Acredita-se que mais de 60% das crianças que tiveram TDAH ingressaram na vida adulta com sintomas
A falta de políticas públicas para pessoas com TDAH foi abordada em reunião na ALMG, em 2015 - Arquivo ALMG

Deficit de Atenção e Hiperatividade será debatido na ALMG

Transtorno que se manifesta na infância e pode seguir na vida adulta é tema de audiência pública nesta sexta-feira (13).

12/04/2018 - 13:20

O Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) estará no centro das atenções na noite desta sexta-feira (13/4/18) quando será realizada, a partir das 18 horas, audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O debate acontecerá no Auditório José Alencar Gomes da Silva, atendendo a requerimento do deputado Fred Costa (PEN), vice-presidente da comissão.

Entre os convidados para o debate estão especialistas no assunto e representantes de entidades ligadas a esse transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida, conforme informações da Associação Brasileira do Deficit de Atenção (ABDA).

Também foram convidados os secretários municipais de Saúde e de Educação de Belo Horizonte, respectivamente, Jackson Machado Pinto e Angela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben, tendo em vista que o TDAH também exige adequações na prestação de serviços públicos. Diante disso, o deputado Fred Costa reforça ser importante debater o assunto no âmbito do Legislativo estadual.

O parlamentar é autor do Projeto de Lei (PL) PL 2.815/15, que deu origem à Lei 22.420/16, que institui, em Minas Gerais, a Semana de Conscientização sobre o TDAH, a ser comemorada anualmente na semana do dia 1º de agosto.

"É indispensável a criação de políticas públicas para a pessoa com TDAH em virtude de ser expressivo o percentual dos brasileiros com esse transtorno. Na outra ponta, é precário o atendimento no que se refere a diagnóstico, orientação e acompanhamento dos pacientes e familiares”, afirma Fred Costa.

A incidência do transtorno, segundo a ABDA, é avaliada por estudos realizados em várias regiões do mundo como entre 5% e 8% da população total e acredita-se que mais de 60% das crianças que tiveram o transtorno na infância ingressaram na vida adulta com sintomas.

Preconceito – Ainda de acordo com informações disponíveis no portal da ABDA, o TDAH se caracteriza, de uma forma geral, por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. E apesar de ser reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as pessoas com esse transtorno muitas vezes são alvo de preconceito por aqueles que consideram que o TDAH não existe, sendo uma invenção dos médicos ou da indústria farmacêutica.

Mas, de acordo com a ABDA, em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola. A importância dessa proteção é amparada por inúmeras pesquisas que atestaram a necessidade dessas crianças e adolescentes serem encaminhados a serviços especializados.

O que é - O TDAH, ainda segundo informações da ABDA, se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas: desatenção e hiperatividade/impulsividade. Neste último tópico, o TDAH em geral se associa na infância a dificuldades na escola e no relacionamento com as demais crianças, pais e professores.

Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade do que as meninas, mas todos são desatentos. Já adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como, por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção em atividades do cotidiano e do trabalho, bem como dificuldades relacionadas à memória. Com grande frequência também há outros problemas associados, como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Causas e tratamento – Segundo a ABDA, a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões do globo e estudos mostraram que as pessoas afetadas têm em comum alterações na atuação de substâncias químicas chamadas de neurotransmissores na chamada região frontal orbital do cérebro e suas conexões com o resto deste órgão.

Essa região é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pelo controle e inibição de comportamentos inadequados, pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. Entre possíveis causas, também são investigadas hipóteses como a ingestão de substâncias como nicotina e álcool durante a gravidez, a exposição ao chumbo e a ocorrência de sofrimento fetal.

Por fim, o tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, psicoterapia, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas à pessoa que sofre do transtorno. A medicação, na maioria dos casos, é apenas parte do tratamento.

Consulte a lista completa de convidados para a reunião.