Pronunciamentos

DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)

Discurso

Critica a atuação do governador Zema e sua atitude com relação aos servidores do Estado. Destaca a inexistência de políticas públicas que possam beneficiar as pessoas que vivem no Estado e a dilapidação de empresas públicas. Propõe reflexão em torno do Dia Mundial do Meio Ambiente, ressaltando a questão das mineradoras.
Reunião 15ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/06/2024
Página 29, Coluna 1
Aparteante GUSTAVO SANTANA
Indexação
Proposições citadas PL 2309 de 2024

15ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 6/6/2024

Palavras do deputado Leleco Pimentel

O deputado Leleco Pimentel – Quem dera eu pudesse trazer o violão aqui, hoje, porque a gente encontra nas músicas muita síntese do que está acontecendo na política. Por isso, os gritos de guerra que se somam aos gritos que estão presos na garganta me lembram daquele que se intitulou e tem o nosso respeito, porque quis ser mineiro, o poeta Gonzaguinha. É verdade que o que estamos tratando aqui, hoje, é sobre a vida. Muitos, que não sabem que a manutenção da vida se dá numa sociedade moderna, trocando a força de trabalho, que também inclui os pensamentos intelectuais, pelo salário, para que a gente coloque comida na mesa, para que a gente dê sustento à família, não saberão porque nós estamos lutando por um aumento justo e digno e que, neste caso, seja responsável por corrigir as perdas inflacionárias que já se acumulam. E nós estamos aqui restritos aos anos de 2022 e 2023. Que são 76%, alguém aqui me diz. Para um professor de história, eu não duvido dos números; e tenho certeza que a terra é redonda. Mas, infelizmente, parece que alguns terraplanistas assumiram o cargo de governo, negando a política, intitulando-se de novo.

É por essa razão que a política é, para nós, o grande instrumento de transformação inventado pela humanidade. Quando ele sai do indivíduo e vai ao outro, ele faz política. E não é negando a política, estando num cargo eletivo, num cargo em que o povo elegeu, que você consegue responder aos anseios de um povo. Mas é verdade também que Zema fez uma opção pelos ricos. Zema fez uma opção por entregar o Estado inteiro no bolso dos ricos e devolver o Estado mínimo para os servidores, para os pobres e para aqueles que mais precisam do Estado. E esta é a razão de entendermos a inversão que Zema faz daquilo que, para nós, é a formação política. É por isso que tanta gente se envereda, para poder obter em cargos públicos, lucros pessoais. É assim que Zema estabeleceu a sua vida. Eu tenho notícia que aquelas lojas mequetrefes do Zema estão fechando as portas. Outro dia, tive notícia que lá, na terra do querido Professor Cleiton, aquela loja mequetrefe do Zema fechou as portas. Lá, em Varginha, não tem mais loja do Zema. Não é isso, Professor Cleiton?

A gente só fica com dó de saber quanto era o salário que recebiam os servidores que ficaram desempregados. Provavelmente estão recebendo salários de miséria, porque ele aplicou a mesma regra de exploração no Estado. Em que pese a gente ter a dignidade de entender que as carreiras, o servidor público, que além do estudo passou por um concurso, e até aqueles que hoje são terceirizados – porque esta é a política que Zema implementa – estão sendo tratados como ele trata os funcionários das lojas mequetrefes em que ele vende eletrodoméstico já estragado, ultrapassado... O Zema é a cara do capitalismo inacabado, inconsequente, que tomou conta do Estado e infelizmente tomou conta da gente. Essa é a razão de a gente ter a oportunidade de dialogar com servidores públicos, de dialogar com professores, com servidores da segurança pública. É importante a gente nunca negar a política, porque, quando a gente nega a política, quem a ocupa nega a gente.

A metáfora do frei Beto é muito importante neste momento. O Brasil ultrapassou a barreira e o limite da violência na política. Cuspiram, escarraram nos políticos. E, aí, quem mais se aproveitou disso hoje fica fingindo lavar vasilhas, fazendo videozinho, dizendo que não ia ocupar o Palácio da Mangabeira, que era só despesa, mas a despesa continuou. Ele continuou a fingir, lavando louça, fingindo de bom moço, vestindo uma camisazinha que parece também para servir as suas lojinhas mequetrefes, e continua com essa cara de bobo. Aí, debaixo da sua foto, companheiro – não é você – debaixo dos seus braços, está aí o maior exemplo de um cara que acha que o povo mineiro é bobo. O Zema é um cara de ovo que acha que o povo mineiro é bobo. Eu estou olhando para a cara dele aí e infelizmente não dá vontade de sorrir. O que a gente tem tido, de fato, e como fiz aqui, na intervenção, um pouco antes... Deputada Beatriz, deputada Lohanna, deputado Ulysses, deputado Tadeu, deputado Lucas, deputado Cleiton, estamos no Plenário, neste momento. Eu queria, primeiro, dizer para quem está aí na TV, para quem está aqui: o Bloco Democracia e Luta está todo aqui. Nós dizemos, o tempo inteiro: a gente não tem medo de enfrentar este debate, porque quem perdeu, na política, quem perdeu o tempo, e perdeu, com certeza, o eleitorado, que era enganado, foi o Zema.

