conseguimos para o acordo do acidente da Samarco.
Finalmente, volto a dizer para o servidor: essa discussão da reforma não é uma questão de culpa nem de responsabilidade, é uma questão de sustentabilidade. Nós estamos pedindo isso para que os senhores tenham no futuro a tranquilidade de receber a sua aposentadoria. Volto a dizer: a verdade dos números é incontornável; ela sempre vai prevalecer, seja de direita, seja de esquerda, seja de centro, seja de cima, seja de baixo; dois mais dois são quatro aqui, na Lua, em Júpiter, independentemente da gravidade. Quem prometer coisa diferente disso, coisa que a matemática não fecha, está querendo enganar vocês, servidores. Obrigado.
O presidente – Muito bem. Dando sequência ao nosso próximo bloco de intervenções dos nossos parlamentares, a próxima inscrita é a deputada Marília Campos. Com a palavra, para seus questionamentos, a deputada Marília Campos.