A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ampliou sua parceria com a UFMG no combate à pandemia de Covid-19. Por meio de um convênio entre as duas instituições, o Parlamento de Minas acertou o repasse de R$ 1.547.388 diretamente a três projetos em andamento na universidade.

São iniciativas de telemedicina, desenvolvimento de um respirador mais barato e de produção e distribuição de máscaras faciais de acrílico para trabalhadores da saúde. A solenidade que marcou a formalização do repasse foi realizada nesta quinta-feira (18/6/20), no Plenário da ALMG, com as presenças do presidente da Casa, deputado Agostinho Patrus (PV), e da reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida.

Os mais de R$ 1,5 milhão já começaram a ser liberados, sendo divididos em três parcelas iguais repassadas em maio, junho e julho.

“Nunca a UFMG teve uma parceria tão profícua e tão intensa com a Casa do Povo que é a Assembleia Legislativa de Minas Gerais”, afirmou a reitora durante a solenidade, ao lembrar outras iniciativas conjuntas realizadas recentemente, como a campanha de financiamento coletivo realizada em março para socorro financeiro aos hospitais.

O deputado Agostinho Patrus salientou que o repasse à UFMG é fruto de um esforço de todos os 77 deputados estaduais, que economizaram 30% de sua verba para manutenção dos gabinetes durante os três primeiros meses da pandemia de Covid-19. “Cada um dos 77 deputados estaduais se sente muito honrado em poder contribuir”, afirmou o presidente da ALMG.

Agostinho Patrus lembrou que esse esforço conjunto dos parlamentares tem sido constante, a exemplo dos cerca de R$ 300 milhões em emendas ao orçamento que foram redirecionadas para ações de apoio ao setor de saúde e outras áreas prejudicadas pela pandemia.

O deputado elogiou o papel desempenhado pela UFMG e prestou homenagem ao ex-reitor Tomaz Aroldo da Mota Santos, falecido nesta quinta-feira (18/6/20). Ele também lembrou as palavras do primeiro reitor da instituição, Francisco Mendes Pimentel, que em 1927 já afimava que a universidade não pode ser “cúmplice passiva de tiranias”. “Parece que o primeiro reitor enxergou o futuro de alguma forma”, comentou Agostinho Patrus.

A reitora também lembrou o esforço passado da Escola de Medicina, mais tarde integrada à UFMG, que em 1919 transformou-se em um hospital provisório para socorrer a população durante a pandemia da Gripe Espanhola. Os projetos atuais, financiados em parte pela Assembleia, são uma continuação desse esforço em apoio à população.

Ventiladores desenvolvidos pela UFMG usarão apenas peças nacionais

Um dos projetos beneficiados é o desenvolvimento de ventiladores hospitalares mecânicos, ou seja, que funcionam mesmo sem energia elétrica. De acordo com Geraldo Márcio Alves dos Santos, professor da Faculdade de Educação da UFMG e um dos coordenadores do trabalho, o objetivo é criar um respirador que use apenas peças nacionais e, assim, tenha um custo mais baixo.

Ele afirmou que dois protótipos já foram testados e que agora só falta melhorar a precisão no controle da quantidade de ar a ser ventilado. Segundo ele, a verba da ALMG deve ser utilizada para adquirir peças, como válvulas e cilindros, para esse fim. O professor acredita que, em breve, o equipamento poderá ser testado clinicamente e produzido em larga escala.

Mais de 5 mil máscaras já foram distribuídas a profissionais da saúde

Outro projeto é para produção de máscaras faciais de acrílico destinadas ao uso de profissionais da área da saúde. O trabalho, segundo a professora do Departamento de Química Heveline Silva, reuniu voluntários com acesso a impressoras 3D para produzir peças que compõem esses protetores. Na UFMG, essas peças são montadas e distribuídas para os hospitais. Também o Cefet e a Fiocruz participam do trabalho.

Mais de 5 mil protetores já foram entregues pelo projeto, iniciado no fim de março, para hospitais, UPAs e centros de saúde de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ibirité, Ribeirão das Neves, Divinópolis, Varginha, Boa Esperança, Poços de Caldas, Pará de Minas, Itabira, Pedro Leopoldo, Barroso, Montes Claros Itajubá e outros.

As próximas cidades atendidas serão, ainda de acordo com a professora, Barbacena, São João del Rei, Poços de Caldas, Diamantina, Sete Lagoas, Viçosa, Teófilo Otoni e outras, num total de 10 mil protetores distribuídos.

Telemedicina – O terceiro programa beneficiado é o Telecovid-19. A iniciativa é do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG e consiste em um serviço de atendimento para tirar dúvidas sobre Covid-19 acessível a todo cidadão, com teleconsultoria para profissionais de saúde e teleconsulta para pacientes com doença crônica.

A expectativa é de que, até outubro, sejam realizadas 15,5 mil consultas para doentes crônicos, 20,7 mil para dúvidas sobre Covid-19 e mil teleconsultorias para profissionais de saúde da atenção básica. Segundo a reitora, o trabalho visa sobretudo ajudar pessoas que não podem se deslocar à Capital e é referência para todo o País.

Parceria – A parceria da Assembleia com a UFMG no combate ao novo coronavírus começou em março deste ano, quando a Casa se juntou à campanha de arrecadação de recursos para auxiliar hospitais do Estado. O Parlamento mineiro e a universidade também assinaram, em abril, um protocolo de cooperação técnica, que resultou, entre outras coisas, na realização conjunta de um websimpósio.