Quem está saindo perdendo nessa história, além de nós? Porque, se eu comparo aqui o salário dos professores com essa tabela que está nas nossas mãos, deputada Beatriz, vejo que uma professora, mestre, com 40 horas... recebe R$3.228,00... com 22 anos na Universidade do Estado de Minas Gerais. E especialistas recebem R$957,00.

Quando a gente aplica a regra que era de 3,62%, quando a gente vê o aumento que vai haver no Ipsemg e, no caso dos policiais, no fundo de pensão militar, vemos que os servidores não vão receber nada, meu filho. Eles vão é pagar! Então a coisa é mais injusta. É por isso que nós temos que utilizar o tempo de fala para que a TV Assembleia, que está ao vivo neste momento, para que os deputados da base que devem estar aí pelos corredores, outros já foram para não sei onde, porque não dão conta de contar essa história para os eleitores...

É verdade que a deputada Chiara hoje foi saudada por muitos porque resolveu colocar a cara de fora e votar contra esse absurdo e essa miséria, mas não quer dizer que ela saiu da base. Quer dizer que a violência política de mandar recado demitindo pessoas, e me desculpem, pois, como não tenho relação de cargo com o governo, não entendo muito essas coisas. Quando a gente viu o caso da deputada Chiara aqui hoje, nós começamos a entender que o Zema não entende de política, mas entende de violência política. Ele entende de vender eletrodoméstico, mas não entende nada de estatal. Então o Zema, para nós, está aplicando um conhecimento raso, superficial e leviano, em que a coisa é muito mais profunda e exige de nós um cuidado maior, porque a coisa pública não pode ser misturada e ser uma extensão do umbigo ou da coisa privada daquele que não consegue pensar para além dos negócios. O Estado de Minas, na concepção do que vivemos, é um grande negócio.

Quando você não tem uma política de moradia estabelecida, porque eu quero lembrar que Zema, além de destruir a Cohab, desmanchou a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana, não construiu uma casa sequer, mas colocou os terrenos que os prefeitos doaram, aliás as prefeituras doaram à Cohab, para serem vendidos. Terras públicas sendo vendidas. A gente vê quase todo dia aqui no Plenário o Estado sendo dilapidado. Aquilo que poderia servir à reforma agrária, que poderia servir à reforma urbana pelo direito à cidade está sendo vendido para empresários que lucram sem dar sequer função social a essas propriedades. Quando a gente vai avolumando as denúncias e a forma de governo, deputada Lohanna, a gente vai compreendendo que, quando o Estado se transforma num grande lugar de vender utensílios, ele vai transformando política pública em negócio.

A água. Estamos em curso, no Estado de Minas Gerais, com uma política atrasada que nem o capital internacional. Aqueles que estavam lá na Europa já estão fazendo a reversão do saneamento para que a coisa pública esteja no controle social, naquilo que é considerado também fiscalização da coisa pública. No entanto, aqui em Minas Gerais, o Zema está incentivando esses prefeitos violentos – como é o caso do prefeito de Ipatinga, como é o caso do de Valadares, como é o caso de todas as prefeituras cujos prefeitos dão apoio a Zema – a privatizarem o saneamento, e o povo pagar uma conta de água cara, sem ter água e, pior, uma água que não tem qualidade. Essa é a política para o saneamento. É esse o indutor de políticas que deseja o Zema.

Por essa razão, a gente vai também trazendo outras questões que são tão graves quanto essa da privatização. A gente trouxe um debate há pouco tempo, e vamos continuar com ele, sobre a privatização das companhias públicas, como é o caso da Copasa e da Cemig. Aqui bem lembrou o Professor Cleiton, quando chamou atenção que até para colocar barragem que está em risco de rompimento sob a tutela de uma Cemig que hoje está de joelhos para um governador que já vendeu o lítio três, quatro, cinco vezes... Um dia foi lá no Rio de Janeiro e exportou um contêiner cheio de lítio; no outro dia, foi lá para os Estados Unidos vender o mesmo lítio; e depois fugiu daqui do debate, como tem fugido das cidades. Não foi em Ipatinga, outro dia não foi em Patrocínio. Ele começou a vender tudo, igual àquele povo que vende lote na lua. Ele está vendendo o lítio duas, três, quatro vezes.

Tudo isso por quê? Nós temos, em Minas Gerais, empresas públicas que foram dilapidadas, destruídas do ponto de vista do seu patrimônio, do ponto de vista da sua gestão, para que Zema empreenda a privatização da Cemig e Copasa. Por isso o plebiscito que também foi uma consulta nas comunidades foi tão importante para a gente saber como é que o nosso povo pensa. Queria lembrar que ele quer ainda tirar desta Assembleia Legislativa essa importante votação, que precisa ter 2/3 dos deputados para que tire do gatilho essa consulta pública no caso da privatização de empresas.

Então, do ponto de vista político, Zema é um arraso, é um atraso, é uma tristeza. Do ponto de vista administrativo, disse também aqui o Professor Cleiton, que há 2.400 a.C, somada à era cristã, o Zema não consegue nem manter elevador para os servidores da Cidade Administrativa. O Zema – concluo – é um atraso de mais de 4.000 anos na mentalidade política da humanidade.

Infelizmente foi o governador eleito, reeleito, no 1º turno, com uma votação que nos chamou muito a atenção. É muito objetivo a gente pensar que, nestas eleições de 2024, prefeitos corruptos, prefeitos que praticam a política do negacionismo do Zema, que negam a política, devam ser derrotados nas urnas, para que a gente não tenha apoio dessa gente para um governador biônico, fictício e canalha.

