Estarão em pauta na comissão, que terá vigência até o final de 2016, os desdobramentos da tragédia ocorrida em Mariana

Assembleia cria Comissão Extraordinária das Barragens

Objetivo é, em virtude de tragédia em Mariana, realizar estudos, debater e propor medidas de monitoramento da mineração.

11/11/2015 - 18:22 - Atualizado em 12/11/2015 - 18:30

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Adalclever Lopes (PMDB), anunciou, na Reunião Ordinária de Plenário desta quarta-feira (11/11/15), a criação da Comissão Extraordinária das Barragens. Na última quinta-feira (5), duas barragens de rejeitos de minério da mineradora Samarco se romperam e devastaram a região de Bento Rodrigues, distrito de Mariana (Região Central do Estado). Há o temor de que acidentes semelhantes possam se repetir em outras das mais de 700 barragens similares em funcionamento no Estado.

A Comissão Extraordinária, criada por decisão da Mesa da Assembleia, tem a finalidade de realizar estudos, promover debates e propor medidas de acompanhamento das consequências sociais, ambientais e econômicas da atividade minerária no Estado. Estarão em pauta na comissão, que terá vigência até o final de 2016, os desdobramentos da tragédia ocorrida em Mariana e as ações de recuperação dos danos causados.

O deputado Adalclever Lopes esclareceu, ao grupo de parlamentares que cobra a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na ALMG para investigar as atividades das mineradoras, os benefícios de se implantar uma comissão extraordinária neste momento, como o fato de que ela continuará atuando durante o recesso parlamentar e a possibilidade de a comissão centrar seus esforços nas questões que envolvem a atividade minerária como um todo, em vez de focar em um assunto específico. A atuação da comissão não inviabiliza a instalação de uma CPI após o fim do recesso parlamentar, em fevereiro do próximo ano.

Confira a composição da Comissão Extraordinária das Barragens:

Efetivos

Suplentes

Deputado Rogério Correia (PT)

Deputado Doutor Jean Freire (PT)

Deputado João Magalhães (PMDB)

Deputada Marília Campos (PT) 

Deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB)

Deputada Rosângela Reis (Pros)

Deputado Agostinho Patrus Filho (PV)

Deputado Glaycon Franco (PTN)

Deputado Thiago Cota (PPS)

Deputado Wander Borges (PSB)

Deputado Gustavo Corrêa (DEM)

Deputado Tito Torres (PSDB) 

Deputado Gustavo Valadares (PSDB)

Deputado João Vítor Xavier (PSDB)

Deputado Gil Pereira (PP)

Deputado Paulo Lamac (PT)

Deputado Cássio Soares (PSD)

Deputado Inácio Franco (PV)

Deputado Bonifácio Mourão (PSDB)

Deputada Ione Pinheiro (DEM) 

Deputada Celise Laviola (PMDB)

Deputado Iran Barbosa (PMDB) 

* A tabela está atualizada com os novos nomes que passaram a integrar a comissão, de acordo com anúncio feito nesta quinta (12), em Reunião Ordinária de Plenário. Confira notícia sobre o assunto.

Deputados aguardam efetivação de CPI

Parlamentares da situação e da oposição, de um modo geral, apoiaram a criação da Comissão Extraordinária das Barragens, mas ressaltaram a importância de que uma CPI venha a ser efetivamente instalada. Como destacaram os deputados Sargento Rodrigues (PDT) e João Vítor Xavier, uma CPI possui maior poder de investigação e, por isso, pode se aprofundar mais nos assuntos analisados. Ambos os deputados temem que, sem uma CPI, a Assembleia acabe por colocar “panos quentes” no problema.

O deputado Rogério Correia destacou que o próprio trabalho da Comissão Extraordinária irá confirmar a necessidade de uma CPI. O parlamentar diz acreditar, assim como os deputados Deiró Marra (PR), Glaycon Franco, Elismar Prado (PT), Geraldo Pimenta (PCdoB), João Leite (PSDB) e Felipe Attiê (PP), que os métodos de trabalho das mineradoras brasileiras estão defasados. “Minerar com água é um método do século passado”, apontou Rogério Correia. “Não podemos mais permitir barragens de rejeitos, já há outras alternativas”, pontuou João Leite.

Os deputados também apontaram para o risco de que tragédia semelhante ocorra em outras localidades do Estado. “Precisamos acompanhar com prudência a situação das barragens de rejeitos, principalmente com a aproximação do período das chuvas”, alertou João Magalhães.

A situação das famílias atingidas pelo rompimento das barragens em Mariana foi abordada pelos deputados Agostinho Patrus Filho, Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Bonifácio Mourão e Celinho do Sinttrocel, que cobraram uma atenção redobrada do poder público para que essas pessoas possam retomar suas vidas. “Queremos saber o acompanhamento que está sendo feito, como essas pessoas estão sendo tratadas”, enfatizou Agostinho Patrus Filho.

O deputado Arnaldo Silva (PR), por sua vez, cobrou que os esforços da Assembleia não se concentrem apenas no recente acidente ocorrido em Mariana, e sim em problemas comuns originários da atividade minerária, como a contaminação e o assoreamento dos rios, a exploração do mercado de trabalho e a fiscalização falha. Em relação à fiscalização, o deputado Felipe Attiê acusou o Estado de ter usado os recursos da taxa de fiscalização minerária para outros fins.

Já o deputado Gustavo Corrêa ponderou que a razão não seja esquecida neste momento de comoção. “Temos que ouvir técnicos e especialistas para somente depois tomar as medidas cabíveis”, disse.

Emendas - Na Reunião Ordinária foi comunicada, ainda, a prorrogação, até o próximo dia 20, do prazo para apresentação de emendas ao Projeto de Lei (PL) 2.938/15 (Lei Orçamentária Anual - LOA 2016) e PL 2.937/15 (Plano Plurianual de Ação Governamental - PPAG 2016-2019), ambos de autoria do Executivo.

Consulte o resultado da reunião.