O ato público reuniu diversas autoridades na Usina de Miranda, em Indianópolis
Cerca de 1,5 mil pessoas participaram do evento
Supremo Tribunal Federal pode decidir futuro da Cemig

Lideranças assinam carta aberta contra leilão de usinas

Movimento reivindica do governo federal a manutenção das hidrelétricas de São Simão, Jaguara e Miranda com a Cemig.

18/08/2017 - 19:26 - Atualizado em 21/08/2017 - 10:35

Num ato contra a venda de usinas da Cemig proposta pelo governo federal, foi assinada, nesta sexta-feira (18/8/17), em Indianópolis (Triângulo Mineiro), uma carta aberta que será encaminhada ao presidente Michel Temer.

A manifestação, que ocorreu dentro da Usina de Miranda, foi acompanhada pelos deputados da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e contou com a presença de diversas autoridades.

Estiveram presentes o presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (PMDB), o governador Fernando Pimentel, secretários de Estado, deputados federais e estaduais, representantes de instituições empresariais e de movimentos sociais.

Pimentel anunciou que, na próxima semana, o Governo do Estado começará uma campanha na mídia para evitar o leilão, sob o mote: “Mexeu com Minas, mexeu conosco”.

O ato foi promovido pela Frente Mineira em Defesa da Cemig, que reúne o Governo do Estado, a própria Cemig e a ALMG, além de movimentos sociais e diversos sindicatos. Segundo os organizadores, cerca de 1,5 mil pessoas participaram do evento. 

A carta aberta afirma que os signatários estão dispostos a defender o patrimônio da Cemig e propõe a renovação das concessões das usinas de São Simão, Miranda e Jaguara como o melhor caminho para todos.

"É nosso direito manter o que já é nosso. Não venham com mão grande para estrangeiro comprar e vender energia cara para os mineiros", advertiu o governador. Também deve ser leiloada a Usina de Volta Grande.

Além do governador, assinam o documento o presidente Adalclever Lopes; o deputado federal Fábio Ramalho (PMDB-MG); lideranças empresariais e prefeitos de vários municípios.

Deputado entrega abaixo-assinado a representante do Congresso

O coordenador da Frente Mineira em Defesa da Cemig, deputado Rogério Correia (PT), entregou a Fábio Ramalho abaixo-assinados com as adesões de todos os 77 deputados estaduais e dos 53 deputados federais por Minas Gerais.

Segundo o parlamentar, a Cemig também está colhendo assinaturas e já conseguiu a adesão de 497 dos 853 prefeitos do Estado. Um outro abaixo-assinado foi lançado na internet e já coletou 35 mil assinaturas. A meta, conforme explicou, é chegar a pelo menos 100 mil apoiadores à causa. 

Para Rogério Correia, a perda da Cemig significa, também, a entrega de um setor estratégico para o Brasil. Por isso, o movimento contra o leilão vai resistir e usar todas as estratégias jurídicas e de luta para evitar a venda das usinas.

"Minas está unificada em favor da Cemig e contra esse leilão que significa a privatização a empresa", disse Rogério Correia. Ele afirmou que a tentativa do governo federal é privatizar, também, Furnas.

Resistência - Representantes de movimentos sociais também garantiram resistência diante da tentativa do governo federal. O presidente do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), Jefferson Leandro Teixeira da Silva, anunciou que, após o ato, cerca de cem pessoas iriam se dirigir para a Usina de São Simão para impedir a posse, caso seja leiloada.

Aline Ruas, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também se posicionou contra o leilão. A presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, advertiu para o risco da venda das usinas abrir um precedente para a privatização do sistema elétrico. "Não mexam com nossas usinas, não mexam com nosso povo", avisou.

Cemig lamenta pressão federal

O presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, disse que numa reunião na última quinta-feira (17), no Ministério do Planejamento, o governo federal admitiu suspender o leilão, caso a empresa pague R$ 11 bilhões, valor que pretende arrecadar com a venda das usinas.

O executivo considerou a proposta injusta, ao considerar que a Cemig construiu, opera e mantém as usinas. "Estamos sendo vítimas de uma ameaça sem igual em nossa história", lamentou.

Ele lembrou que Usinas de São Simão, Miranda e Jaguara são responsáveis por quase 50% da capacidade de geração da empresa e que a venda pode representar um prejuízo de R$ 1,34 bilhão anuais pelas próximas três décadas.

Para tentar evitar que isso aconteça, Alvarenga admitiu que estuda conseguir empréstimos para arcar com o valor exigido pelo governo federal. Ele defende, no entanto, o direito à renovação da concessão, assegurada pelo contrato assinado entre a União e a Cemig.

Em sua opinião, o governo está interpretando leis e regulamentos a bel prazer para justificar a medida. "Um abuso do poder central", desabafou Alvarenga.

Presenças - Também participaram do ato público os deputados estaduais Cristiano Silveira e Ulysses Gomes, do PT; Leonídio Bouças e João Magalhães, do PMDB; Bosco (PTdoB) e Elismar Prado (PDT); e os deputados federais Mauro Lopes (PMDB-MG), Reginaldo Lopes (PT-MG), Jô Moraes (PCdoB-MG), Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), Saraiva Felipe (PMDB-MG) e Leonardo Quintão (PMDB-MG).

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