Eu peço também para que a gente possa agora tratar de outros temas importantes e ocupar este espaço com todo o cuidado, para que a gente tenha aqui um debate amplo sobre o que está acontecendo em Minas Gerais. Primeiro agradeço aos que aqui estão, no Plenário, deputados e deputadas que aqui estão no revezamento, que não arredam pé de promover um debate que é, para nós, salutar neste momento político. E aqui também, nas galerias, tem gente que está sem se alimentar, que não tomou o café da manhã, mas que vai garantindo também a sua segurança alimentar permanecendo aqui. E vamos ficar até às 8 ou às 10 horas da noite, se for preciso. Nós vamos manter a nossa coerência enquanto Bloco Democracia e Luta, para que a gente possa avançar no debate e desmascarar de vez esse governador.

Nós também temos hoje uma grande reflexão a fazer em relação ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho, ontem. Para nós, o que há, em curso, em Minas Gerais é um projeto de desmonte das comunidades, de ameaça, o que, para nós, é motivo de muita preocupação. Para além das barragens, que hoje estão com o discurso de que estão fazendo exploração a seco, nós estamos encontrando, nas nossas comunidades, exatamente essa ameaça, como na comunidade de Conceição do Mato Dentro, que já foi deslocada duas vezes exatamente por conta da falta da água, porque a mineração retira a água, rebaixa o lençol freático, retira a nascente, retira a possibilidade de vida no território. Por essa razão, aquelas comunidades, no caso, a de Conceição do Mato Dentro, já foram realocadas mais de uma vez e agora estão sob ameaça de terem que sair desse território por conta dessa política, infelizmente.

A gente também tem que trazer a denúncia: o Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Alexandre Silveira, continua também a passar a mão na cabeça das mineradoras. Não é só o governo Zema, mas também uma política do ministro Alexandre Silveira, que, infelizmente, está em curso, colocando as mineradoras acima dos interesses das comunidades e do povo mais pobre de Minas Gerais. Nós denunciamos e repudiamos um ministro que reproduz, no governo Lula, o mesmo que faz Zema em Minas Gerais. Nosso repúdio ao ministro Alexandre Silveira, e que Lula saiba que não se pode colocar gente irresponsável, que pensa no lucro acima da vida à frente de um ministério tão importante. Esse é o motivo de a gente também não deixar de lado a nossa coerência e colocar o dedo nessa ferida.

E aqui as mineradoras já vão chegando com seus representantes. Já chegou um, e vai chegar outro. Vai chegar e falar que os óculos dele são a mineradora, que a aliança que está no seu dedo... O outro fala que o jeans precisa da máquina de tear. É assim. E então a gente quer dizer para o Gustavo que nós sabemos que toda a riqueza foi constituída de modo natural para que a gente fizesse uso racional. Por que comunidades buscavam no rio apenas o peixe que comiam? Por que os ensinamentos para a sobrevivência humana estão sendo deixados de lado, quando a mudança climática já demonstrou que é irreversível essa situação? Então eu dialogo com o diferente, e diferentemente de Zema, que quer a morte daqueles que não querem votar com ele, concedo essa aparte ao querido deputado Gustavo Santana.

O deputado Gustavo Santana (em aparte) – Deputado, obrigado pelo aparte. Deputado Leleco Pimentel, nossa presidente Leninha, senhoras e senhores deputados, eu tenho a honra, deputado, de ser representante, sim, das mineradoras na Assembleia Legislativa, porque as mineradoras fazem um trabalho sério. E se houvesse mais mineradoras trabalhando no Estado, teríamos mais recursos nos cofres públicos para dar dignidade aos nossos servidores públicos.

O deputado Leleco Pimentel – Deputado Gustavo, agradeço a V. Exa. por dar uma animada no nosso povo aqui, porque parece que meu discurso já estava ficando até um pouco esquecido. E por esta razão, eu até gostaria de debater com V. Exa. por mais alguns minutos, porque isso... Pessoal... Pessoal, nós estamos aqui diante de um debate na Casa do povo. É na Assembleia Legislativa que é importante a gente ver quais são os conflitos de interesses que estão aqui. Quando vocês ouvem o debate da mineração, ficam pensando: “Do que esse deputado está falando?”. E aí vocês veem o porquê as pessoas votam no projeto de lei do Zema. É porque ele mantém os privilégios, é porque ele mantém os interesses daqueles que são o poder econômico. Então, vejam só: o deputado Gustavo Santana, que me fez esse aparte, merece toda a minha dedicação para eu dizer o quanto penso contrariamente ao que ele disse. Sabem por quê? Nós estamos em um Estado dilapidado, e hoje estou vendo a discrepância que tem causado a mineração, que não paga imposto, porque a mineração não paga imposto, paga apenas os royalties daquela produção que vai embora: o minério, o ouro, a água. Eu quero ver o dia em que vamos escutar as pessoas virem a este Plenário para dizer: “Não precisava de a gente ter acabado com esse minério e ter acabado com essas comunidades, porque hoje o minério foi embora – porque é uma safra só – e não ficou nem gente nem história”. É essa a razão para a gente vir a este Plenário denunciar todos os dias que agrotóxico, agronegócio, mineração, corrupção e poluição estão num bojo só, e é no bojo do Zema! É no bojo do Zema que isso tudo está!

