10ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 2/4/2024

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Boa tarde, Sr. Presidente. Quero cumprimentar V. Exa., os colegas deputados, os servidores desta ₢asa e o público que nos acompanha presencialmente, pela TV Assembleia e pelas redes sociais, por todo o Estado de Minas Gerais.

O deputado Doutor Jean Freire – Sr. Presidente, fico muito feliz em fazer esta fala nesta reunião presidida por V. Exa., que é um parlamentar também votado no Vale do Jequitinhonha. O deputado Leleco, aqui presente, também é votado no Vale. E mais uma vez eu subo a esta tribuna para fazer mais um desabafo, uma denúncia, um clamor pela situação das nossas estradas no Vale do Jequitinhonha.

Deputado Leleco, de uma maneira muito interessante, nós iniciamos, no final de semana, a Semana Santa. Chegou até mim e circulou pelas redes sociais um vídeo do governador do Estado andando de carro pelas estradas. Achei muito interessante o vídeo do governador. Aliás, existe um projeto de lei de minha autoria, e, pelo meu entender de sua fala, o governador deve concordar com o meu projeto de lei. Existe um projeto de lei de minha autoria falando que as autoridades do Estado, secretários e, inclusive, nós, deputados, ao visitarmos as regiões, deveríamos ir de carro e não de avião. Esse projeto está tramitando nesta Casa. Sei que vai ser difícil de ser aprovado, mas deixo essa sugestão, porque eu acho realmente que é uma maneira de a gente ver a real situação do nosso povo. Evidentemente, num momento de urgência, quando é preciso, devem viajar de avião sem sombra de dúvida, mas, em visitas programadas, eu acho que deveríamos ir de carro, sim.

O governador soltou um vídeo viajando de carro. Não sei o percurso, quantos quilômetros foram, se foi de avião até uma cidade, onde pegou um carro para fazer o vídeo. Não sei, não quero fazer esse julgamento. Mas no vídeo ele fala as vantagens de andar de carro, deputado Leleco. “Olhem as vantagens, você vê os serviços acontecerem”. Foi lá e cumprimentou as pessoas que estavam tapando os buracos da estrada, se não me engano, na região Noroeste. Fica aqui um convite ao governador para andar de carro nas estradas do Jequitinhonha. Fica o convite a ele para ir de carro até o Jequitinhonha e que possa perguntar, inclusive, aos pacientes da hemodiálise…

O presidente – Peço só 1 minutinho, deputado, só para registrar a presença do deputado Weliton Prado no Plenário, ele que pertenceu a esta Casa por muitos mandatos e que foi eleito presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Para nós, é uma grande conquista ter V. Exa. representando esse segmento importante também em Brasília. Seja sempre muito bem-vindo. Retorno a palavra ao deputado Doutor Jean Freire.

O deputado Doutor Jean Freire – Seja bem-vindo também, deputado; e parabéns pelo trabalho que V. Exa. fez nesta Casa e na Comissão da Pessoa com Deficiência e também pelo trabalho que faz pela pessoa portadora de câncer por todo o Estado. Parabéns a você e ao seu irmão. Estamos junto nessa luta também.

Como eu dizia, fica aqui o convite ao governador para ir às estradas do Jequitinhonha e a tantas outras estradas de Minas de carro mesmo, e não descer do avião e ir até um localzinho, não. Faça uma viagem, como eu faço toda semana, de 850km para ir ao Vale do Jequitinhonha e voltar. E pergunte, já que disse que há tantas vantagens em andar de carro, aos pacientes lá de Jordânia, que acordam às 4 horas da manhã para chegar a Itaobim às 11 horas da manhã e fazer hemodiálise, que entram na máquina de hemodiálise e saem por volta das 14 horas e que chegam de volta a Jordânia às 20 horas, se eles acham vantagem andar de carro nas estradas do Jequitinhonha, com buracos, buracos e mais buracos; pergunte aos pacientes de Bandeira e de Mata Verde se é vantagem.

