DEPUTADO PAULO PIAU (PPS)
Discurso
Comenta o projeto de lei que inclui a Assembléia Legislativa como
participante do procedimento a ser adotado pelo Estado na realização de
medidas necessárias à proteção da economia sempre que outra unidade da
Federação conceder benefício fiscal não previsto em lei complementar ou
convênio celebrado. Despede-se da Assembléia Legislativa em função de sua
eleição para a Câmara dos Deputados.
Reunião
68ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/12/2006
Página 57, Coluna 1
Assunto (ALMG). FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA. TRIBUTOS.
Proposições citadas PL 3732 de 2006
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/12/2006
Página 57, Coluna 1
Assunto (ALMG). FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA. TRIBUTOS.
Proposições citadas PL 3732 de 2006
68ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
15ª LEGISLATURA, EM 20/12/2006
Palavras do Deputado Paulo Piau
O Deputado Paulo Piau - Sr. Presidente, Deputados e Deputadas,
inicialmente agradeço aos companheiros desta Assembléia
Legislativa o convívio que tive com vários de vocês, por 12 anos,
por 8 ou por 4 anos, o que muito me enriqueceu e me trouxe muita
alegria. Faço esse reconhecimento, de coração.
Manifesto a minha disponibilidade junto à Câmara Federal, para que
somemos esforços em busca de um desenvolvimento para o nosso país
e, de maneira especial, para o nosso Estado.
Gostaria de cumprimentar o Deputado Luiz Humberto Carneiro por
esse projeto que apresenta e também os seus relatores, por terem
admitido a correção de um item muito importante em relação à
indústria mineira de sacos plásticos, principalmente porque,
vizinha de outros Estados, estava ficando sem poder de competição.
Trata-se de uma luta antiga. Há cerca de três anos vimos lutando
para salvar esse tipo de indústria, ou melhor, a indústria do saco
plástico preto para embalagem de lixo.
A Secretaria de Fazenda, por muito tempo, entendeu que ela não
deveria ter o mesmo tratamento tributário dispensado às outras
embalagens, como, por exemplo, a de arroz e a de feijão; mas,
agora, conseguimos corrigir essa distorção. Por isso, o meu
agradecimento a esta Casa por essa correção.
Ocupo esta tribuna para encaminhar essa votação, levando comigo
uma frustração. Estamos há quatro anos lutando pelo ajuste
tributário do álcool no Estado. Aqui, em Minas, o ICMS do álcool é
de 25%. Não é o maior do País. Estados que não produzem álcool, em
via de regra têm impostos maiores em razão da arrecadação.
Minas, hoje, é um Estado que já está auto-suficiente na produção
de álcool, ao lado de São Paulo, que cobra apenas 12% de ICMS; de
Goiás, com apenas 15% de ICMS; e do Paraná, com 18% de ICMS, e são
Estados produtores. Chegamos à conclusão de que Minas é o Estado
que mais tributa o álcool. Quando digo isso, muita gente pode
pensar que estou defendendo o usineiro. Pelo contrário, claro que,
para decidir investir em Minas Gerais, o usineiro vai olhar o
custo do ICMS, dos impostos, porque o mercado interno de Minas é
importante para ele. Mas diria que o consumidor mineiro não está
tendo a oportunidade, pois hoje 80% da produção dos carros
nacionais são carros "flex", que podem usar álcool; quando se
chega a um posto de gasolina, pode-se optar entre a gasolina e o
álcool. Os dados mostram que o consumo de álcool no Brasil, neste
ano, foi acima de 30%, exatamente por causa dos carros "flex". Em
Minas Gerais, pasmem os senhores, reduziu-se o consumo do chamado
álcool hidratado em 11%. Enquanto, no Brasil, o consumo do álcool
cresce mais de 20%, Minas Gerais reduziu em 11%. São dados da ANP,
são dados oficiais. Isso porque o consumidor mineiro está tolhido
de colocar álcool combustível em seu carro "flex".
