Pronunciamentos

DEPUTADO BONIFÁCIO MOURÃO (PSDB)

Questão de Ordem

Critica a intenção do governo de permitir a divisão e a venda da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais - Codemig. Comenta decisão judicial que condena o Estado a pagar à Prefeitura de Governador Valadares, referente a repasse de verbas na área de saúde.
Reunião 10ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 18ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/03/2018
Página 22, Coluna 1
Assunto ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ALMG). COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MINAS GERAIS (CODEMIG). EXECUTIVO. FINANÇAS PÚBLICAS. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. SAÚDE PÚBLICA.
Proposições citadas PL 2728 de 2015
MSG 350 de 2018

10ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA, EM 6/3/2018

Palavras do deputado Bonifácio Mourão

O deputado Bonifácio Mourão – Na verdade, presidente, pedimos para discutir a ata e ainda não havia esgotado o tempo quando V. Exa. passou para a parte seguinte. Daí a questão principal da minha questão de ordem. Mas, para discutir a ata, o que iríamos falar é ainda sobre essa questão da venda, da divisão da Codemig, da criação da Codemge, e o prejuízo que o Estado de Minas Gerais está tomando com isso. Todos nós sabemos que, primeiramente, houve uma emenda chamada frankenstein. Não estamos falando somente para a parte interna da Assembleia Legislativa, estamos falando para o povo de Minas Gerais. É preciso que o povo de Minas Gerais, aquelas pessoas que não acompanham de perto, saibam o que é uma emenda denominada frankenstein. É aquela emenda que foge, totalmente, do ordenamento jurídico previsto na Lei Complementar nº 95, lei federal que procurou dar um ordenamento jurídico à legislação brasileira e a todos os estados e municípios brasileiros. Todos, sem exceção, todos os Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Muito bem deputado João Leite, estamos aqui procurando, através de nossas palavras, honrar o que está escrito aqui e que foi demonstrado ao povo de Minas Gerais por V. Exa. Mas dizíamos, deputado João Leite, o que é uma emenda frankenstein, e o que o governo Fernando Pimentel, do PT, e os deputados da base estão sustentando, absurdamente. Trata-se de uma emenda frankenstein para a venda da joia da coroa, que é a Codemig, com o nióbio de Minas Gerais. Emenda frankenstein significa o seguinte: manda-se um projeto para a Assembleia, no caso, foi relativo à saúde; vem uma emenda que não tem absolutamente nada a ver com a questão. No texto daquela lei fala que a Codemig será dividida em duas partes, uma das partes será a Codemge, criada com o objetivo de o nióbio ficar pertencendo à Codemig e ser utilizado pelo governo de Minas Gerais para se proteger nas eleições deste ano. O problema mais grave é que vamos ter eleições daqui a pouco mais de seis meses. Nisso, o governo se prepara e fala que o dinheiro que ele vai receber com a venda da Codemig, cerca de R$6.000.000.000,00, vai ser aplicado, segundo alegação do governo, para atualizar o pagamento da folha dos servidores, que é de R$3.500.000.000,00 – e não atualiza mais que dois meses –, e, ao mesmo tempo, para pagar o que deve aos municípios de Minas Gerais, porque obra não faz nenhuma. Ora, estamos enxergando que o governo está se utilizando de emenda frankenstein absurda para iludir o povo de Minas Gerais. Ele não pode fazer isso. O nióbio, todos sabemos, já disse aqui, é joia da coroa. O Brasil produz 96% do nióbio do mundo, e 80% está em Minas Gerais, e é isso que o governo está vendendo. Ao vender, o povo de Minas Gerais deixa de receber essa arrecadação e, ao deixar de recebê-la, não tem obra. Por exemplo, deputado João Leite, a Cidade Administrativa foi construída com o dinheiro da Codemig, nos governos do Aécio Neves e Anastasia. Não vamos ter esse dinheiro mais, dinheiro para sustentar os distritos industriais de Minas Gerais e para ampliá-los, para atualizá-los. Não há mais dinheiro para isso também. Não há dinheiro para a manutenção da Expominas, assim como para tantas outras coisas, principalmente para fazer obras de Minas. Não há dinheiro, por quê? Porque o governo Pimentel está vendendo para o particular. Mas vendendo com qual objetivo? Com objetivo nobre? Não, com o objetivo de fazer política. O povo de Minas Gerais precisa saber disso, que é através de uma emenda absolutamente inconstitucional, que fere, frontalmente, a Lei Complementar nº 95, conforme estamos demonstrando aqui. Mas, se eu tiver oportunidade de falar no pinga-fogo, Sr. Presidente, vou falar sobre questão mais grave. Agora, em Governador Valadares, o jornal de hoje noticiou que o juiz determinou ao Estado que pague ao município o que está devendo na área de saúde, R$44.000.000,00, porque o hospital municipal, que é regional, atende a mais de oitenta municípios da região e está na iminência de fechar, uma vez que o governo não repassa nada. Somente as prefeituras, não só de Valadares, mas tantas outras, estão aguentando essa total falta de rumo em que está o governo do Estado de Minas Gerais.