Moradores e autoridades cobraram aumento no número de policiais civis para conter o avanço das drogas na região
Na opinião do deputado Vanderlei Miranda, as estradas de Minas Gerais não são devidamente monitoradas

Faltam policiais para o combate às drogas em Ouro Branco

Problema foi exposto em audiência pública realizada na cidade nesta terça-feira (15).

15/04/2014 - 14:08

Em reunião da Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada em Ouro Branco (Região Central do Estado) nesta terça-feira (15/4/14), moradores e autoridades cobraram aumento no número de policiais civis para conter o avanço das drogas na região.

Segundo o delegado Marcelo Fonseca Prado, o déficit de policiais é um dos principais desafios para o combate às drogas em Ouro Branco. “Temos cinco investigadores, um para cada uma das cinco principais cidades da região. E para conduzir uma investigação, precisamos de muito mais do que um investigador por município”, explicou.

Ele também falou do atendimento informal que acaba sendo feito na delegacia, com muitos familiares de viciados em drogas procurando-o para aconselhamento. “Às vezes a mãe vem me pedir para reter o filho na delegacia, para conseguir manter os eletrodomésticos em casa, sem serem vendidos. A situação em muitos casos é desesperadora”, relatou.

O comandante da 65ª Companhia da Polícia Militar, 1º-tenente André Luiz Resende Silva, disse que o foco deve ser na prevenção e na consolidação da família do usuário. “Muitos dos jovens usuários não têm um bom exemplo em casa: os pais também são usuários, têm problemas de criminalidade e alcoolismo na família. A gente sente no dia a dia que 90% das pessoas detidas são menores de idade, e não temos um centro para envio de menores infratores - o mais próximo fica em Belo Horizonte”, explicou.

O instrutor do Programa de Educação e Resistência às Drogas (Proerd), cabo Alexandro Teixeira Fernandes, reforçou a necessidade da prevenção primária, direcionada àqueles jovens que ainda não usaram drogas.

A prefeita de Ouro Branco, Maria Aparecida Junqueira Campos, disse que está prevista a construção de um centro cultural na cidade cuja programação estará voltada para os jovens, além da criação de mais cursos profissionalizantes na unidade local do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). “Também estamos buscando recursos para a contratação de um consultor para organizar a nossa equipe do Conselho Municipal Antidrogas”, informou.

Comunidades terapêuticas têm papel importante

A presidente do Conselho Municipal Antidrogas, Bruna Stelamaris Quintela, explicou que o órgão auxilia duas comunidades terapêuticas a se regulamentarem para conseguirem aderir ao Plano Nacional de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas. Segundo ela, o trabalho fiscalizador existe, mas o objetivo maior do conselho tem sido capacitar a rede de atenção ao usuário. “Nossos conselheiros são atuantes e estão muito próximos da população usuária e das comunidades. Fazemos um esforço para ajudar a mudar o nosso cenário, buscando verba e alvará para esses espaços, que queremos ver regularizados”, afirmou.

O presidente da comissão, deputado Vanderlei Miranda (PMDB), destacou que tem lutado bastante pelo apoio do poder público às comunidades terapêuticas. “Só 10% da população brasileira em tratamento recebe o cartão Aliança pela Vida”, lamentou. “A droga é uma questão de segurança nacional. Não protegemos devidamente as fronteiras do País nem monitoramos devidamente as estradas de Minas Gerais. Estamos muito vulneráveis. Temos a maior malha rodoviária federal e muitos postos da Polícia Rodoviária vazios”, completou.