Obras e máquinas estão paradas no Hospital Júlia Kubitschek
Comissão de Saúde visita hospital e encontra problemas de infraestrutura e servidores sobrecarregados.
01/12/2015 - 14:40 - Atualizado em 01/12/2015 - 16:39Deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) manifestam preocupação com obras interrompidas e tomógrafo novo não instalado e armazenado inadequadamente no Hospital Júlia Kubitschek (HJK), em Belo Horizonte. As constatações foram feitas em visita ao local, realizada nesta terça-feira (1º/12/15), quando puderam averiguar as condições de trabalho dos servidores e a infraestrutura do local, sobretudo do Centro de Tratamento Intensivo (CTI), que tem uma ala funcionando em espaço provisório.
A visita foi acompanhada por representantes do Sindicato dos Servidores da Saúde (SindSaúde) e da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais Belo Horizonte (Asthemg). A Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig) não enviou representante.
Esta visita faz parte de uma série que a comissão tem realizado, a fim de conhecer melhor as condições das unidades de saúde que integram a rede Fhemig. A proposta é checar reclamações e reivindicações de funcionários e pacientes dos hospitais da fundação. Antes do HJK de BH, representantes da comissão já tinham visitado o Hospital Infantil João Paulo II, a Casa de Saúde Padre Damião, em Ubá (Zona da Mata); e a Casa de Saúde Santa Fé, em Três Corações (Sul de Minas).
Lembrando que o Júlia Kubitschek é uma referência no tratamento de pneumologia, o presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), responsável pelo requerimento que originou a visita, lamentou a paralisação das obras, além das más condições de trabalho e do mal aproveitamento dos profissionais do hospital, que avaliou como “altamente qualificados”. Avaliação endossada pelo deputado Ricardo Faria (PCdoB), que salientou também a necessidade de haver um corpo técnico permanente de profissionais encarregados de manutenção.
“Vimos obras paradas, deixando vários leitos inativos; aparelhos novos e caros, como o tomógrafo, que não foi instalado e está largado numa caixa sem uma proteção adequada há quase um ano. Já denunciamos isso e houve a promessa de instalação em abril. Mas, até hoje, o aparelho não está em funcionamento. Agora, vem nova promessa de que será neste mês. Vamos cobrar, retornaremos aqui para conferir", afirmou Arlen Santiago.
O parlamentar disse que já foram enviados pedidos de providências ao presidente da Fhemig com relação a essas questões estruturais e às dos servidores, que, segundo ele, trabalham em más condições e têm sido reprimidos. "Exemplo disso são as denúncias que recebemos de redução, de quase R$ 150, no valor das Gratificações de Incentivo a Eficientização de Serviços (Giefs), sem qualquer explicação da Fhemig”, lamentou Arlen Santiago.
“A despeito da qualidade dos profissionais, que é muito alta, ainda há muitas dificuldades a superar aqui no hospital e a comissão deve se debruçar sobre as denúncias e os pontos que registramos hoje em busca das melhores soluções. Uma questão importante a salientar é a ausência de uma equipe de engenheiros de manutenção de equipamentos”, avaliou o deputado Ricardo Faria.
Para Gilberto Fragoso, diretor do SindSaúde, as condições de trabalho do hospital são muito difíceis e os servidores estão sobrecarregados.”As escalas são muitos apertadas, não existe reserva ou substituto", afirmou o diretor. Segundo ele, com a obra para o novo CTI, a Emergência perdeu cerca de 15 leitos, o que fez com que o hospital ficasse sem leito de isolamento.
Atendimento –Mesmo com os problemas estruturais, o bom atendimento da unidade e a qualidade dos profissionais foram lembrados por pacientes e acompanhantes. “Existe muita preocupação com a higiene, só acho que deveriam cuidar um pouco melhor da área externa, que tem lixo acumulado em alguns lugares. E existem essas infiltrações que são ruins, mas, no balanço geral, é um hospital muito bom, já acompanhei outros familiares e realmente este aqui me surpreendeu positivamente", elogiou o músico Marcos Aurélio Campos, que acompanha um familiar em tratamento no hospital.
Representante do hospital esclarece questionamentos
Representantes da administração do hospital acompanharam a visita e falaram sobre a realidade da unidade ao serem questionados sobre diversos pontos, como a paralisação das obras do CTI e do Minas Transplantes, gerando redução de leitos disponíveis, a inoperância e o armazenamento incorreto do novo tomógrafo e as denúncias de infiltrações, inclusive no setor “tisiologia” (onde ficam pacientes com tuberculose) - que teriam gerado vazamento de água, colocando em risco outros setores.
Segundo a gerente administrativa da unidade, Camila Rosa Sizenando de Almeida, a infiltração no setor de tisiologia teria sido causada pelo rompimento de um cano, mas a situação já estaria sanada. Com relação ao novo tomógrafo, ela mostrou o local em que o equipamento será instalado, com obras de adaptação do espaço já iniciadas na última segunda (30), informando que a expectativa é de que sejam concluídas em 20 dias. Finalizada esta etapa de adequação do local, a máquina poderá ser instalada, após passar por testes exigidos pelo fabricante. Portanto, ainda sem data definida para o funcionamento do novo equipamento.
Quanto às obras interrompidas há cerca de um ano, para a instalação do novo CTI - que aumentaria de 20 para 40 o número de leitos de tratamento intensivo do hospital, que hoje já está com ocupação de 98% –, a gerente explicou que não sabe a previsão de retomada. Assim como também disse desconhecer quando será a reativação do Minas Transplantes, porque, segundo ela, existe uma auditoria em andamento e a questão é de responsabilidade da Fhemig, em convênio com a Caixa Econômica Federal, razão pela qual a administração da unidade não pode responder pelo andamento das obras.
Providências – Ainda durante a visita, o presidente da comissão enfatizou que apresentará pedidos de providências a diversos órgãos do Estado, entre os quais à direção da Fhemig. Entre os documentos, Arlen Santiago destacou que solicitará a retomada das obras interrompidas, a imediata instalação do novo tomógrafo, além regularização do pagamento total da gratificação Gief, entre outras reivindicações dos servidores.