Segundo o termo, serão duplicados mais 28 km e construídas terceiras faixas em outros 30 km, além de novos viadutos, pontes e passarelas
José Renato explicou que os atrasos ocorreram por causa de adequação do contrato inicial
Deputados cobraram celeridade no cumprimento das intervenções previstas

Concessionária apresenta novo cronograma de obras na MG-050

Termo aditivo assinado com o Governo do Estado prevê mais R$ 617 milhões em investimentos nos próximos anos.

16/05/2017 - 19:45 - Atualizado em 17/05/2017 - 11:08

Os constantes atrasos das obras previstas para a MG-050, que liga Juatuba (RMBH) a São Sebastião do Paraíso (Sul de Minas), fizeram com que o Governo do Estado e a concessionária responsável pela rodovia definissem um novo cronograma de intervenções. O documento foi apresentado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (16/5/17), em reunião conjunta das Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas.

A empresa AB Nascentes das Gerais, que administra o trecho por meio de uma parceria público-privada (PPP) com o Executivo (a primeira envolvendo uma rodovia no País), prevê mais R$ 617 milhões em investimentos nos próximos anos. As obras serão iniciadas ainda neste semestre.

Serão duplicados mais 28 km de pistas e construídas terceiras faixas em outros 30 km. A rodovia também contará com novos viadutos, pontes e passarelas, entre outras intervenções nas cidades de Mateus Leme, Itaúna, Divinópolis, Formiga, Piumhi, Capitólio, Passos, Itaú de Minas e São Sebastião do Paraíso. 

Segundo o diretor-presidente da concessionária, José Renato Ricciardi, os atrasos se devem à necessidade de adequação do contrato inicial à atual situação da estrada e às novas demandas dos municípios que a margeiam, bem como a entraves que surgiram durante as obras, como decisões judiciais e ajustes na legislação.

Como exemplo, ele citou intervenções que foram replanejadas para que não fossem realizadas dentro das cidades de Mateus Leme e Itaú de Minas, com o intuito de amenizar o transtorno causado à população, mas que exigiram modificações complexas.

Além disso, ainda de acordo com José Renato, os trâmites burocráticos para a autorização de novas alterações no contrato exigem tempo – muitas vezes, anos.

Cobrança – Diretor de Gestão de Contratos da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), Felipe Melo relatou alguns dos contratempos das obras e o posicionamento do governo estadual diante dos atrasos.

Ele informou que algumas intervenções tiveram que ser repensadas, já que o contrato original foi assinado há 10 anos, e que foi preciso incorporar no balanço do contrato gastos não previstos ou subavaliados. Constavam no projeto, por exemplo, gastos da ordem de R$ 7 milhões com desapropriações de terrenos. No entanto, esse valor chegou a R$ 42 milhões.

Também não estavam na contabilidade das obras as perdas que a concessionária sofreu com a Lei Federal 13.103, de 2015 (Lei dos Caminhoneiros), a qual determina a isenção do pagamento de pedágios para eixos suspensos de caminhões, que trará um impacto de R$ 90 milhões até a conclusão da PPP, em 2032.

O diretor da Setop esclareceu, no entanto, que o governo foi rígido com a empresa em relação ao que não foi cumprido. Na negociação do último aditivo do contrato, o sétimo, assinado no dia 5 de maio, foi definido que a concessionária terá que arcar com R$ 58 milhões em multas a serem compensadas. Entre as 20 obras incluídas no acordo, algumas também atendem a exigências da secretaria.

Avanços – A empresa alega que, apesar de todas as dificuldades, já foram investidos mais de R$ 1 bilhão na rodovia, com a duplicação de 30 km, a correção de traçado de 35 km, a construção de 90 km de terceiras faixas e de 51 km de acostamento, assim como a recuperação de 330 km de pavimento.

Deputados vão acompanhar cumprimento do novo cronograma

Os deputados presentes reforçaram os prejuízos que os atrasos das obras trouxeram à população e ao desenvolvimento econômico do Estado e cobraram celeridade no cumprimento das intervenções previstas no novo acordo.

Os deputados Antonio Carlos Arantes (PSDB), Fabiano Tolentino (PPS) e Anselmo José Domingos (PTC), que solicitaram a audiência, destacaram que, apesar dos inegáveis avanços na rodovia sob a gestão da AB Nascentes das Gerais, muito ainda pode ser feito.

Os deputados Fábio Avelar Oliveira (PTdoB) e Inácio Franco (PV) elencaram pontos da MG-050 que necessitam de intervenções urgentes em Divinópolis, Mateus Leme e Carmo do Cajuru.

O deputado Carlos Pimenta (PDT), por sua vez, lamentou que o Projeto de Lei (PL) 1.588/15, de sua autoria, que estabelecia requisitos para a cobrança de pedágio em rodovias, aprovado no ano passado, tenha tido seu conteúdo vetado pelo governador. Ele contou ter decidido apresentar o projeto depois de trafegar pela MG-050 e constatar a sua situação precária.

Já o deputado Cássio Soares (PSD) questionou os riscos de atrasos no novo cronograma estabelecido e o andamento de uma obra prevista em Passos. José Renato Ricciardi respondeu que não há nenhum entrave para as obras no trecho mencionado e, segundo ele, o único gargalo está na ponte do Rio Pará, em Divinópolis, por causa do licenciamento ambiental.

Contrato não prevê duplicação entre Itaúna e Divinópolis

A falta de previsão da duplicação do trecho entre Itaúna e Divinópolis foi apontada por alguns participantes. O prefeito de Itaúna (Centro-Oeste de Minas), Neider Moreira, disse que essa foi uma grande falha do contrato inicial, assinado em 2007, pois o trecho é o de maior tráfego da MG-050. “O usuário não consegue fazer ultrapassagens em 35 km da rodovia”, criticou.

Concordando com o prefeito, o deputado Anselmo José Domingos (PTC) também estranhou essa ausência da duplicação no trecho e ainda, entre Itaúna e Azurita (distrito de Mateus Leme).

Empréstimo - O deputado Fabiano Tolentino lembrou que, na gestão de Alberto Pinto Coelho, foi votado um empréstimo para realizar as obras no trecho, mas o atual governo não quis contrair essa dívida, e acrescentou que o atual secretário de Estado de Transportes, Murilo Valadares, afirmou que cabe à Nascentes das Gerais fazer essa duplicação.

Trechos urbanos - Em resposta, o diretor executivo da concessionária, Joselito Rodrigues de Castro, declarou que o contrato previu obras de duplicação apenas em trechos urbanos. “Nos demais trechos, foi prevista a implantação de terceira faixa em mais de 100 km e a correção de curvas”, concluiu.

Felipe Melo, da Setop, concordou que não prever a duplicação entre Azurita e Divinópolis é um dos problemas estruturais do contrato. O diretor explicou que, no novo acordo, as responsabilidades da concessionária foram estabelecidas de forma mais clara e, se for apurado que nesse trecho o tráfego aumentou muito e a velocidade média caiu, a duplicação será exigida da Nascentes das Gerais.

Consulte o resultado da reunião.