Para dialogar com as nossas comunidades, é que nós, que recorremos aqui à letra do Gonzaguinha no início desta fala, perguntávamos: “Como é e quanto é para se viver?” Porque o que nós estamos tratando enquanto alimento e subsídio para o nosso transporte, para a nossa sobrevivência e a sobrevivência da nossa família, aqueles que estão no governo estão tratando de cifras escandalosamente maiores. Ou vocês estão se enganando e achando que o Zema só busca lá no governo o que ele tem na despensa para comer? E vocês se enganam achando que Zema come é pão de queijo mesmo? Ninguém aqui se engana. Ele está enchendo a mesa de muita gente aí de caviar. Muita gente aí, infelizmente, não está conseguindo nem andar com os carros deles pelas ruas de tanto problema de trânsito. Estão nos helicópteros, estão andando de aviãozinho, de jatinho particular. Esses são os que comandam com a alta sensibilidade o pequeno salário da grande massa de trabalhadores. E é imoral, além de injusto, antiético, desumano, um processo de debate em que as pessoas têm que suplicar pela esmola de um salário. Vai à mídia dizer que aumentou em 1% enquanto ele aumentou o dele mesmo em 300% aqui, nesta Casa. É uma covardia! Alguém disse aqui que o salário dele estava tão baixo que justificou aumentá-lo em 300%. Vocês se lembram de que, quando o Zema entrou no governo há seis anos atrás, ele disse que era rico, que as suas lojas mequetrefes sustentavam o bolso dele. Então por que ele aumentou em 300%? Por que as lojas quebraram? Ou por que ele, agora, não tem mais como sustentar esse discurso hipócrita, populista, demagogo? Que o povo, agora, pelo amor de Deus, pare de reproduzir fake news, porque a fake news elegeu aquele fascista inelegível, assim como reelegeu, em Minas, esse desgoverno, esse pinóquio chamado Zema.

Vocês estão percebendo também que, se fosse em outro tempo, só de eu xingar o Zema aqui com algumas palavras um pouco mais fortes, já haveria gente pedindo artigo não sei quanto. Comissão de Ética. Acabou, foi tudo para as cucuias. Eu quero ver o deputado que vai aqui me pedir agora Comissão de Ética porque estou falando o que todo mundo sabe.

Então ontem a gente assistiu a cenas de barbárie e de violência física entre deputados. Inclusive, isso acometeu a nossa Luiza Erundina, que, com quase 90 anos, foi agredida na Comissão de Direitos Humanos. Mas aqui nem para encarar a gente, nem para olhar no nosso olho, nem para pedir Comissão de Ética, porque é tamanha a vergonha que os deputados da base de Zema têm de defender esse canalha!

É por essa razão que nós estamos aqui, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, mais desvestidos do que nunca, mais iguais do que nunca. Mas eu vou dizer que existem diferenças. Os deputados do Bloco Democracia e Luta possuem, por lei, recursos de emendas que vinculam a obrigatoriedade de o Estado levar o recurso para onde ele é apontado, e o Estado não pisa. Mas não é igual para todo mundo, não! Há deputado aqui que já ultrapassa a casa dos R$100.000.000,00 de indicação do governo Zema, além das superintendências, além de servidores, que, se estiverem trabalhando, louvado seja! Mas há gente que nem comparece. Aliás, eu quero pedir perdão. Não podemos culpar os servidores de não comparecerem ao trabalho. Onde não há elevador nem condição de ir como é que o servidor vai servir? Essa é mais uma das questões importantes de trazermos. E não é uma igualdade que nos coloca aqui para debater, mas, sim, as diferenças; e, nessa diferença, a gente tem de colocar os dedos – todos – na ferida, porque o meu dedo não está sozinho aqui. A votação de cada um dos deputados e da representação das lutas que têm precisa vir à tona e ser colocada em alto e bom som no Plenário da Assembleia Legislativa. Por essa razão que conversar como a gente fala no dia a dia pode parecer estranho para muitos, porque a maioria do tempo a gente está votando projeto de lei, está lendo, está elaborando. Mas, quando vimos para conversar a língua do povo, aí é que vemos que estamos do lado certo da história. (– Palmas.) Eu subo aqui, saio deste Plenário, ando sem carro pelas ruas e me sento em qualquer restaurante e em qualquer bar com a cabeça erguida, porque não vendi a minha alma, não vendi o meu corpo e não abaixo a cabeça para Zema. Desculpem-me aqueles e aquelas que precisam vender o corpo para colocar comida em casa. Eu os respeito profundamente. Não quero comparar aqui nenhuma misoginia e nenhuma forma de preconceito. É porque aqueles que vendem a alma estão condenados a ir para o inferno. E qualquer religião sabe disso!

