DEPUTADO RICARDO CAMPOS (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 26/04/2024
Página 50, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 1496 de 2023
PL 1497 de 2023
VET 10 de 2024
VET 11 de 2024
9ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 24/4/2024
Palavras do deputado Ricardo Campos
O deputado Ricardo Campos – Exma. Sra. Presidenta, deputada Leninha. Caras deputadas e caros deputados. Quero saudar todo o povo trabalhador da assistência social, do Suas. Quero cumprimentar todo o público que nos acompanha pela TV Assembleia, pelas nossas redes sociais do mandato.
Venho aqui trazer a narrativa daquilo que temos trazido desde o primeiro dia do nosso mandato. O Fundo de Erradicação da Miséria sempre existiu, os governos nunca executaram os recursos, porém houve uma prerrogativa que este fundo deixou de existir o ano passado, porque não foi renovado na legislatura anterior e vimos esta Casa, os mesmos colegas que votam e direcionam o orçamento do Estado, aprovarem um aumento de imposto para o cidadão mineiro na perspectiva da contrapartida social de gerar uma receita de R$1.000.000.000,00.
O valor de R$1.000.000.000,00, deputado Marquinho Lemos, no mínimo, garantiria a pavimentação asfáltica de 15 vias principais que ligam a região Norte de Minas, o Jequitinhonha, o Mucuri, o Noroeste e as Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul do País. Esse R$1.000.000.000,00 garantiria, no mínimo, a colocação de água em todas as comunidades rurais de Minas Gerais. Garantiríamos também a energização com placas fotovoltaicas àquelas comunidades rurais, que, muitas vezes, brigam entre si – os membros das associações –, em função de não ter R$3.000,00, R$4.000,00 para pagar a conta de luz do poço artesiano que leva água para esse povo. Eles terão a isenção com a fotovoltaica. Com R$1.000.000.000,00, garantiríamos ainda a construção dos nossos tão sonhados hospitais regionais. Entretanto o que nós vimos aqui é, mais uma vez, um tapa na cara da sociedade mineira.
O governo, que garantiu, com o apoio da sua base nesta Casa, o perdão e a isenção da redução do IPVA dos grandes amigos e suas locadoras de mais de R$1.500.000.000,00, agora, mais uma vez, vem ferir o povo mineiro em dois princípios. Primeiro princípio: a garantia dos recursos ao Fundo Estadual de Assistência Social não vai só permitir melhor estruturação dos equipamentos da assistência social, mas, mais ainda, a efetivação das políticas, o combate à violência à mulher, o combate à violência doméstica, o enfrentamento, a violência, o trabalho escravo infantil, o apoio à população de rua, o apoio aos imigrantes, o apoio aos idosos, e novamente, mais ainda, o atendimento direto com ação social.
Eu falo muito, deputado Celinho, que nós, do Norte de Minas, do Jequitinhonha e do Mucuri, não queremos ações sociais imediatistas ou ações sociais paliativas, mas nós sabemos que, se não for realizada uma política pública forte, com o sistema do Suas, a ação de desenvolvimento socioeconômico não vai ser promovida. E aí nós temos proposto ao PPAG que coloquemos orçamento no Idene, que já foi sucateado na reforma administrativa do governo e que hoje tem meramente um espaço, um pequeno espaço na sala da Sedese, mas que tem servidores valorosos que querem fazer com que o Norte de Minas, o Jequitinhonha, o Mucuri e o Noroeste se desenvolvam. Nós queremos colocar recursos no PPAG e na lei orçamentária para garantir que o programa Leite pela Vida possa atender a todos os municípios da região. E o governo federal, do presidente Lula, tem garantido, tanto no orçamento quanto na execução financeira, o aporte de recursos. Hoje nós temos o repasse feito, no mês de abril, de R$10.000.000,00, por parte do governo federal, aguardando a contrapartida do governo do Estado. Brincando, nós teríamos, aí, deputada Lohana, com a execução do programa Leite pela Vida, 10 mil agricultores vendendo leite a um preço justo, a um preço de mercado, e os nossos laticínios e as cooperativas entregando leite para mais de 50 mil famílias em situação de vulnerabilidade, isto é, famílias que precisam do alimento nutricional para melhorar suas condições.