Por coincidência, assim que acabei de ver o vídeo do governador, eu passei por uma cratera que deve ter 30m de comprimento, uns 10m de largura e de profundidade uns 30, 40m. Aí eu mandei, não dava para não fazer, não é provocação, Sr. Presidente, mas não há como não fazer, não dava para eu não perguntar ali, diante daquela cratera à noite, vindo para cá mais uma vez: Sr. Governador, faz três anos que eu passo aqui e mando lhe avisar isso; faz três anos, e você fala que é vantagem andar de carro. Vantagem para quem? Para quem? Vantagem para quem disse que não usaria avião se fosse eleito governador e usa avião? Então fica esse chamado para o governador.

Eu fico muito tranquilo nessas falas em dizer que não… Algumas pessoas podem falar assim: “Mas você está falando das estradas, mandando esse recado para o governador, porque ele disse dessas vantagens de andar de carro”. Mas eu também tenho usado esta tribuna, nas audiências públicas – e o deputado Leleco é prova disso –, para mandar recado também ao nosso governo federal, do meu partido, com muita tranquilidade: as nossas estradas federais do Vale Jequitinhonha também estão pedindo socorro, clamor. Não vejo problema nenhum em dizer isso. Não vejo problema nenhum.

Eu passo e vejo os problemas. Por que eu não digo? Porque aqui, nesta tribuna, ou melhor, aqui, neste Parlamento – fui eleito –, nós temos que dizer isso. Nós temos que pautar as coisas e as dores do nosso povo. Se a estrada incomoda as pessoas, incomoda-me também, pois passo, no mínimo, duas vezes por semana por essas estradas, sejam elas federais, sejam elas estaduais. Minas Gerais tem as piores estradas do Brasil – as pesquisas mostram isso; e o Vale do Jequitinhonha, as piores de Minas; logo o Vale do Jequitinhonha tem as piores do Brasil!

Então, Sr. Governador, vamos andar de carro! Tente fazer a viagem que eu vou lhe dizer aqui. Saia daqui de carro. Se quiser, eu posso ir junto. Faço isso toda semana! Então não vai ser dor a mais ou a menos em mim, não. Minha coluna tem aguentado. Eu saio daqui toda semana. Então a gente vai de carro. Nós vamos passar por estradas federais e estradas estaduais. Quanto às federais também eu peço a sua ajuda para, juntos, cobrarmos. Eu acho que aqui tem de ser assim: todos cobrarmos e juntarmos forças. E ali, depois, desce por Itaobim, pelo Jequitinhonha, e aí vira à direita para ir a Joaíma. Para chegar a Felisburgo, você passar em crateras que têm dois anos, que têm dois anos. Além disso, vai passar por uma estrada de terra para chegar a Fronteira dos Vales. Parece que, agora, vai começar a obra, que estava em andamento no governo anterior e parou após o processo eleitoral. Eu o convido.

E aqui, de uma maneira muito fraterna também, quero fazer um pedido aos colegas deputados. Eu resolvi e vou encaminhar um requerimento e mandar um ofício – um convite – para os 10 deputados estaduais mais bem votados no Vale de Jequitinhonha, com muita fraternidade e com muita tranquilidade – não é desafio nem nada disso –, e para os 10 deputados federais votados no Vale de Jequitinhonha – eu sou o que moro lá, mas não o único votado lá – para a gente propor, como eu propus, deputado Leleco… Por exemplo, nós temos projetos do governo estadual sendo votados aqui. Por que não dizer que também podemos propor ao governo estadual o seguinte… Nós temos processo de obstrução – e são várias situações de processo de obstrução – e, então, vamos propor o seguinte: “Olha, nós queremos debater as estradas, governo! Está querendo debater as estradas? Nós vamos debater as estradas”. É legítimo colocarmos aqui o processo de obstrução enquanto o governo não quiser debater as estradas. Então fica o convite aqui publicamente. Eu quero convidar os 10 deputados estaduais e os 10 deputados federais mais bem votados no Vale Jequitinhonha – e falo isso com muita tranquilidade; estou diante de dois parlamentares que sei que trabalham e prestam trabalho ao Vale – para que possamos fazer uma caravana e, inclusive, ver se o que estou falando é verdade; e para que possamos entrar numa van, de repente, acompanhados pela TV Assembleia. Vamos fazer um trajeto! Vamos sair daqui para o Vale do Jequitinhonha! Vamos andar pela estrada! E os federais também! É fundamental que eles estejam nessa luta, pois nós temos estradas federais também. Vamos propor um requerimento e, juntos, ir ao governo mostrar as situações dessas estradas. Gente, quando chega um parlamentar ao ponto disso… V. Exas. sabem o meu trabalho. Sabem o que é toda semana você… E não há espaço, deputado Leleco! Quando você chega a um velório, as pessoas lhe cobram. Quando você chega à feira, as pessoas lhe cobram. Por quê? Porque quem eles veem é você lá. Não veem outros e aí cobram de quem eles veem, de quem aparece. Com certeza, quando V. Exas. vão a reuniões nas bases, eles cobram de vocês: “Deputado Bechir, o que você pode fazer pela estrada? Deputado Leleco, o que você pode fazer?”. E aí eu acho que, com muita tranquilidade – e fica aqui essa proposta –, devemos nos sentar entre nós, deputados, e ver qual é a ideia que cada um tem. A cada viagem minha vou pensando pelas estradas que tipo de clamor eu faço. A cada viagem! E não poupo ninguém, não poupo ninguém! Outro dia cheguei a ponto de, numa viagem que fiz há pouco, dizer assim: “Dnit…”. Não tem nem como correr nas estradas, gente! Às vezes, eu coloco o celular e o fixo ali e vou dizendo: “Dnit, são 2 horas da manhã. Imagine o que é sair daqui na quinta e chegar às 2 horas da manhã” – e eu passo por isso – “e passar por aquelas crateras!”.

