DEPUTADO CRISTIANO SILVEIRA (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/02/2025
Página 33, Coluna 1
Indexação
6ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 18/2/2025
Palavras do deputado Cristiano Silveira
O deputado Cristiano Silveira – Sra. Presidenta, novos colegas, público que nos acompanha nesta tarde de hoje. Presidenta, eu queria, primeiro, falar sobre coisas que chamam muito a minha atenção. Falo da postura política de alguns políticos da direita no nosso país. Quero começar pelo próprio Jair Bolsonaro. Jair Bolsonaro agora inicia uma peregrinação ao Senado, implorando para que o Congresso Nacional aprove um projeto de anistia para anistiar aqueles que tentaram destruir a sede dos Três Poderes, quebraram patrimônio público, rasgaram e até defecaram dentro dos espaços da República e entendiam que um golpe cabia naquele momento, para tentar reverter o resultado democrático das eleições, que trouxe de volta o presidente Lula.
Quando o presidente Lula sofreu a perseguição que sofreu, ele dizia o seguinte: “Não troco a minha liberdade pela minha dignidade”. Diziam para ele: “Faça o acordo, presidente. Faça uma delação. Fuja para uma embaixada, qualquer coisa nesse sentido”. Ele falou: “Não. Não troco a minha liberdade pela minha dignidade”. Em nenhum momento, nós vimos o presidente Lula pedir clemência nem anistia para que pudesse ser liberto. Ele esteve lá, de cabeça erguida, com a coragem que falta a este que… Eles são bravateiros, não é? Eles falam que são fortes, falam que são até violentos, muitas vezes. Eles são até violentos. E aí, quando aperta um pouquinho, eles espanam. Eles não dão conta. Eles tremem nas bases, porque sabem que o tique-taque dele está rodando. O tique-taque está rodando. Essa quantidade de processo a que ele responde… E não é só essa perfumaria de andar sem capacete, não. Daqui a pouco, falo para vocês do que mais estamos falando aqui.
Inclusive, houve atentado contra a democracia, o que é crime. “Ah, mas não houve golpe”. É evidente que não houve golpe. O crime previsto na Constituição, na legislação, não é o crime do golpe, porque, se houver golpe, não há mais legislação, não há mais justiça. O Estado democrático foi para o saco. Então a tentativa é o crime em si. E, sim, participou, incentivou, entusiasmou, financiou e esteve presente nessa atitude. E aí, como está na condição de inelegível e sabe que a justiça está chegando próximo de ser feita, ele agora vai lá peregrinar e pedir, pelo amor de Deus, para ter anistia. Inclusive, ele chegou a dizer: “Ah, seria tão importante para o presidente Lula apoiar a ideia da anistia para poder unificar o País”. Covarde, ele é um grande covarde.
Nós vimos o Lula perder neto na cadeia. Nós vimos o Lula perder irmão. E diziam o seguinte: “O Lula não pode ir lá ver o irmão, não. Tem que trazer o corpo para ser velado por ele, dentro da sede da Polícia Federal”. Nós o vimos preso por mais de 500 dias. Em nenhum momento, fraquejou, pedindo pelo amor de Deus para aprovar uma anistia para livrá-lo. Ele disse: “Vou enfrentar”. Ele teve perdas irrecuperáveis, mas enfrentou. Hoje, está de volta à presidência da República, naquilo que é seu direito. E isso não é favor, não é conchavo, não é acordo, não é entendimento nem acerto político. Essa é a diferença dos políticos bravateiros – não todos, mas muitos da direita –, corajosos, capitães, revolucionários. Mas, na hora em que aperta, minha gente, vou dizer para vocês!
Estão dizendo o seguinte: “São questões menores que implicam a vida de Jair Bolsonaro”. Vamos lembrar algumas coisas. Em qual governo um avião presidencial, na comitiva presidencial, foi pego com toneladas de cocaína? Não foi no governo do PT. Em qual momento nós vimos o grande escândalo da chamada “rachadinha” envolvendo a família Bolsonaro, envolvendo o Queiroz, envolvendo o Flávio Bolsonaro e o próprio Jair Bolsonaro? Porque tudo teria começado com ele. Ou o milagre de ter a loja de chocolate que mais vendeu no País com dinheiro em espécie é algo natural? Ou ter mais de 30 imóveis, a maioria adquirido com dinheiro em espécie, é algo natural? Um dos maiores esquema de peculato da história do nosso país envolveu a família Bolsonaro! Quando a gente fala de crime organizado, imaginem uma família organizada! É essa.
