Pronunciamentos

DEPUTADA LENINHA (PT), Presidenta "ad hoc", autora do requerimento que deu origem à homenagem

Discurso

Transcurso do 35º aniversário de fundação do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA-NM.
Reunião 15ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/04/2024
Página 7, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 6376 de 2024

14ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 19/4/2024

Palavras da presidenta (deputada Leninha)

Bom dia a todos que estão presentes aqui, nesta manhã. Um bom-dia também para aqueles que nos acompanham de forma remota, pelos canais do Youtube e pela TV Assembleia.

Eu queria cumprimentar, nesta manhã, a superintendente substituta do MDA, Thamiris, que está na Mesa conosco; Neila, nossa companheira, que responde pela superintendência-geral do Incra em Minas Gerais; Maria Alice, delegada-geral de Minas Gerais, que está representando a Polícia Civil. É uma delegada, e é importante ressaltar isso sempre. Saúdo também a Simone, nossa guerreira, que é presidenta do Consea-MG; João Silveira D'Angelis, que está gerenciando a unidade da Petrobras Biocombustível; meu amigo Dumont, da Conab; deputada Andréia de Jesus, que compõe o Parlamento comigo. De forma muito especial, eu queria saudar também o Sr. Dualino, que está na Mesa. A presença do Sr. Dualino na Mesa, para nós, é a representação de vários rostos que aqui estão nesta manhã, de pessoas que passaram pela história do CAA, de pessoas que construíram o CAA desde a primeira assembleia de fundação, de pessoas que diretamente foram colaboradores, mas também daqueles que diretamente participam das grandes redes nacionais, seja para a segurança alimentar, agroecologia, seja pelo trabalho de combate à violência contra nós, mulheres, seja pelas instituições da igreja, da grande rede de tecnologias alternativas como a gente sempre falou. Da mesma forma, a presença do Nilmário Miranda, que é um defensor dos direitos humanos. É também o que o CAA tem na sua pauta principal: defender os mais pobres, defender os empobrecidos pelo sistema, defender os direitos dos povos e comunidades tradicionais na busca do projeto do bem viver. E por isso eu saúdo, de modo muito especial, a Verônica, que está aqui hoje representando nossa deputada federal Célia Xakriabá, que também é uma guerreira que saiu do Norte de Minas para ocupar o Congresso Nacional com as pautas não só dos povos indígenas mas também da defesa dos nossos biomas e do direito à vida de todos aqueles e aquelas que fazem deste Brasil, que é tão desigual, um país que pode ser para todos e todas.

Olhando os rostos aqui, vejo a história de cada um e de cada uma. Todo mundo sabe do que eu estou falando. As pessoas que aqui estão sabem o grau de contribuição que deram para esta instituição, não só para o CAA mas também para todas as entidades que compõem essa rede de agroecologia no Brasil, assim como da articulação nacional da agroecologia. Cumprimento também o Samuel, do MST, porque é isso que a gente quer construir, ou seja, essa grande rede. Inclusive temos aqui uma grande parte do pessoal de Contagem que trabalha com essa pauta aqui conosco. Estar com vocês aqui significa que a gente carrega a esperança e a certeza de que o que a gente faz no dia a dia, o que a gente faz aqui, no Parlamento, é um projeto viável de desenvolvimento para o País, um projeto que inclua todos e todas, um mundo em que caiba todo mundo e um mundo em que a gente possa, cada dia mais, publicamente, reconhecer cada um e cada uma em seu lugar, fazendo o que está fazendo para o bem comum, para o bem de todos.

Então, eu gostaria de saudar todos aqui. Sou egressa do CAA. Contribuí por mais de 20 anos com esta instituição. Então, sei muito bem do que estou falando, das pessoas que por lá passaram e continuam passando, do compromisso dessas pessoas. O CAA é como uma casa, é como um lar, é uma edificação de afetos, construções que me formaram enquanto mulher, bióloga, defensora intransigente da vida, da nossa maior riqueza, que é a natureza, de modo muito especial o nosso cerrado e a nossa caatinga, do nosso povo dos Gerais e, cada vez mais, de todos e todas.

Estamos celebrando 35 anos da instituição que eleva a defesa de nossa sociobiodiversidade, dos povos e comunidades reunidos entre caatinga, gerais, vazantes, indígenas, quilombolas, apanhadores de flores sempre-vivas, pescadores, todos aqueles que estão na condição de defesa da nossa agrobiodiversidade e do nosso patrimônio. “Quase todo mundo tinha medo do sertão; sem saberem nem o que o sertão é.” O que seria o sertão senão o próprio movimento da vida em sua complexidade? Sim, somos, senhores e senhoras, como discípulos de Manuelzão e Miguilim. Somos roseanos em essência e peleja.

Quando se atravessa a soleira da porta do CAA, somos sertão adentro e afora. Somos meninas, Miguilins, que, aos poucos, vamos tomando golinhos de velhice; e, no correr da vida, que vai misturando tudo e todos, vamos nos tornando Manuelzão, o vaqueiro do tempo e do espaço, fervorosos, forjados no dia a dia, luta a luta, incorporando gentes, saberes, projetos, enchendo embornais de histórias. Nada foi fácil, mas tudo é grandioso nesses 35 anos.

O CAA é uma referência regional, estadual, nacional e internacional na defesa do nosso cerrado, dos seus povos e dos demais biomas que compõem o nosso mosaico biológico. Firmou-se também como uma referência de proteção e defesa dos direitos dos povos e comunidades tradicionais, mas é, sobretudo, uma alternativa consistente, eficiente, de novos métodos e práticas de produção, respeitando o meio ambiente e a condição humana, reconhecendo sua intrínseca relação. Nós somos autores de um projeto de lei nesta Casa desde a legislatura passada, chamado Direitos à natureza, entendendo que a natureza é um sujeito de direitos, por isso nós devemos proteger, preservar e lutar por ela.

Na pessoa do seu fundador, o Sr. Braulino, doutor honoris causa pela Universidade Estadual de Montes Claros, meu mestre, meu amigo, meu conselheiro, o geraizeiro que me deu a régua e o compasso, mas que me ensinou a amar o chão do mundo, o nosso chão e o nosso sertão, eu saúdo a todos e todas que constroem essa instituição que reúne inovação e tradição, que é pautada no modelo de desenvolvimento sustentável que eu compartilho, em que acredito e pelo qual luto. Nesta Casa, além de mim, há vários outros parlamentares que também acreditam nessa pauta e nessa luta.

Estou vendo que a Malba chegou no final, mas aqui também eu poderia nominar todas e todos aqueles que são importantes não só para a nossa trajetória até aqui, mas também cada um, com a sua sabedoria e o seu conhecimento, sabe que a gente traz para cá tudo aquilo que foi acumulado ao longo desses 35 anos. E a gente traz para cá também a sabedoria dos ancestrais, de todos aqueles povos os quais nós já visitamos, com os quais convivemos e continuaremos a conviver. Que essa celebração dos 35 anos seja um marco para seguirmos firmes nessa trajetória, que é nossa, que é de todos nós, pessoas que acreditam que um outro mundo é possível, uma outra economia e uma outra relação com a natureza são possíveis.

Uma boa homenagem a todos nós e um bom-dia a todos e todas.