Por essa razão estamos também aqui trazendo as contradições do governo do agrotóxico, do governo que se ajoelhou para as mineradoras, do governo que se ajoelhou para as isenções fiscais que ultrapassam R$7.000.000.000,00. E a secretária de Planejamento tem o desplante de dizer que o aumento para os servidores custará na casa de R$560.000.000,00 por ano enquanto eles isentaram as empresas que estão lucrando em R$7.000.000.000,00. Então não me venha, deputado, dizer que a mineração é que vai colocar o salário dos servidores. O que vai colocar o salário dos servidores na vida digna e na Justiça é o voto de cada um e de cada uma aqui, que não deve seguir Zema, porque é injusto. Não é a mineradora que vai melhorar a vida daqueles e daquelas que ela expulsa do território. Não é a mineradora que vai melhorar salário e política pública, porque eles exploram o mais rápido possível e vão embora. E o servidor? O servidor permanece. Pessoas que estão aqui há 25 anos, 30 anos... Existem mineradoras aqui que não passam três, quatro, cinco anos numa comunidade. Exploram tudo, matam, degradam, excluem e deixam a morte como rastro; esse rastro perverso daqueles que não têm alma e que, eu tenho certeza, estão condenados a ir para o inferno de fato.

Eu queria só trazer um fato aqui. Olhem só: a captação de dinheiro do agro pela Embrapa... E aqui eu quero lembrar mais uma vez que as empresas públicas, não só as do Estado, mas também as do governo federal, também estão caindo nesse engodo. A Embrapa hoje está gerando várias preocupações porque, para driblar a escassez de financiamento público, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vem apostando em estudos bancados com o dinheiro do agronegócio. Gente, imaginem a Uemg hoje sendo administrada por mineradoras e com recurso de empresa privada? Então pensem: por que ele está destruindo a vida dos servidores e da própria universidade? Quer transformar a nossa universidade pública em algo de que o negócio, o agronegócio e a mineradora vão tomar conta para aumentar ainda mais o lucro voraz daqueles que não têm fundo! Por que a gente faz uma comparação com a destruição das empresas públicas, como é o caso da Copasa, da Cemig, da Codemig, da Codemge, em Minas Gerais? Porque a fase mais evoluída de quem quer privatizar e colocar na mão do negócio e daqueles que lucram é exatamente a de desmanchar as empresas.

Mas eles não conseguem fazer isso diretamente com a educação! Eles precisam criar artimanhas, artifícios para poder chegar e tentar transformar. Alguns tentaram, quiseram impor uma escola cívico-militar, mas o Zema e aqueles que hoje querem tomar as empresas públicas e as universidades públicas têm o desejo de que a mineração, o agronegócio e os setores econômicos não só invadam o setor de pesquisas, mas também substituam os professores. Não é à toa que os cursos de humanas, como o nosso... Eu me formei em história, na Universidade Federal de Ouro Preto. Eu tenho certeza de que o ataque às áreas de humanas também é uma outra proposta política em curso. Eles querem acabar com a matrícula das áreas de humanas para que os cursos altamente rentáveis sejam tomados por essas empresas. É por isso que professor, servidor público quando se entende numa só classe... E aqui eu quero chamar a atenção para o momento que nós estamos vivendo. Quem de nós aqui achava que ia estar no Plenário discutindo o aumento de servidor junto com os servidores da segurança pública, de quem sempre nós tivemos uma desconfiança e temos a certeza de que são utilizados como um braço repressor do Estado?

Então, é importante a gente analisar esse momento da política como um momento ímpar para que a gente aumente o nosso nível de consciência de classe. E é por essa razão que a gente está conseguindo desmascarar tanta gente e que a votação apertada que aconteceu na terça-feira, nesta Casa, está sendo reproduzida e mantida aqui, neste Plenário. Quando a gente nota que os servidores, bombeiros, polícia científica, Polícia Civil, Polícia Militar e aqueles que cuidam do sistema penitenciário hoje estão gemendo, com dores de parto, por salários miseráveis – inclusive, um pouquinho melhor do que aqueles da educação e dos demais servidores –, a gente lembra que esta consciência de classe pede àqueles que nunca olharam para os de baixo que possam olhar, pois estão todos no mesmo andar. Não é só porque não há elevador para subir, é porque nós nunca sairemos desta consciência se nós continuarmos divididos numa luta tão importante como é a luta salarial. Já que o mundo capitalista exige a troca do trabalho pelo salário ou pela manutenção da vida, que esta vida tenha dignidade e que tenha a mesma justiça que tem para os grandes! Que a gente consiga, no mínimo, ter a dignidade da vida garantida com o salário de servidores.

E é por isso que a gente pode discorrer ainda mais para tratar aqui da destruição do Estado, como tem acontecido em setores estratégicos. Os servidores da saúde em Minas Gerais, da Rede Fhemig, os servidores que estão nesta Casa há mais tempo também lutando para que não sejam perseguidos, inclusive, no seu direito sagrado, no seu direito legal de fazer greve, trouxeram um grande ensinamento para a gente. A Rede Fhemig, que teve os técnicos em enfermagem... Até aqueles que, inclusive, cuidam do administrativo e os terceirizados estão passando por chantagem, corte de pontos de serviço. Está sendo retirado deles o direito de lutar por melhorias de condições de trabalho. Aqueles que fazem regime de plantão... Nós queremos lembrar aqui que retiraram até o direito das mães, mães que têm filhos com transtorno do espectro autista, mães que têm crianças especiais, pessoas que estão em condição de enfermidade pela própria condição do trabalho, para recuperar a saúde dos outros, todos esses servidores estão sendo penalizados e, quando vão procurar amparo na Advocacia-Geral do Estado, ela vem dizer da inconstitucionalidade, vem dizer que Minas não tem ultrapassado o limite do teto constitucional e que isso vai lhe imputar um crime constitucional... Isso tudo é mentira, porque a Advocacia-Geral do Estado está advogando na causa do governador, embarcou na causa de ser contra servidores e servidoras; embarcou na causa de promover injustiça, dando um ar de justiça a seus pareceres, que são para nós verdadeiros crimes contra os servidores públicos.