O pessoal da comunicação da Assembleia já viu muitos vídeos meus. Em minhas audiências postam alguns vídeos da gente lá. Um eu mandei para o Dnit e disse: “Dnit, pense nos filhos, pense nas pessoas que usam essa estrada para ir a Porto Seguro passear. Não quer pensar? Pense nos filhos que vêm uma vez ao ano visitar os seus pais. Não quer pensar neles? Pense nos estudantes de Itinga e de Itaobim que vão para o instituto federal. Pense! Não quer pensar? Pense naqueles que vão para a universidade. Não quer? Pense naqueles que vão carregar os seus produtos da agricultura familiar. Não quer pensar neles? Pense nos pacientes de hemodiálise. Não quer pensar? Pense pelo menos em vocês, porque amanhã ou depois poderão ser vocês que passarão aqui”. Aí depois eu tive outra ideia. Havia um carro à minha frente, e eu estava gravando e indo de Jequitinhonha a Itaobim: “Olha, o buraco está incomodando você? Ele incomoda a mim também. Eu não sei de que partido você é. Não importa de que partido nós somos. Olha, você virou o seu carro saindo da estrada para fugir do buraco, e eu também vou virar o meu. Você está saindo totalmente fora da estrada? Não se preocupe! Está infringindo a lei de trânsito, mas o buraco não deixa você passar. Olha, eu vou dar sinal de farol para ver se você para”. Eu dei, e o cara parou. Eu falei: “De onde você veio?”. “Da Bahia.” “As estradas lá estão assim?” “Não.” Aí eu disse a ele: “Boa viagem!”. É uma maneira que a gente tem de dizer boa viagem, porque logo ali na frente você pegará mais buraco até Araçuaí. E agora, nessa vinda, eu tive essa ideia e falei: “Vou pedir oficialmente, por escrito, registrado, porque já fiz isso em audiência” – e V. Exa. estava na audiência, deputado Leleco –, “uma reunião com os 10 deputados estaduais e os 10 deputados federais mais bem votados do Vale do Jequitinhonha”. Não quero saber do partido político, não quero saber da ideologia política. Quero saber se ele pensa que a estrada que incomoda o agricultor, que a estrada que faz o produto chegar mais caro às feiras, que faz o nosso arroz ser mais caro lá do que aqui, o óleo ser mais caro… Quero saber se ele concorda com isso. Então fica aqui esse pedido para que nós possamos programar uma reunião fraterna, solidária, para que nós possamos provocar tanto o governo do Estado quanto o governo federal.

Eu não poderia terminar a minha fala sem reforçar o convite ao governador Zema: se V. Exa. acha que é tão bom andar de carro pelas estradas, pare de andar de avião, venha andar de carro. Muito obrigado.

O presidente – Pauta importante, deputado. Conte com o nosso apoio e o nosso carinho. Com a palavra, para seu pronunciamento, o deputado Elismar Prado.