Deputados cobram soluções para danos causados pelas chuvas
Prefeito de BH, Alexandre Kalil, e governador Romeu Zema são criticados pela atuação diante da tragédia.
04/02/2020 - 19:41As consequências das últimas chuvas no Estado e, em especial, em Belo Horizonte, foram tema dos quatro pronunciamentos realizados na tribuna do Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na Reunião Ordinária desta terça-feira (4/2/20). Os temporais deixaram 57 mortos e milhares de desabrigados.
Sargento Rodrigues (PTB), João Leite (PSDB) e João Vítor Xavier (PSDB) centraram suas críticas na atuação do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), diante da destruição causada na Capital.
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Os deputados salientaram a agilidade com que a PBH reconstruiu a Rua Marília de Dirceu, na Zona Sul da Capital, em detrimento de outras áreas, como a Avenida Tereza Cristina, que seguem destruídas. “A cem metros da casa do prefeito, já está tudo pronto. Quem mora na favela e na periferia fica pra depois”, afirmou Sargento Rodrigues.
Para João Leite, Kalil desconhece os problemas da cidade e, por isso, estava em Buenos Aires, na Argentina, no período em que as chuvas geralmente castigam Belo Horizonte. “São três anos de governo e ele ainda não planejou, com Contagem, o que fazer a montante do Arrudas. As regionais também não estão atuando nesse governo”, criticou.
Já João Vítor Xavier repudiou a maneira como o prefeito trata os jornalistas nas entrevistas coletivas, segundo ele, com a “tática de agredir para tentar encurralar”. Ele cobrou um posicionamento do Sindicato dos Jornalistas e afirmou que várias perguntas dirigidas a Kalil continuam sem respostas, entre as quais o pouco investimento nas obras de infraestrutura.
“A Vila Bernadete, onde morreram sete pessoas, não estava no mapa de áreas de risco”, afirmou também João Vítor Xavier. Em aparte, o deputado Carlos Henrique (Republicanos) fez uma crítica pontual ao prefeito, que, segundo ele, se recusou a receber um grupo de atingidos pela chuva que tentava uma reunião intermediada pelo próprio deputado.
Carlos Henrique anunciou audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização para esta quinta-feira, às 10 horas, para dar voz aos atingidos que não conseguiram falar com a Prefeitura. Também em aparte, Bartô (Novo) afirmou que é preciso cobrar dos Executivos a prevenção de enchentes.
Estado – Já o deputado Fernando Pacheco (sem partido) dirigiu sua crítica ao governador Romeu Zema (Novo). O deputado argumenta que não há nada de concreto até agora vindo do Executivo estadual, nenhuma informação no interior e nenhum plano de trabalho. “São muitos problemas, muitas doenças. A palavra agora tem que ser ‘providência’, no prazo imediato, porque vem mais chuva”, afirmou.
O deputado também cobrou a democratização dos recursos, de forma proporcional entre as cidades atingidas. E criticou a falta de diálogo, que atrapalharia até mesmo a destinação de recursos de emendas parlamentares. “O governo tem que sair de sua zona de conforto”, afirmou. Em aparte, Bosco (Avante) sugeriu uma reunião de prefeitos com a Defesa Civil estadual.
Em outros pronunciamentos realizados em Plenário, Beatriz Cerqueira (PT) também criticou o governador, por, segundo ela, culpar os moradores pelos problemas da chuva. Mauro Tramonte (Republicanos) também cobrou providências e ajuda aos atingidos.
Andréia de Jesus (Psol) complementou que o discurso “sem sal” de Romeu Zema não consegue chegar aos moradores atingidos. Ela elogiou o trabalho de voluntários, mas destacou que eles não podem fazer o trabalho do Estado.
Já Tito Torres (PSDB) fez a defesa do governador, salientando que ele já pagou aos municípios a primeira parcela da dívida deixada pela administração anterior, o que ajudará os municípios a lidar com a situação. O deputado disse ser testemunha do empenho de toda a equipe do Executivo para atender os municípios afetados pela chuva.
Virgílio Guimarães (PT), por sua vez, fez a defesa de Alexandre Kalil, que, segundo ele, lidou com os problemas causados pelas enchentes de maneira “diligente e ativa”. Por fim, Bruno Engler (PSL) reforçou as críticas a Alexandre Kalil e agradeceu ao governo federal pela ajuda financeira anunciada para Minas Gerais.
Decisão da Mesa – Ainda na Reunião Ordinária, foi comunicada decisão da Mesa da Assembleia de realizar consulta pública sobre a criação de dia de luto em memória das vítimas do rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho.