Pronunciamentos

DEPUTADO HELY TARQÜÍNIO (PV)

Discurso

Manifesta posição favorável ao projeto de lei que altera a lei que dispõe sobre o Programa de Descentralização da Execução de Serviços para as Entidades do Terceiro Setor e dá outras providências.
Reunião 61ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/07/2021
Página 175, Coluna 1
Assunto SERVIÇOS PÚBLICOS. SETOR PRIVADO.
Proposições citadas PL 1088 de 2019

Normas citadas LEI nº 23081, de 2018

61ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 14/7/2021

Palavras do deputado Hely Tarqüínio

O deputado Hely Tarqüínio – Sras. Deputadas e Srs. Deputados, eu quero aqui fazer um apelo final. Eu quero aqui dizer que tenho a consciência da experiência médica no que tange à gestão e direção de entidades públicas e privadas no sentido de promover o lucro. E o lucro, do ponto de vista público, do ponto de vista de povo, no caso da saúde, educação e segurança, é a vida. É imanente à própria vida a saúde e a educação. Tudo que um pai de família tem é tranquilidade quando vive num País – o pai e a mãe, principalmente – que tem saúde pública assistida pelo poder público. E aqui, no Brasil, a tendência é exatamente buscar as OSs para administrar a coisa, que é dever do Estado. É dever, é deontológico, isso é importante porque a vida não tem preço. “Ah, dá prejuízo”. Não. Nenhum hospital público dá lucro. O lucro é a vida das pessoas, principalmente das mais pobres.

E o SUS no Brasil foi sonhado, foi colocado no papel e está em evolução exatamente por causa da resistência contra aquelas grandes empresas em que as pessoas têm condições favoráveis de sobrevivência e se esquecem das pessoas pobres. O SUS tem uma estrutura física e também funcional já razoável no País. Todo mundo sabe o que é um posto de saúde, todo mundo sabe o que é o programa Saúde da Família, todo mundo conhece uma UBS, todo mundo sabe o que é uma UPA. Isso aí tem uma instância progressiva para atender aquilo que é programado, aquilo que dá tempo e aquilo que não dá. Na UPA você vai em caso de urgência. Se a pessoa pensa que tem uma dor de cabeça, isso já é motivo de urgência, ela vai até a UPA. Se ela chegar lá e precisar internar, ficará na observação. Às vezes, ela já sai melhor e vai para casa. De repente, vai para o hospital porque é caso grave.

E isso ficou bem claro nessa situação de Covid em que vivemos a tragédia de tantas mortes: seriam muito mais, podem multiplicar o número de mortes se não houvesse a estrutura do SUS. E tudo que é público... República é patrimônio do povo, res publica, coisa pública. O patrimônio é do povo, a soberania é de quem comanda, e, se dermos soberania para a iniciativa privada cuidar de uma coisa tão nobre como é a vida dos pobres, principalmente daqueles mais necessitados, ficará difícil convivermos com a miséria na saúde pública.

Então, quero fazer um apelo aqui – e não vou prolongar porque já está na hora de fazer a votação –, pedir aos colegas, apelar mesmo. Saúde, educação e segurança pública é coisa que o povo merece que seja exercida pelo poder público, que exerce a soberania do voto a que o povo lhe confiou. É traição o que está acontecendo com essas OSs. Se deixar, o governador vai privatizar tudo o que for possível. Mas começar pela saúde? Ele vai deixar muita gente morrer. A responsabilidade é do governo de Minas Gerais. Se implantar as OSs nas 21 unidades de saúde dos hospitais da Rede Fhemig, é o caminho da privatização definitiva. E hoje todo mundo sabe o custo que existe no setor privado. Eu tenho um amigo que teve a Covid, foi a São Paulo e ficou 18 dias entubado; saiu e pagou R$1.200.000,00. Agora você pensa bem um cara com um salário mínimo! Ele não pode sonhar com a vida, ele tem que morrer.

Então, a favor da vida e contra a morte, nós queremos apelar também para que o governador seja iluminado por Deus para perceber essa dificuldade existencial, esses problemas da saúde, assim como as tantas desigualdades e a linha da miséria que ainda existe muito em Minas Gerais.

Nós estamos aqui é para trabalhar, para ver se a gente busca sempre o princípio da razoabilidade, o princípio da regulação do Estado, principalmente para regular os indicadores sociais. Há três indicadores nobres que mexem com a vida, mas dois principalmente: saúde e educação. A pessoa precisa perceber o mundo, reconhecer o mundo com os órgãos do sentido e com a engenharia do cérebro. Mas, se não passar numa escola pública, têm dificuldades – os pobres, os ricos podem ir, sim, para a iniciativa privada. Não somos contra aqueles que têm condições, mas precisamos entender os estratos sociais, que existem várias divisões sempre no sentido decrescente, do grande para o pequeno.

Queria, então, aqui, mais uma vez, apelar. Saúde e educação é imanente à vida, nasce com o indivíduo; e o Estado tem dever de assistir essas pessoas. Vamos evitar a privatização de 21 unidades da Fhemig. E agora, inclusive, foi colocado o dinheiro para construir os hospitais. Nós esperamos que, quando eles estiverem prontos, não esteja uma OS já de olho para administrar o que é do povo através de uma administração privada.

Então vamos votar aqui. Viva a saúde, a educação e a segurança no voto “sim”! Obrigado.