E aqui também, em Minas Gerais, é bom dizer que há um engavetador-geral; há um procurador-geral em Minas Gerais que engaveta tudo. É claro que os deputados gostam de, de vez em quando, ir lá na posse do procurador-geral do Estado, mas pergunto a eles se, com relação àquilo que a gente leva para poder ser averiguado, para poder ir para a mesa de negociação, existe algum encaminhamento sendo feito. É por isso que nós não podemos deixar de culpar também o senhor procurador do Estado, Dr. Jarbas, porque ele não se envolve nessas questões para poder passar pano pra situações do governo, um governo que comete crime atrás de crime. Este é o governo Zema.

É claro que o nosso discurso é longo, mas tem a responsabilidade daqueles que já vivem de perto há muitos anos a política. Eu, quando fui servidor da Assembleia, em 2003 – minha matrícula é 12552 –, no mandato do hoje deputado federal Padre João, que era deputado estadual, há 22 anos, trouxe para esta Assembleia Legislativa muitas lutas, que hoje a gente continua a defender porque a situação do mundo parece ter piorado. Nós estamos tratando de um mundo cada vez mais com agrotóxico. Em Minas Gerais, parece que isso está tão naturalizado que tem gente até oferecendo repolho cheio de veneno que causa câncer e comendo na nossa frente, naturalizando tudo, como se amanhã e depois de amanhã não fossem os dias do resultado desse câncer aparecer. Hoje tem uma feirinha aqui na Assembleia. A gente conhece quem é agricultor familiar e agricultora familiar que produzem na base da agroecologia e, portanto, oferecem a garantia daquele alimento orgânico. Mas a grande maioria que não produz para a nossa mesa está exportando com agrotóxico, assim como jogando agrotóxico nas nossas águas. A contaminação das nossas águas em todos os municípios de Minas Gerais ultrapassa aquilo que é minimamente, minimamente tratado em termos mundiais. Nós já ultrapassamos todos os limites de contaminação do meio ambiente; nós já ultrapassamos todos os limites de tolerância com o agrotóxico que entra na nossa boca, nos envenena e depois obriga a gente a ir na farmácia comprar o remédio da mesma empresa que botou o agrotóxico na nossa boca. Esse é o retrato de uma política falida que mata. É por essa razão que tudo isso está associado ao governador Zema. Ele recebe palmas de todo o setor do agronegócio. Zema recebe palmas dos bancos; Zema recebe palmas dos prefeitos que estão encalacrados e de joelho para as mineradoras; Zema recebe palmas do setor que está explorando a energia elétrica e que proibiu a Cemig inclusive de liberar a energia solar para os pequenos; Zema recebe aplausos daquele setor que quer a privatização do saneamento ambiental e quer levar e acabar com a Copasa, jogando a empresa no lixo e colocando as suas empresas e os seus consórcios; Zema recebe aplausos do setor da construção civil, que não tendo casa popular para oferecer para os pobres, está lucrando – os bancos estão lucrando mais, porque o povo está endividado; Zema recebe aplausos daqueles que quebraram o serviço de transporte público, porque essas latas velhas de caminhão que têm carroceria já não servem mais de referência para a mobilidade urbana. Então, gente, há algo muito errado. Todos que batem palma para o Zema estão cada vez mais ricos. E de onde saíram os votos desse governador que foi reeleito no primeiro turno? Saíram exatamente de um processo de negação da política, onde quem escarrou, quem cuspiu ficou com a política inteira para si e devolveu para nós a repressão, o aumento da tarifa, o aumento do preço das coisas. Nós estamos vivendo, em Minas Gerais, o oposto do que a gente entendia ser um governo eficiente. O que há de eficiente? O lucro. Existe uma forma de mensurar a eficiência para quem cuida de negócio melhor que o lucro? Quando chega o lucro, você justifica tudo. Por exemplo, se os setores minerário e elétrico estão lucrando, enchendo o bolso dos acionistas, que nem sabem qual comunidade está sendo afetada, vocês acham que aquela licença ambiental que estava sendo analisada passa a ter mais dificuldade ou fica mais fácil e é aprovada logo? É por essa razão que destruir o serviço público e colocar seus apadrinhados e apaziguados... E aqui eu quero dizer para a Chiara que o que aconteceu com ela, para mim, é uma violência política. Mas eu não tenho nenhum dó da deputada Chiara, pelo fato de ela ter perdido os cargos de confiança no governo. Não tenho nenhum dó e disse isso para ela hoje. Enquanto os deputados fazem negócio com o Executivo, o voto fica comprometido. Então, que ela, que já se livrou das amarras do governo Zema, permaneça livre. Assim, o nível de consciência de cada deputado que viu a deputada mais jovem desta Casa e mulher ser ofendida com uma chantagem, com uma violência política tão desvelada... A gente não pode aqui confundir as coisas. Há aqui aqueles que concordam que deputados devem deter cargos políticos para poder votar com o governador. Nesse caso e em muitos outros, o voto dos deputados promove morte, promove injustiça e faz com que esse governo ache que está certo, porque, tendo a maioria dos votos, fica tudo justificado também. Quando a coisa aperta, o desespero de Zema é tamanho que ele não tem escrúpulo. Ele desce aquela máscara de bom moço, daquele sorriso do pão de queijo, do lavador de vasilha, daquele que é bom moço, da camisa das lojas mequetrefes, e sem nenhum pudor, demite com o dedo sujo de sangue. Muitos morrerão por falta de recurso para comprar o remédio; muitos morrerão por falta de recurso para comprar comida, porque tem que comprar remédio; muitos morrerão porque não conseguirão, com a doença mental que o Zema causa, ir para o trabalho. O Zema adoece a mente dos servidores, o Zema adoece o corpo das trabalhadoras, o Zema acaba com o Estado e, infelizmente, faz com que muita gente descrente da política cada vez mais se distancie dela. Mas não é assim que a gente resolve na política. Quando a gente se aproxima mais da política, a gente fica mais responsável.

