Educação política nas escolas. Esse será o tema da edição 2017 do Parlamento Jovem de Minas, projeto de formação política realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com a PUC Minas e câmaras municipais. A escolha aconteceu na manhã desta quinta feira (25/8/16), na Escola do Legislativo (ELE), por 110 estudantes do ensino médio que participam do segundo dia de trabalhos da etapa estadual. Com 90 votos, o tema foi priorizado pelos estudantes, que ainda tinham como outras opcões a melhoria na saúde pública e a violência contra a mulher.

O estudante de Ouro Preto (Região Central do Estado), Gabriel Cardoso de Faria, 17 anos, foi um dos que defendeu e votou na questão da educação política como temática para o próximo ano, quando acontecerá a 14ª edição do projeto. Na sua opinião, se o atual sistema politico não está bom, os responsáveis são os próprios eleitores.

Ao abordar o movimento escola sem partido, tema de um polêmico projeto de lei que tramita no Congresso Nacional, ele pontuou a importância da educação política nas escolas para a formação de eleitores mais conscientes e ressaltou o papel desempenhado pelo PJ de Minas nesse contexto. "O Parlamento Jovem é uma oportunidade que tivemos de entrar no mundo da politica. Imagine se todos os alunos pudessem ter uma oportunidade como essa", disse.

João Robson Cordeiro Pires, 18 anos, é estudante de João Pinheiro (Noroeste de Minas) e defende que discutir a questão da escola sem partido não significa retirar a temática política do ambiente escolar, mas, sim, abrir espaço para o debate de ideias diferentes. Ele também ponderou que muitos daqueles que se dizem oprimidos não se abrem ao debate.

João votou para que a temática do PJ de Minas 2017 fosse a violência contra a mulher, pois avalia que o tema muitas vezes é generalizado e banalizado. Por isso, para ele, é necessário aprofundar o que se entende por violência contra a mulher.

O estudante disse ainda acreditar que essa discussão passa também pelo aspecto conceitual, ou seja, se a caracterização de uma mulher se dá somente pelas suas características fisiológicas ou pelo fato de ela se considerar mulher.

Base - Já a estudante Victoria Yasmin Mafra, da cidade de Três Corações (Sul de Minas), aponta que a educação é a base para se pensar em outras questões. “Sem educação a gente não consegue ter boa política, boa saúde e muito menos lutar contra a agressão à mulher”, afirmou a jovem de 16 anos.

Quanto ao resultado da eleição do tema que vai subsidiar o projeto em 2017, ela concorda que ele reflete o momento político pelo qual passa o Brasil. “Nosso País está passando por uma crise horrível, mas acho que tudo está mudando porque as pessoas estão começando a pensar de forma diferente. Estão vendo que a educação é o que dá a base para uma política melhor”, concluiu.

Victoria, que participa pela primeira vez do PJ de Minas, ainda elogiou as discussões sobre mobilidade urbana, temática que movimentou o projeto neste ano. Ela apontou que o assunto envolve o espaço, os meios de transporte e as pessoas de uma cidade. “A expectativa é que tudo o que a gente desenvolveu aqui possa dar algum futuro, alguma garantia pra gente”, ressaltou a estudante.

Palestras - Antes da escolha do tema do PJ de Minas de 2017, consultoras da ALMG fizeram uma breve explanação sobre cada uma das opções. A educação política, o tema vencedor, foi abordada pela servidora Cristiane Marçal dos Santos Martins, que pontuou a ligação existente entre a temática e a cidadania. Ela ainda disse que a educação política na escola passa pelo desafio de vencer o preconceito por medo da doutrinação de ideias.

Além da escolha da temática do PJ de Minas de 2017, na parte da manhã os estudantes receberam orientações sobre a dinâmica da etapa estadual e os desdobramentos das propostas apresentadas por eles, que serão votadas em Plenário nesta sexta-feira (26) à tarde. Eles se dividem em três subgrupos para discutir trânsito e transporte, mobilidade e estrutura e participação e controle social.

Coordenadora prevê novidades para a edição de 2017

A coordenadora estadual do PJ de Minas pela Escola do Legislativo, Fernanda Freitas, projetou novidades para o próximo ano. Segundo ela, a expectativa é de que haja um crescimento do número de municípios participantes e a reorganização dos municípios em polos regionais consolidados.

“A previsão para a próxima edição é cada vez mais envolver o estudante na participação e nas tomadas de decisão. Cada vez mais ter esse empoderamento do estudante, que vai conhecendo o projeto e sabendo melhor qual o seu papel”, afirmou Fernanda, que também destacou a importância do fortalecimento dos polos regionais, com mais autonomia e conhecimento, de forma que o projeto possa se expandir.

Fernanda Freitas também destacou a avaliação que os coordenadores e monitores dos estudantes estão fazendo, nesta etapa estadual, de todo o processo do projeto, o que, segundo ela, vai apontar mudanças para 2017.

“Teremos também, para o ano que vem, o que consideramos um salto qualitativo do projeto, que é um processo que estamos iniciando para o acompanhamento das propostas. O projeto não acaba quando há a entrega das propostas para a Comissão de Participação Popular. Agora estamos trabalhando na capacitação e no empoderamento dos jovens para que acompanhem o que está sendo feito com as propostas”, explicou a coordenadora.

Segundo ela, essa ideia já está em curso na edição de 2016, mas será estruturada em 2017.

Trabalho de campo - Fernanda avalia que a edição 2016 foi marcada pela maior interação e interlocução, na busca pela sensibilização e maior envolvimento da comunidade.

Sobre o trabalho realizado por cerca de 1.400 estudantes de todo o Estado, ela contou que a temática da mobilidade urbana, à luz do direito à cidade, permitiu que os jovens fossem a campo e analisassem desde questões como calçadas sem manutenção até o processo formativo do cidadão para o respeito à faixa de pedestre.

Participante da oficina de gestão para coordenadores dos estudantes que participam do PJ de Minas 2016, também realizada na ELE, Lucas Medal, da cidade de Ouro Fino (Sul de Minas), lembrou que este é o quarto ano em que participa do projeto, que, na sua avaliação, teve como um dos pontos de destaque a regionalização.

Para ele, esse processo facilita o trabalho como um todo, na medida em que se mostra como um intermediário entre a coordenação municipal e a estadual. Como ponto a ser melhorado, ele indicou a questão da linguagem e da comunicação, que, segundo ele, precisa ser mais bem adequada ao adolescente, tanto no que se refere à temática quanto ao processo.

A programação da etapa estadual prossegue na tarde desta quinta (25), na ELE, com a continuidade da oficina para coordenadores e as deliberações de grupos de trabalho que vão priorizar propostas a serem aprovadas nesta sexta (26), a partir das 14 horas, na plenária estadual, no Plenário da ALMG.