Em qual governo ocorreu a propina no MEC para a liberação de verbas e recursos do Ministério da Educação? Em qual governo ocorreu o pedido de US$1,00 por vacina à época da pandemia para que se pudessem adquirir as vacinas. Em qual governo aconteceu contrabando de madeira ilegal no Ministério do Meio Ambiente, ou seja, daquele ministro muito lembrado pelo “vamos aproveitar a pandemia para passar a boiada”? Isso foi em qual governo? Em qual governo houve barras de ouro, que citei aqui, no Ministério da Educação? Na verdade, era isto: barra de ouro, propina em ouro. Gostam de dizer que um assessor de um deputado foi pego com dinheiro na cueca. O nível agora da corrupção aumentou; é barra de ouro. A sofisticação chegou agora a níveis inimagináveis. Em qual governo? E o superfaturamento dos equipamentos agrícolas e de ônibus escolares foi em qual governo?
Então, gente, a direita não tem moral para subir aqui e fazer qualquer tipo de acusação de casos que estão passíveis ainda de apuração de investigação para acusar quem quer que seja. Moral nenhuma! Moral zero, absolutamente zero! Mas sabemos que coerência e lógica nunca foram o forte deles. A gente fala muito que boa parte dos bolsonaristas tem uma disruptura cognitiva entre o que é a realidade dos fatos e o que é o fato em si. Há uma distorção da realidade a bel-prazer. Nos grupos de WhatsApp, é dito o seguinte: “Olha, você da direita que está no nosso grupo não assista a telejornal, não assista à televisão, não escute rádio, não leia jornais, não consuma informação de sites de notícia. Esta é a única fonte de informação verdadeira que você pode consumir – os grupos de WhatsApp das tias do Zap”. E ali a Terra ficou plana, ali se canta o Hino Nacional para pneu, ali se levanta celular para o alto para chamar ET para salvar, ali se grita na beira dos quartéis. E aí vira uma loucura. A gente chama isso de disruptura cognitiva de onde a realidade se distancia. O bolsonarista é engraçado, porque, se o Bolsonaro diz alguma coisa, o bolsonarista o chama de mito, mito, mito. Se amanhã o Bolsonaro fala “olha, não é mais isso, ou seja, não vamos fazer mais isso”, ele grita: “Mito, mito, mito”. E, se ele volta atrás de novo: “Mito, mito, mito”. Ocorreu um caso parecido à época da exoneração de um servidor. O servidor envolvido em esquema foi exonerado; e, depois, nomeado e exonerado novamente. Em cada uma dessas situações era mito, mito, mito. Então é uma disruptura cognitiva completa.
Bem, eu queria encerrar, então, nesse sentido, para poder responder a algumas questões que foram apresentadas. Só para fechar essa parte para quem está acompanhando o raciocínio, a disruptura cognitiva também afeta políticos do nosso estado que, hoje, estão nos representando em Brasília. Vou dar dois exemplos. Um deles é o senador Cleitinho. O senador Cleitinho vai às redes sociais e diz o seguinte: “Olha, a situação do preço dos alimentos neste país está absurda”. Mas se você verificar o voto do senador Cleitinho, quando o governo propôs isentar os alimentos da cesta básica de impostos, verá que ele votou contra; ele vota contra isentar a cesta básica de imposto, mas vai para a internet reclamar do preço dos alimentos. Disruptura cognitiva! Outro exemplo: deputado Nikolas. O deputado Nikolas também reclama e diz que, no Brasil, é difícil viver com um salário mínimo no valor em que está. Só que, quando o governo propõe um aumento do salário mínimo, ele vota contra.
Gente, as pessoas têm que parar para analisar isso. O cidadão tem que ter mais consciência crítica, tem que exigir que os raciocínios sejam lógicos. Por mais que às vezes você não goste de um político “a” ou prefira um político “b”, você tem que exigir de ambos que o seu raciocínio, que a sua postura seja lógica. E, quando eu falo que o alimento está caro e voto contra a retirada do imposto do alimento, isso não é lógico, não é coerente. O mesmo acontece quando eu faço isso com o salário mínimo. Não é lógico, não é coerente. Ou basta ficar da forma como está, porque isso se tornou uma grande partida de futebol? Não importa o que está sendo dito; importa é quem está dizendo. E não importa o que estão dizendo, importa é porque é da minha preferência. E seja o maior absurdo que for, eu prefiro continuar tendo a minha postura de torcedor. Vamos entender: cidadão não pode ser torcedor, porque as medidas e ações que cada político toma e adota impactam a vida do conjunto da sociedade. É preciso ter responsabilidade. Então eu chamo os políticos da direita do nosso país e também do Estado de Minas Gerais à coerência. Sejam críticos, mas com coerência. Façam suas denúncias, mas com coerência. Até o momento, há completa ausência de coerência e de raciocínio lógico dentro dessa postura.