Nesses dias eu tenho pensado muito, li muitos artigos que dizem que não é pela inclusão em políticas sociais que se eleva o nível de consciência. É verdade! Não é recebendo uma casa do Minha Casa, Minha Vida que alguém deixou de votar no inelegível; não é estando no CadÚnico, para ter acesso a várias políticas públicas, que muita gente deixou de se enganar e votou no inelegível e no Zema.

O que eleva a nossa consciência é a nossa capacidade, enquanto sociedade, de empreender um processo cultural que seja formativo, organizativo e que tenha condições de aprender com a luta dos servidores e das servidoras públicas, com os sindicalizados, com aqueles que nunca deixaram o seu ego ficar maior do que o coletivo. Isso é aprender também e faz bem para a política. A política exige de nós um exercício de alteridade e um exercício coletivo de formação. É por isso que quem está dando aula, e não vai perder nenhuma luta enquanto estiver lutando, são as lutadoras guerreiras e os guerreiros dos sindicatos e dos movimentos populares, porque quem já perdeu essa guerra é o individual, o ditador, o governador que não vai ser eleito nem para presidente de bairro, se Deus quiser. Mesmo porque acho que aquele ali não se referencia em bairro. Não, não, perdão, lembrei-me. Há sim. Há até um asfalto que leva lá para as bandas de Araxá, para a casa dele, mas não foi ele quem fez o asfalto com o dinheiro das lojas. O dinheiro do asfalto saiu dos cofres públicos. O rancho do Zema! Quem já ouviu falar? É verdade, quase que me traio, Prof. Betão. Todas as denúncias em relação a Zema começam agora a ser juntadas, como que num quebra-cabeça, para as pessoas entenderem que foi construída uma imagem meio superficial de um ser que não era político, falou que não era e virou político, mas que deixa na mão de todos aqueles que querem lucrar com o governo as decisões. É por isso que Zema demora a aparecer. Quando ele foi chamado à responsabilidade sobre o Regime de Recuperação Fiscal, o que ele fez? Cascou o fora para a China, para os Estados Unidos, picou a mula. Depois, como se recriasse uma narrativa, dizia que era o governo federal que estava com a responsabilidade. Quando ele viu então o deputado Tadeuzinho e o senador articulando com o Haddad para poder criar outras bases para o Regime de Recuperação Fiscal, o que ele falou? “Nunca fui procurado.” Um sujeito que se escondeu atrás de um prédio em Brasília para dizer que, quando soube que era um ato político para o qual Lula o convidou, iria voltar, que iria embora.

Então, temos a negação meio como um mosaico que vai destruindo essa imagem de bom moço e que vai trazendo a possibilidade de dizermos quem é Zema. Não dá para descasar a pessoa do testemunho. Desculpem-me quando às vezes xingo a pessoa, mas a gente não é aquilo que faz? Há alguém aqui que é aquilo que não faz? Só se for fake news, não é verdade?

Então, o testemunho que Zema traz para a política é um testemunho de alguém que só quer o lucro em cima daquilo que não construiu e daquilo que não é privado. A confusão entre público e privado nesse governo ultrapassou a casa da corrupção. Ele mantém no governo aquele que trabalhou pela desestatização, que foi lá quebrar o Rio de Janeiro com o Regime de Recuperação Fiscal que fez lá, veio para Minas Gerais, virou secretário, mas agora continua recebendo jeton. Ele não mandou embora, não! Aqui no governo ninguém cai para baixo, cai para cima. Vocês se lembram do Igor Eto, secretário de governo? Ele agora, além de ficar livre de deputado, de encheção de saco, de diálogo, está lá no BDMG, ganhando mais, tomando café. Está até mais gordo. Então, no governo Zema ninguém cai. Estou até desconfiado de que a Chiara vai virar secretária. Estou até desconfiado de que a Chiara vai virar secretária e não demora, porque quem enfrenta Zema sobe, menos o Bloco Democracia e Luta e os servidores e servidoras, porque não temos rabo de palha. Se botar fogo, não pega no nosso rabo, mas tem gente que não pode manter a mesma coerência. Nessa mesma razão, mantemos aqui também uma relação em que a construção de consensos na Assembleia Legislativa exige de nós muito, muito diálogo. Não foi pouca e não foi menor a votação dos deputados que se somaram aqui na terça-feira. Chegamos a ter a diferença de um voto, mas sabemos também que, se chegasse mais um voto nosso, apareceriam uns três aí debaixo das pilastras. Podem ter a certeza disso. De vez em quando, há uma queimação de deputados que estão de licença médica ou de outra forma. Colocam nos jornais, numa narrativa que é como se estivessem fugindo da votação. Há os que fogem mesmo, e podem saber que têm rabo preso, mas a gente tem aqui uma leitura do que é a construção de consenso. Jamais pensei que a esquerda e gente da extrema-direita votariam numa só situação. Só pode ser por um elevado nível de consciência que se deu quando entendemos que havia uma consciência de classe. Até vão dizer que sou marxista, comunista, que sou, no máximo, socialista, mas, de fato, não foi a união dos servidores, enquanto classe trabalhadora, que produziu um consenso maior da votação, gente? Então, isso não quer dizer que Marx está morto, gente! Ele vive! Vive porque nós, na práxis, temos aqui a repressão do Estado em relação às representações...