Debater aqui a questão do Fundo de Erradicação da Miséria, no meu modo de ver, é debater que o Estado faça o mínimo. Eu estive recentemente na China, numa visita da comitiva do Partido dos Trabalhadores, a convite do Partido Comunista da China, tudo costeado por esse partido daquele país, para entender um pouco como a China promoveu o desenvolvimento e a erradicação da miséria. Lá eles fizeram aquilo que eu tenho falado diariamente nos meus discursos: nós temos que promover a equidade, e promover equidade é fazer mais onde nunca houve. E esses R$1.000.000.000,00 do Fundo de Erradicação da Miséria têm que atender principalmente quem mais precisa. Os nossos municípios estão perdendo no mínimo R$600.000.000,00, com a não destinação da proposição aprovada nesta Casa, do Fundo de Erradicação da Miséria e das propostas para o Fundo Estadual de Assistência Social. São recursos para levar água às comunidades rurais; são recursos para fazer as fabriquetas de farinha, as despolpadeiras de frutas, os arranjos produtivos, para gerar emprego e renda para quem vive na cidades, cuja renda per capita não é de nem meio salário mínimo.
Nós estamos pautando isso aqui para que nossa Casa, para que estes deputados, eleitos pelo povo, que falam que vão trabalhar para melhorar a vida do povo, façam isso de fato, derrubando esses vetos, derrubando os vetos do governador, para que, assim, o Fundo Estadual de Assistência Social tenha recursos para aprovar projetos também de assistência social, e, mais ainda, de desenvolvimento socioeconômico. O nosso povo não quer só cesta básica, o nosso povo não quer só atendimentos sobre os quais o governo fala que são para resolver o combate da miséria. Nós queremos ações efetivas da política pública, e somente quem é atendido pelo Cras, pelo Creas, pelos trabalhadores do Suas sabe o tanto que a sua vida melhora quando tem uma assistência da política pública efetiva.
Quero aqui dizer, presidente Tadeu, que esta Casa tem um desafio enorme, que é fazer com que, com o mínimo daquilo que foi aprovado no aumento de impostos para a sociedade, em função de tentar reverter para o combate à miséria, agora derrubemos esses vetos e façamos com que a Assembleia mostre que ela é o poder e a voz do cidadão. E que esses recursos que vão para o Idene, para a questão da energia fotovoltaica, para a questão do Leite pela Vida, dos arranjos produtivos, para a Secretaria de Agricultura, para o Programa de Aquisição de Alimentos, para o programa de apoio às feiras, para o programa de apoio aos agricultores familiares e para a Sedese sejam realmente efetivados na finalidade.
Nós, o Bloco Democracia e Luta, o nosso mandato, a deputada Bella, a deputada Lohanna, a deputada Beatriz, a deputada Andréia de Jesus, a deputada Leninha, a deputada Ana Paula Siqueira e todas as outras deputadas e os deputados desta Casa propusemos que esses recursos sejam vinculados a ações estruturantes do Suas, mas aprovadas no comitê gestor, que nunca foi criado, para que as ações efetivas sejam realidade para o nosso povo.
Então eu quero contar com os nobres colegas para que nós possamos fazer com que o cidadão tenha o direito preservado. E que esse fundo, tanto com as propostas no Plano Plurianual de Ação Governamental e, mais ainda, no orçamento, vá realmente combater a miséria, vá realmente atender a população que mais precisa do nosso Estado. Tenho dito, presidente.
O presidente (deputado Tadeu Martins Leite) – Obrigado, deputado Ricardo. Com a palavra, para encaminhar a votação, a deputada Lohanna.