Ainda abalados pela tragédia que mudou a história de Brumadinho, em 25 de janeiro deste ano, cidadãos do município da Região Metropolitana de Belo Horizonte tiveram um momento de alegria e orgulho na tarde desta quarta-feira (27/3/19). A Comissão de Cultura fez uma homenagem à Banda São Sebastião, de Brumadinho, que recebeu diploma de congratulações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O autor do requerimento pela homenagem, deputado Mauro Tramonte (PRB), destacou que esta é uma forma do Legislativo mineiro reconhecer o trabalho desenvolvido pela corporação musical, que completará em maio deste ano, 90 anos de fundação.

O parlamentar destacou que a banda vai se apresentar na Brazil Conference Harvard and MIT, em Boston (EUA), no dia 7 de abril, e vem ensaiando com muito afinco. Por esse motivo, apenas um membro do grupo pôde comparecer ao Auditório José Alencar para receber o diploma.

Mauro Tramonte engrandeceu a atuação da banda, que após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, consolou o povo de Brumadinho, prestou solidariedade aos familiares das vítimas da tragédia e homenageou bombeiros e todos os envolvidos nas buscas. “A música da banda foi a forma encontrada por eles para dar conforto àquelas pessoas”, constatou.

Criada 10 anos antes da emancipação de Brumadinho, a banda foi fundada em 13 de maio de 1929. Mauro Tramonte lembrou que, em 2008, a banda desenvolveu o projeto “Brumadinho: uma cidade musical”, em parceria com o Instituto Inhotim e outras entidades.

Logo depois de se pronunciar,  o deputado entregou o diploma de congratulações ao presidente de honra da Banda São Sebastião, Geraldo de Oliveira Silva, que representou na reunião o presidente da corporação, Anderson Hernany Cordeiro.

Funcionário da Vale há 28 anos e com dois filhos na banda, Geraldo disse que jamais imaginou que eles iriam tocar uma música para consolar corações que ainda sofrem com uma tragédia tão grande.  “Esta é uma marca histórica para Brumadinho, que vai ficar além da tragédia”, disse ele, acrescentando que a homenagem vai reforçar nos músicos o compromisso de colocar seu talento em prol dos semelhantes”.

"Única alegria no momento é a música" 

O vereador de Brumadinho Flávio Miranda agradeceu a Geraldo Silva pela Banda São Sebastião: “Nossa única alegria no momento é a música, representada pela banda, riqueza cultura de Brumadinho junto aos quilombolas e à folia de reis. Esses artistas são pouco reconhecidos pela elite”, afirmou.

Dirigindo-se ao público, formado por brumadinhenses e também por cidadãos de Caeté (RMBH), que protestavam contra a possibilidade de volta da mineração na Serra da Piedade, nesse município, consignou seu apoio à causa. “Nossas águas saem dessas montanhas e, se continuarem com essa ganância, vamos ter abastecimento só com caminhões pipa”, alertou.

Também o presidente da Ordem dos Músicos do Brasil, seção Minas Gerais, José Dias Almeida, elogiou os artistas da banda: “Vocês não fugiram à responsabilidade de amparar, confortar as pessoas com a música”. Ele expressou sua solidariedade ao povo de Brumadinho, “vítima de uma tragédia injustificada, que levou a vida de mais de 300 pessoas, por motivos banais”.

Poema - O chefe de comunicação da Polícia Militar, major Flávio Ferreira Santiago, que participou dos trabalhos em Brumadinho, leu um poema que compôs lembrando da tragédia. Em um trecho, ele discorre: “Fica um pedaço de mim sempre que percorro você, Brumadinho”. Também denunciou: “O verde não está na grama, mas na grana que alimenta as relações”. No entanto, revela esperança em outro trecho: “No córrego, o feijão voltará a nascer e Brumadinho a crescer, bandeira de uma nova consciência, quem sabe?”.

Serra da Piedade - Ao final, o presidente da comissão, deputado Bosco (Avante), convidou o Padre Fernando Nascimento, reitor do Santuário da Serra da Piedade, a fazer uma oração pelas vítimas e por toda a população de Brumadinho, atingida pela tragédia. Ele ainda ressaltou que, em 2019, comemora-se 252 anos da presença da Arquidiocese de Belo Horizonte na Serra da Piedade. “Sem a presença da igreja, a Serra nem existiria mais”, concluiu.

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