Sr. Presidente, estamos lutando por isso. Há um projeto que ainda
fica nesta Casa, evidentemente será arquivado, pedindo a redução
do ICMS de 25% para 12%, mas claro que não vamos conseguir votá-lo
agora.
Apresentamos algumas emendas a esse projeto, que ora está em
processo de votação. Demos a alternativa ao governo de reduzir a
alíquota de ICMS do álcool para 12%, 15% ou 18%. Ontem tivemos uma
reunião bastante intensa na Secretaria de Fazenda, para tentar, de
última hora, ainda corrigir essa distorção. Esse tributo de 25% é
maléfico para o desenvolvimento do Estado, em que pese a
Secretaria de Fazenda ter avançado. Temos de comemorar os avanços
dessa Secretaria, pois seu enfoque desenvolvimentista melhorou.
Mas diria que Minas tem de avançar muito ainda. O enfoque da
Secretaria de Fazenda ainda é arrecadatório, e não se pode fazer
desenvolvimento baseado em tributo. Por isso, levo minha
frustração ao deixar esta Casa, mas não vou deixar de continuar
essa luta, porque há um compromisso, Deputados Irani Barbosa e Zé
Maia, do governo do Estado, do Governador; e ontem houve um
compromisso da Secretaria de Fazenda, por meio do seu Secretário
Adjunto Pedro Meneguetti e do nosso Líder, Alberto Pinto Coelho,
de trazer esse assunto à discussão agora, no início da nova
legislatura.
Queria fazer um apelo aos nossos queridos Deputados Estaduais, os
que permanecerão e os novos que virão, para que esse assunto seja
o mais rapidamente possível tratado, porque deixarei aqui um
número que impressiona: há 25 projetos de unidades industriais
previstas para Minas Gerais. Todos pensam que esse investimento
anunciado pelo governo está líquido e certo, mas não está. Ontem
estivemos na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, e
vários desses projetos nem contêm protocolo de intenção assinado,
o que significa que esses investidores poderão deixar o nosso
Estado e migrar para Goiás ou para o Mato Grosso ou para outros
Estados em que a situação tributária lhes seja mais conveniente.
Deixo esse apelo.
Portanto, Sr. Presidente, aqui não há nenhuma intenção de
beneficiar segmentos. Pelo contrário, inclusive os postos de
gasolina estão nessa empreitada, além dos consumidores, para que
Minas faça essa correção.
O setor sucroalcooleiro de Minas Gerais tem uma concepção
diferente do Nordeste, onde o usineiro é dono da usina, das
terras, do caminhão que transporta a cana, do posto de gasolina e
da oficina mecânica, o que implica concentração de renda. As
usinas que vieram para Minas Gerais têm uma concepção diferente.
Os usineiros são donos da usina. Compraram pouca terra em torno da
usina e, portanto, nem terra têm. Fazem distribuição de renda por
meio dos produtores rurais, terceirizam transporte, assim como
oficina mecânica, havendo, portanto, distribuição de renda.
O meio ambiente está equilibrado porque nosso aparato legal-
institucional faz com que esse equilíbrio exista. Minas pode
salvar agora apenas o aspecto social, que é fazer com que o
produtor e o trabalhador rural tenham a opção de permanecer no
campo. Isso é o que está nas mãos do Governador Aécio Neves, como
sugestão, para que desenvolva um bom programa, como o que acontece
com nossa usina de Delta, que incentiva os produtores de cana a
produzir leite em pasto irrigado. Isso é política pública, é
programa de governo. Acredito que temos a chance de evitar a
monocultura, que faz com que a cultura da cana se expanda de
maneira negativa.
Essa luta não termina, embora muitos estejam frustrados, mas
fazemos tudo dentro do possível. A luta continua principalmente
pelos compromissos assumidos para solucionar esse caso no início
de 2007. Obrigado, Sr. Presidente.