Bem, eu quero trazer aqui outro assunto, que também está na pauta, na ordem do dia. Quero falar de mais uma grande conquista do governador Romeu Zema para o povo de Minas Gerais, de mais uma grande ação desse governo do povo, que é o governador Romeu Zema, esse homem simples que chupa manga, esse homem simples que come banana com casca, esse homem simples que quer disputar com uma ave que se chama jacu quem vai comer a manga no pé, na horta da casa dele. O grande presente, deputada Leninha, é que foi publicado o edital de concessão de pedágio aqui na região metropolitana. Para você, que mora na região metropolitana, que mora em Lagoa Santa, que mora em Vespasiano, que mora em São José da Lapa, que mora em Pedro Leopoldo, que mora em uma dessas cidades e trabalha em Belo Horizonte ou vice-versa, que precisa ir até o aeroporto, que quer fazer o seu passeio de turismo na Serra do Cipó, eu tenho uma grande notícia: o governador Zema está presenteando essa população com várias praças de pedágio em trechos pequenos. Eu já vi praça de pedágio a cada 50km. Uma das praças de pedágio do Zema vai ficar em torno de 3,5km de distância de outra praça, para você pagar pedágio. O governador Zema, que gosta de dar incentivo fiscal para os amigos bilionários; o governador Zema, que gosta de se lambuzar com as benesses do Estado, aumentando o próprio salário em 300%, de dar banquetes de luxo aqui na Assembleia; o governador Zema, que aumentou o ICMS do celular, de que muita gente precisa para trabalhar – vocês se lembram de que isso foi votado aqui, na Assembleia? –; o governador Zema, que aumentou o ICMS de produtos importados, inclusive das blusinhas; o governador Zema, que agora teve aumento do ICMS e dos impostos, traz o quarto grande presente num espaço de tempo tão pequenininho, que é o edital dos pedágios para o povo de Minas Gerais. É fantástica a capacidade que esse homem tem para fazer “bondade”, entre aspas – contém ironia esta fala, viu? É impressionante a quantidade de bondade que esse homem consegue fazer para o povo de Minas Gerais. E há muita gente que ainda aplaude e diz: “Nossa, que homem simples, que governador bom!”. Gente, para! Ele aperta o torniquete nos mais pobres, no trabalhador, porque quem vai pagar essa conta é o trabalhador. Ele, por exemplo, não vai passar no pedágio, não; deve ir de helicóptero para a Cidade Administrativa, sobrevoando. Agora, quem vai usar o transporte coletivo vai pagar, porque isso vai ser depois inserido e embutido no custo final da tarifa; quem vai transitar com o seu próprio veículo vai pagar; o motorista do aplicativo e o cidadão vão pagar, já que o motorista vai incluir a despesa ou ele mesmo vai ter que assumi-la. Olha que beleza, que presentão para o povo de Minas Gerais e para o povo da região metropolitana: pedágio, minha gente! São várias praças, uma porrada de praças de pedágio pipocando em toda a região metropolitana, daqui para Vespasiano, para Confins, para Lagoa Santa, para Pedro Leopoldo, para São José da Lapa, enfim, para toda a região metropolitana. Aí eu acho que a Assembleia precisa se levantar. Inclusive eu estou propondo aqui, na Casa, na Comissão de Assuntos Municipais, a realização de uma audiência pública para fazer esse debate. Eu vou pedir ao corpo jurídico que assiste o nosso mandato que faça uma avaliação desse edital, porque nós queremos ver se ele cumpre as questões essenciais da legalidade.
Temos que achar alguma coisa ali, porque não é possível que permitamos que o povo mineiro pague de novo uma conta alta pelas bobagens feitas pelo governo do Estado, pelo governador Romeu Zema. Então, amigo, amiga da região metropolitana que acompanha, que admira Romeu Zema: saiba que você vai pagar a conta de pedágio na região metropolitana. Repito: haverá praças que estarão a menos de 4km umas das outras.
Então, presidenta, essas são as minhas palavras. Quero dizer que o nosso mandato estará aqui, somando esforços com os demais colegas da nossa bancada, para impedir mais esse crime, essa covardia que esse governador quer cometer contra o povo de Minas Gerais. Obrigado.