Pronunciamentos

SR. BRAULINO CAETANO DOS SANTOS, Diretor-geral do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA-NM

Discurso

Agradece a homenagem recebida pelo transcurso do 35º aniversário de fundação do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA- NM.
Reunião 15ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/04/2024
Página 9, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 6376 de 2024

15ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 19/4/2024

Palavras do Sr. Braulino Caetano dos Santos

Bom dia, companheiros e companheiras. Em primeiro lugar, em nome dos oito povos do Norte de Minas, cumprimento todos os companheiros que estão aqui. Eu não vou falar em autoridade, porque todos aqui são autoridades, são pessoas que, pelo menos em cada ponto onde estão, são autoridades.

Hoje eu estou muito feliz de a gente estar aqui recebendo esta homenagem do Centro de Agricultura Alternativa – CAA –, porque é uma entidade que, graças a Deus, tem feito um trabalho para o pessoal menos favorecido que nós temos no Brasil. Nós sabemos que, descendo nesse grotão, no Norte mineiro aí, tem muito sofrimento. Muito sofrimento mesmo! E o CAA veio para fazer um trabalho, começou ocupando o Norte de Minas; do Norte de Minas atravessou para o federal e hoje está em 11 estados trabalhando com um projeto do Banco Mundial, trabalhando justamente com o pessoal menos favorecido.

Vocês podem ver que nós temos a honra desses oito povos pelo menos conseguirem duas deputadas, pois na história foi muito difícil chegar no lugar onde nós estamos. A gente hoje sabe que temos a Leninha, que está fazendo esta homenagem para o CAA, é uma filha do CAA. Considero muito, pois ela entrou no CAA justamente como uma menina que nós tratávamos como jornalista, aquela que juntava o lixo para guardar. E hoje está nesta legislatura por causa do povo do Norte de Minas, um povo muito especial.

A gente tem muito orgulho de estar aqui representando essa companheirada do Norte de Minas. Eu não vou dizer mulher, eu não vou dizer jovem, eu não vou dizer idosos, porque nós estamos no CAA, que nunca fez exceção de pessoas e trabalha com família. Então na verdade eu não considero muito que tem que dividir, porque, para a família ser boa, ela tem que estar unida. E na verdade, se você fizer a divisão, dá tudo errado. Vocês vejam o Brasil e o mundo que estão se dividindo, e o que nós estamos sentindo agora.

Eu quero dizer para a companheirada, eu não vou falar muito, porque eu não sei falar muito, na verdade eu sei falar como um caboclo. Esqueci de falar para vocês que eu sou um cara leigo, nunca entrei numa faculdade nem sentei numa cadeira de escola para aprender. Eu fui um jovem que cresci sem pai; meu pai morreu quando eu tinha 4 anos de idade. Eu precisei trabalhar em fazenda. Trabalho escravo pelo menos eu não fiz. Mas eu não abaixei a minha cabeça. Viajei pelo Brasil todo por causa da luta desse povo. Internacionalmente, eu conheço dez países. Conheço não, já passei, em razão da luta pelo nosso povo. Na verdade, se vocês não estudaram, companheirada, não abaixem a cabeça, porque se abaixarem a cabeça, haverá muita gente como nós. Na verdade, por causa desses caboclos que tiveram a coragem de levantar a cabeça, hoje, o CAA é uma entidade respeitada. Nós não temos inimigos, não temos adversários políticos. Para mim, uma coisa é ter inimigo… O nosso povo, por exemplo, não tem adversário político, mas, em relação a todo problema, luta por uma causa.

Eu quero agradecer-lhe. Estou muito alegre de estar aqui podendo receber essa homenagem a esse povo do Norte de Minas. Então, companheirada, eu e o Dr. Oscar estamos aqui hoje… Foi muito engraçado, pois, hoje, vários dinossauros se juntaram aqui. Foi naquele momento que foi possível assentar para poder discutir essa entidade que veio para ficar. Através dela, já nasceu uma variedade. Há a Cooperativa Grande do Sertão, que hoje é respeitada no Norte de Minas, trabalhando com a defesa do nosso Cerrado.

Naquele tempo, quando dissemos que daqui a 20, 30 anos nós poderíamos virar deserto no Norte de Minas, pouca gente acreditava. E hoje nós estamos vendo que há mais de… Não sei nem quantos mil rios, que eram rios, mas hoje ninguém os conhece mais. O clima está aí. Então, na verdade, o CAA lutou por esse povo. E hoje, em nome desse povo, em nome dessa companheirada, a gente tem um orgulho que não vai morrer.

Nessa crise que nós vivemos, eu quero dizer para o pessoal, com todo respeito – não estou fazendo uma crítica, mas eu conserto –, aquele projeto que nós construímos, em 1988, foi rasgado agora, nesse final. Refiro-me a essa renovação da Constituição Federal. Todos os governos fizeram uma reforma de governo, mas a reforma de Estado quem fez foi só o Temer. Desculpe-me dizer isso. Ele não derramou sangue, mas derramou muito suor para poder construir aquele projeto. E hoje é muito pior, porque há muita tecnologia, mas a tecnologia ajuda, mas atrapalha também.

Por isso eu digo para você: se essa companheirada não se juntar com a juventude, aí fica difícil. Se você dividir a juventude com o pessoal mais antigo, o saber popular com o saber acadêmico, vai ficar difícil nós construirmos. Então nós temos que nos juntar, ir para a frente, lutar e conseguir segurar essa entidade. Além do CAA, de toda essa companheirada que nós temos, temos variedade.

Companheiros, eu vou encerrar a minha fala agradecendo muito à companheira deputada Leninha, que é uma filha da Casa, e a essa companheirada do Norte de Minas, que está aqui recebendo esse presente. Então não é o CAA que está representando, é o povo do Norte de Minas que está presente. Obrigado. Amém!