Olha, agora estou até andando cumprimentado todos os policiais. Estou abraçando os policiais. Quero destacar muito.

Quando vi uma propaganda da Polícia Civil dizendo que o aumento do número de homicídios e da violência se dá pela ausência desse servidor, que é uma política pública que diminui o risco de violência da sociedade, falei: “Gente, esse povo é danado, é um povo que sabe que sem ele não há políticas públicas. Parabéns!” Quando vi os servidores da Uemg confeccionando um caixão na porta do BDMG, talvez para Igo Eto ou para alguém que lá estivesse, pensei assim: “Não sabem que muitos dos deputados que passam por aqui gostariam de ficar aqui o dia inteiro, eu mesmo”. Por isso me comprometi que em todas as lutas a gente se faria presente, porque o voto vocês já têm, já sou convertido, porém é preciso a gente convencer mais alguns. É isso!

A gente tem condições de permanecer aqui. Eu não preparei discurso nenhum, a folha que está aqui é só enganação minha. Eu fiquei falando aqui durante 1 hora, porque nós temos aqui condição de trazer a reflexão sobre o que a gente vive. A gente tem condições de consciência, de defender as bandeiras que defendemos, a gente tem condições de olhar olho no olho com cada servidor e servidora, porque nós não vamos abaixar a cabeça para Zema.

Eu já mantive fala aqui por mais de 1 hora sem ninguém para ouvir. Hoje, quando vocês estão aqui, mais feliz estou porque eu sei que estou do lado certo da história. Eu tenho certeza de que vocês vão se manter aqui a cada discurso que me sucederá, porque os que virão aqui trarão também importantes reflexões, que vão trazendo quase que um desgaste físico, mas vão também nos permitindo contar a história, porque daqui ninguém de nós sairá derrotado, senão aqueles que votarem com essa proposta canalha que o governador trouxe para esta Casa, fingindo para o povo.

O ano de 2026 está aqui, mas nós não podemos perder de vista 2024. Não votem em canalha para prefeito nem para vereador, porque esses é que dão sustentação à representação na Assembleia, na Câmara, no Senado e também nos governos de estado e no governo federal. Não vamos nos esquecer de que as eleições de 2024 exigem da gente muito mais presença, porque essa composição de forças que aí está é uma derrota para todos nós. Ainda permanece o resquício do negacionismo, mas aqueles que estão no governo ou que estão nos parlamentos, defendendo essas causas antidemocráticas que, de fato, nada têm a ver com a do povo, como debates etéreos, em que estão tratando a questão se o banheiro tem que ser feminino e masculino ou se tem que usar peruca em Plenário. Isso é um escárnio para a política de fato, porque nós temos aqui condição de fazer um debate sobre a real situação da pobreza.

Aqui foi subjugado o povo por um projeto político que está em curso em Minas, que está em curso também por aqueles deputados e deputadas que continuam a se utilizar do recurso público para enfiar emenda parlamentar para alimentar a corrupção.

Por fim, como eu me lembrei do filho, que é o nosso querido Gonzaguinha, mineiro por cidadania, eu quero terminar o meu discurso falando do pai. Já que estamos no mês de junho, quero falar de Luiz Gonzaga, o Gonzagão. Se o Gonzaguinha nos trouxe a reflexão da vida cotidiana, numa habilidade com as letras, o nosso querido poeta sanfoneiro, o nosso Rei do Baião, o Gonzagão, nos trouxe também a sabedoria profunda, muito sintética. Quando ele trouxe aquela reflexão, diante da morte de Chico Mendes, que tornou-se uma canção que é quase um hino para os movimentos e para a agroecologia, ele tinha muita sabedoria, que vai nos valer muito para a política. Essa música que tem uma homenagem ao grande ativista Chico Mendes, mesmo sendo ontem o dia de homenageá-lo eu trago para esta sessão plenária a voz de Gonzagão com o Xote ecológico. Ele canta: “Não posso respirar, não posso mais nadar/ A terra está morrendo, não dá mais pra plantar/ Se plantar, não nasce, se nascer, não dá/ Até água da boa é difícil de encontrar/ Cadê a flor que estava ali? O Zema comeu/ O peixe que é do mar? O Zema comeu/ Meu povo onde é que tá?” O Zema não vai comer, não. Gente, se a gente não mudar o fim dessa música, a vitória vai ser dos canalhas, canalhas e canalhas. A vitória é do povo. Por isso, viva Gonzagão e viva a luta dos servidores e das servidoras! Viva o nível de consciência da classe trabalhadora!

Para terminar, todo mundo: Fora Zema!