A leitura do comunicado foi feita na primeira Reunião Ordinária de Plenário da 18ª Legislatura

Novo bloco independente une 23 deputados de dez partidos

Comunicado formalizando a criação do bloco foi lido nesta terça-feira (3) na Reunião Ordinária de Plenário.

03/02/2015 - 19:28

A disposição das forças políticas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) começou a ser definida nesta terça-feira (3/2/15), com a leitura em Plenário de comunicado do deputado Agostinho Patrus Filho (PV) dando conta da formação do bloco parlamentar Compromisso com Minas Gerais. O novo bloco reunirá 23 parlamentares com uma posição política intermediária entre os deputados da base do governo e da oposição.

Com a formação desse bloco independente, a perspectiva é de que o bloco de sustentação do governador Fernando Pimentel congregue 32 parlamentares, restando à oposição outros 22 deputados. Esses dois blocos também devem ser formalizados nas próximas reuniões do Plenário.

O ofício com a assinatura dos 23 parlamentares do bloco Compromisso com Minas foi entregue ao presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (PMDB), no qual foi também feita a indicação para o seu líder, Agostinho Patrus Filho. Além do partido do líder (PV), com quatro deputados, também compõem o bloco o PSD, também com quatro deputados, PPS (3), PSB (3), PTN (3), PSC (2), PEN (1), PHS (1), PMN (1) e PTC (1). De acordo com comunicado distribuído à imprensa, a criação do bloco deveu-se, principalmente, à necessidade de se adequar ao Regimento Interno da Assembleia.

“A formação do bloco tem um único objetivo, que é o de ocupar os espaços dentro da Assembleia. Os partidos que não conseguiram formar uma bancada, ou seja, siglas com menos de cinco deputados, só terão acesso às comissões, sejam como presidente ou membro, se estiverem em um bloco. Entendemos que, juntos, vamos conseguir ter melhor atuação no Parlamento”, diz o comunicado.

Do ponto de vista político, o líder do bloco, deputado Agostinho Patrus Filho, aponta a necessidade de um trabalho propositivo. “É o momento de pensarmos para frente, no futuro de Minas Gerais, naquilo que for melhor para os mineiros, votando a favor de projetos que garantam isso. Não podemos votar pensando se o projeto é de um ou de outro lado. A eleição já passou”, ponderou.

Novato na Assembleia, o deputado Thiago Cota (PPS) reforçou a posição de independência do bloco Compromisso com Minas Gerais. “Tivemos o entendimento de que era o momento de trabalharmos com independência, defendendo o legado das últimas administrações, mas votando a favor nas questões vitais que representem o bem de Minas Gerais”, afirmou. De acordo com ele, não foi uma decisão nacional, mas uma questão de bancada, embora haja a orientação na Câmara dos Deputados de que o PPS se alinhe, na medida do possível, com o PV e o PSB.

Voto livre - Segundo o deputado Antônio Lerin (PSB), a posição de independência do novo bloco é natural, já que o partido teve candidatura própria no Estado nas últimas eleições. “Manteremos agora nossa neutralidade no sentido de ajudar na governabilidade em Minas Gerais. Na criação desse bloco, ficou muito clara a importância do voto livre de cada deputado. Em nível nacional, o PSB está se juntando ao PPS, ao Solidariedade e ao PV em uma federação de partidos, orientação que estamos seguindo”, disse.

Ainda de acordo com o deputado Antônio Lerin, o momento é de ser pragmático. “A população quer ver resultados. Com esse excesso de partidos que há atualmente no Brasil, o eleitor vota é no candidato, não no partido. Nossa responsabilidade é com o eleitor”, definiu.

Já o deputado Doutor Wilson Batista (PSD) atribui a decisão do seu partido a uma estratégia em nível nacional. “A direção nacional orientou que o nosso partido caminhasse em uma situação intermediária, e não posso isoladamente contrariar essa posição. O bloco nasce de uma construção coletiva e estamos dispostos ao diálogo. Mas este início de legislatura é o momento de fortalecer nosso partido, apesar de, às vezes, termos posições individuais”, resumiu.

“Não temos como objetivo apenas fazer críticas ao governo passado ou dificultar a governabilidade da atual administração. Vamos pensar sempre nos principais interesses de Minas Gerais”, apontou o deputado Doutor Wilson Batista.

Oposição aponta dúvidas e espera reviravolta

A confirmação da formação de um bloco de deputados independentes foi recebida com naturalidade pelos parlamentares que apoiam o governo e com uma certa desconfiança pelos deputados da oposição, como Gustavo Corrêa (DEM). “Temos 29 assinaturas e já pedimos providências para checar as que foram apresentadas, já que as contas não batem”, afirmou.

“Ainda não considero essa batalha definida. Vamos lutar com as armas que temos para não deixar nosso Estado se transformar no que virou o Brasil. Seja com 22, 25, 30 deputados, não deixaremos que prevaleçam as mentiras sobre tudo o que foi construído de positivo ao longo dos últimos 12 anos. Também vamos cobrar as promessas irresponsáveis que foram feitas pelo governador Fernando Pimentel ao longo da campanha eleitoral”, criticou o parlamentar.

Já o deputado Bonifácio Mourão (PSDB) alerta que o equilíbrio de forças na Assembleia ainda pode se alterar. “Ainda há deputados que não fixaram suas posições. Cada um fala um número diferente, e se forem somar todos, podemos chegar a mais de 90 deputados”, ironizou. “Nós, da oposição, estimamos contar com o apoio de 25 a 30 deputados. Mas falar em oposição não significa uma resistência radical e sistemática”, ressaltou.

Novas adesões - O deputado Rogério Correia (PT), cotado para líder do futuro bloco governista, faz as contas e está otimista com novas adesões de última hora. “O bloco independente já está fechado com 23 parlamentares. O nosso bloco conta por hora com 32 parlamentares, mas não faremos o comunicado em Plenário porque ainda poderemos ter surpresas. Nosso bloco deve manter o mesmo nome, Minas sem Censura, e a oposição ficará com 22 deputados”, afirmou.

O deputado Durval Ângelo (PT), futuro líder do governo, considera esses alinhamentos políticos próprios da democracia, e para ele não há motivos para o acirramento de ânimos. “O clima do Parlamento é sempre de disputa. Esse acirramento antecede à formação dos blocos. Depois que isso for definido, com a base de governo consolidada em torno de 55 deputados, toda a situação política vai se acomodar um pouco na Casa”, explicou.

“Mas, se notarmos a existência de uma oposição contrária aos interesses de Minas, do bem comum, vamos responder à altura, mas sempre deixando uma porta aberta para o diálogo e para o entendimento”, acrescentou o parlamentar.

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