Pronunciamentos

DEPUTADO BRUNO ENGLER (PL)

Declaração de Voto

Apresenta críticas e questionamentos ao projeto de lei que cria o Programa de Enfrentamento ao Assédio e Violência Política Contra a Mulher, no âmbito do Estado. Comenta ameaças sofridas por parlamentares mineiras e destaca ameaças sofridas também por homens que atuam em cargos políticos.
Reunião 26ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 1ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 01/09/2023
Página 66, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 2309 de 2020

26ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 30/8/2023

Palavras do deputado Bruno Engler

O deputado Bruno Engler – Boa tarde, presidente; boa tarde aos colegas; boa tarde a todos os presentes. Sr. Presidente, eu vim aqui declarar o voto justamente para falar desse projeto, o PL nº 2.309/2020, porque eu encaminhei esse projeto e o fiz de maneira muito tranquila, de maneira muito técnica, inclusive lendo os trechos do projeto que considero problemáticos. E, logo depois, a deputada que me sucedeu, sem citar o meu nome, fez críticas aqui ao meu discurso. Ela disse que não adianta se solidarizar com a violência e com as ameaças sofridas e ser contra o projeto – quer dizer, se não votar comigo, a sua solidariedade não vale nada; e ela ainda desqualificou a ameaça que eu sofri e que eu citei aqui, dizendo que não é a mesma coisa, que a ameaça contra um parlamentar homem não vale. Quer dizer, então, Coronel Sandro, que se a gente sofrer ameaça é de brincadeirinha. Quando eu recebo um e-mail falando que vão colocar uma bomba no meu gabinete e espalhar as minhas banhas pela Assembleia é uma piada, é uma brincadeira. Quando eu sofro ameaça; quando o Nikolas sofre ameaça, e sofre bem mais do que eu; e quando o presidente Bolsonaro sofre uma facada não é em virtude da nossa atuação política. Homem nenhum é ameaçado em virtude da sua atuação política. Provavelmente a gente sofre ameaça pelo time que a gente torce – deve ser isso. Mas aí fica complicado, porque eu torço para o Atlético, o Nikolas torce para o Cruzeiro, o Bolsonaro torce para o Palmeiras, e não vamos poder torcer para time nenhum. Ou será que a gente também sofre ameaça e sofre violência em virtude da nossa atuação política? E as ameaças que eu sofri, essas, sim, vieram a ser desqualificadas aqui, da tribuna da Assembleia, como sendo uma coisa que não vale. Só vale ameaça contra mulheres! Um parlamentar homem jamais vai sofrer ameaça pela sua atuação parlamentar. Então o mais curioso é que nós tivemos parlamentares mulheres votando conosco. A parlamentar Delegada Sheila, minha colega de partido, votou contra o projeto. Será que ela estava fazendo violência política contra a mulher? Na emenda, além da Delegada Sheila, a deputada Lud Falcão, que aqui estava, votou conosco. Será que é violência política contra a mulher? Quer dizer, as mulheres podem atuar desde que concordem comigo, senão elas estarão praticando violência política. Mas o pior de tudo é que tudo o que eu falei desta tribuna se confirmou no Plenário. Logo que o projeto foi votado, um deputado da esquerda disse assim: “É, agora os homens vão ter que tomar cuidado com as mulheres na Assembleia”. Como assim tomar cuidado? A gente vai ter que medir as nossas palavras, medir o que a gente vai falar? O próprio líder do bloco de oposição, o deputado Ulysses, veio aqui e disse que a questão de ordem do deputado Sargento Rodrigues foi uma violência política de gênero. Pessoal, todo mundo ouviu o discurso do Sargento Rodrigues: ele, em algum momento, atacou alguma parlamentar? Ele, em algum momento, foi violento, ou ele defendeu uma posição? Ele simplesmente defendeu a sua posição. Então, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, eu vim aqui para alertar: esse projeto é um tiro no pé, e não é um tiro de calibre 22, não; é um tiro de canhão no pé. Vamos ter cuidado com o que a gente vota. Foi apenas o 1º turno. Em 2º turno, se esse texto não for corrigido, ou seja, se ele for mantido do jeito como está, acabou a liberdade para discutir proposições, discutir ideias e debater na Assembleia. Isso é muito perigoso. Para encerrar, eu gostaria só de fazer uma ressalva. A deputada que me sucedeu disse: “Talvez, se tivéssemos aprovado esse projeto antes, as ameaças não chegariam”. Ora, deputada, desde quando o bandido respeita lei! Se é só colocar, no texto da lei, que não pode fazer as coisas, não haveria homicídio, não haveria latrocínio, não haveria sequestro, não haveria roubo. Ora, está na lei e não pode fazer! Dizer que bandido vai respeitar o projeto de lei que nós estamos aprovando aqui? Esse projeto não resolve, em nada, as ameaças; não resolve, em nada, a violência; impõe censura e inibe o debate no Parlamento. É um projeto que não acrescenta nada...E é um atraso ao nosso Parlamento. Muito obrigado.

A presidenta (deputada Leninha) – Obrigada, deputado Bruno Engler. Com a palavra, a deputada Lud Falcão.