Escola Pestalozzi pode encerrar atividades em até dois anos
Informação foi dada por supervisora da instituição em visita de comissão na manhã desta segunda-feira (2).
02/10/2017 - 13:37 - Atualizado em 03/10/2017 - 10:32A supervisora da Escola Estadual Pestalozzi, Silma Mota, afirmou, ao presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Duarte Bechir (PSD), que, caso o governo mantenha o veto a novas matrículas, a instituição pode encerrar suas atividades em menos de dois anos. O relato foi feito em visita realizada ao estabelecimento, localizado na Capital, nesta segunda-feira (2/10/17).
A educadora destacou que os alunos especiais estão sendo realocados pelo Estado em escolas regulares, o que tem provocado problemas de adaptação e regressão em seu desenvolvimento social e pedagógico. “Pelos meus cálculos, como não estão sendo aceitas novas matrículas, a escola pode acabar em dois anos. Somente em 2017, diversas turmas serão extintas e funcionários reduzidos”, lamentou.
O fisioterapeuta da escola, Márcio Delano, entende que falta vontade política do governo para que as escolas especais mantenham suas atividades. Ele explicou que as crianças e jovens, ao se formarem, são obrigadas a ficar em casa, uma vez que, dependendo da severidade da sua deficiência, não conseguem se colocar no mercado de trabalho. Para ele, o ideal seria a promoção de atividades sociais e esportivas. “Temos um convênio com o Cruzeiro que vem dando muito resultado. O desenvolvimento das crianças é fantástico”, afirmou.
Mães querem que Estado ofereça oficinas pedagógicas
A falta de opções para os alunos que se formam na Pestalozzi é a principal preocupação das mães. Algumas delas acompanharam a visita e foram unânimes em afirmar que o ideal seria que o Estado oferecesse oficinas pedagógicas, esportivas e artísticas para as crianças e jovens com deficiência.
Magda Marques, por exemplo, relatou que o convênio com o Cruzeiro deve ser usado como exemplo de boa prática. Para ela, a iniciativa promoveria uma verdadeira inclusão social.
Da mesma forma, a mãe de aluno, Aparecida Gonçalves, destacou que a escola é vital para a formação das crianças. Ela pediu que os estabelecimentos de ensino especial não sejam extintos, uma vez que a realocação para as escolas regulares é ruim para os estudantes. “Estão promovendo a exclusão. É preciso manter as atividades e desenvolver oficinas como de música e dança”, sugeriu.
A assistente social da escola, Rosângela Guedes, concorda que as oficinas são o melhor caminho. Ela relatou que aquelas que foram feitas no passado tiveram sucesso em preparar as pessoas com deficiência para o mercado de trabalho.
“As empresas nos procuravam em razão deste trabalho. Essa atividade desenvolve a disciplina, a concentração e o preparo para um ofício”, salientou.
Crise econômica dificulta novas atividades
A diretora da Escola Estadual Pestalozzi, Marise Albuquerque, disse que a instituição oferece turmas de ensino fundamental e médio em dois turnos, mas que, com o passar do tempo, essa oferta tem sido reduzida. Ela pontuou que, ao se formarem lá, os alunos são encaminhados para escolas regulares ou mesmo para casa. “Isso é um sofrimento para eles e seus familiares. Perde-se muito do que foi conquistado aqui”, lamentou.
A gestora concorda que as oficinas seriam um bom caminho. Porém, afirmou que o projeto esbarra nas dificuldades financeiras pelas quais o Estado passa. “Nosso orçamento quase não atende ao custeio. Infelizmente, o momento não é dos melhores e a escola pode sim acabar com o tempo”, completou.
Deputado quer fórum para propor ações ao governo
Após o encontro, o deputado Duarte Bechir, autor do requerimento que deu origem à atividade, lamentou o risco de fechamento da Pestalozzi. Para ele, é importante que o governo conheça a realidade das crianças, adolescentes e famílias que serão prejudicados caso isso ocorra.
Na opinião do parlamentar, a realocação das crianças especiais nas escolas regulares significa exclusão. “Queremos propor uma educação sem terminalidade. Não dá para dispensar esses alunos. O ideal é ter um atendimento permanente, que seja feito por meio de oficinas pedagógicas”, ponderou.
Duarte Bechir lembrou que outras instituições foram visitadas pela comissão e que o objetivo é reunir as experiências adquiridas e realizar um fórum com o Governo do Estado para sugerir o melhor caminho.