Fim da pobreza depende de novo modelo social no Brasil
Afirmação foi feita pela pesquisadora Carla Bronzo na etapa final do Seminário Legislativo Pobreza e Desigualdade.
24/10/2011 - 12:56A doutora em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora e professora da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro, Carla Bronzo Ladeira Carneiro, destacou que a redução da pobreza está diretamente ligada à discussão de novos conceitos e da alteração de paradigmas institucionais no País. A especialista foi a segunda palestrante da etapa final do "Seminário Legislativo Pobreza e Desigualdade", que teve início na manhã desta segunda-feira (24/10/11) e vai até quarta (26). O evento, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, tem o objetivo de buscar caminhos que levem à erradicação da pobreza no Estado, e contou com 12 encontros regionais no interior.
Em sua fala, Carla Bronzo fez uma análise teórica do conceito de pobreza, apresentou números e salientou que o problema deve ser visto sob as várias concepções existentes. Segundo ela, quando se fala em pobreza, se fala em dor, sofrimento, desigualdade e injustiça social. Portanto a pobreza não pode ser vista simplesmente como uma questão objetiva, ligada à renda, mas também de forma subjetiva. “A pobreza é falta de recursos financeiros, no entanto representa ainda a falta de condições básicas de subsistência, de dignidade e privação de liberdade”, disse.
Em sua discussão teórica, a especialista lembrou que o conceito pode ser analisado sob vários enfoques: monetário, de capacidades, de exclusão social, de vulnerabilidade e de necessidades básicas. Nessa linha de pensamento, ela afirmou que a pobreza é multidimensional, heterogênea e psicossocial.
Dados - Para ilustrar esse pensamento, a palestrante apresentou números da Fundação João Pinheiro que apontam que, se analisada do ponto de vista monetário, a pobreza absoluta atinge cerca de um terço dos mineiros. Se o critério for a pobreza relativa, que leva em conta a riqueza total do Estado, o impacto chega a quase metade da população. “O problema afeta, inclusive, os trabalhadores ativos. É por isso que devemos levar em conta a complexidade do estudo sobre o tema”, alerta.
Soluções passam pela integração de políticas públicas
Ao final de sua apresentação, Carla Bronzo afirmou que os caminhos para a erradicação da pobreza e das desigualdade passam por uma mudança no modelo de sociedade existente no Brasil. De acordo com ela, é preciso que haja transformações que promovam uma maior intersetorialidade institucional, a flexibilização das ofertas para todos, uma rede de serviços mais eficiente e a promoção de autonomia e capacidades para a população de forma geral. “Um sistema de informação e um orçamento qualificado são fundamentais nesse processo. É preciso que mudemos esses paradigmas, para que tenhamos resultados melhores que os que temos hoje”, concluiu.