Formação de redes pode ajudar escolas a combater a violência

Para especialistas, escolas devem evitar o isolamento e se articular com outras instituições para solucionar o problema

04/10/2011 - 17:37

“A violência é um tema complexo. Acreditar que a escola, sozinha, consegue resolver esse problema é uma conversa simplificada e falida. A escola precisa fugir desse isolamento e se interligar a outras instituições”. Foi com essa reflexão que o doutor em psicologia e professor da UFMG, Walter Ernesto Ude, abriu as atividades da tarde desta terça-feira (4/10/11) do Fórum Técnico Segurança nas Escolas - por uma cultura de paz, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com o apoio de 77 instituições.

Primeiro palestrante do painel “Integração de Ações e Programas”, ele também defendeu a necessidade de abordar a violência sob uma perspectiva interdisciplinar. “Não se trata de uma discussão apenas biológica, mas também social, econômica, política e psíquica”. Para ele, a violência não está na escola, mas na própria sociedade, já que ela é parte desse todo social.

Como alternativa para atacar o problema, o psicológico propôs a criação de vínculos, por meio da formação de redes institucionais internas e externas. “Pessoas isoladas são frágeis. A mesma ideia vale para as instituições. Nenhuma delas é suficiente para o seu fim, pois precisam se integrar a outras. A melhor forma de enfrentar a violência é por meio desse diálogo”, declarou.

A defensora pública e integrante do Fórum pela Paz Escolar (Forpaz), Roberta de Mesquita Ribeiro, também defendeu essa articulação, citando que instituições, como a família, têm transferido seu papel para as escolas, deixando-as isoladas no processo de educação de crianças e jovens. “Precisamos nos envolver nessas questões. Somos co-responsáveis por essa realidade”, destacou.

Programas serão ampliados
A parte da tarde do Fórum Técnico "Segurança nas escolas, por uma cultura de paz", foi aberta pelo painel "Integração de ações e programas", seguido de debates. Realizado no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o evento é uma iniciativa da ALMG em parceria com dezenas de entidades.

Em sua apresentação, a coordenadora do Grupo de Trabalho Intersetorial de Enfrentamento das Condições Geradoras da Violência Escolar do Governo de Minas Gerais, Maria Sueli de Oliveira Pires, citou 16 programas em atividade já consolidados no Estado e com previsão de serem ampliados. Entre eles, estão o “Fica Vivo”, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social; o Patrulha Escolar, da Polícia Militar de Minas Gerais; e o “Escola Viva”, da Secretaria de Estado Educação, que atende 504 instituições de ensino.

Segundo Maria Sueli Pires, o Governo do Estado tem atendido a alguns pedidos para instalação de equipamentos de segurança em escolas, mas avalia os casos em que a medida é realmente necessária. “Recusamos a instalação de detectores de metais. Não queremos transformar as escolas em presídios”, declarou. Para ela, as escolas precisam, sempre, estar abertas às comunidades. “Os esforços precisam ser pelo diálogo. A escola tem muito a ensinar, mas também tem muito a aprender com seu entorno”, afirmou.

O promotor de Justiça Civil da Infância e Juventude, Celso Penna Fernandes, defendeu o Estatuto da Criança e Adolescente, afirmando se tratar de uma das leis mais avançadas do Brasil, do ponto de vista social. Solicitou, ainda, aos presentes cuidados com relação à propostas de mudança no Estatuto. “Ele é bastante eficiente do ponto de vista da prevenção e não é menos severo do ponto de vista da punição, se comparado ao Código Penal”, disse.

Programação

O fórum continua neste quarta-feira (5), com debates de grupos de trabalhos, formados por representantes de seis cidades do interior onde aconteceram os encontros regionais e também de Belo Horizonte. Na quinta-feira (6), será realizada a Plenária Final. O documento resultante do evento vai subsidiar a formulação de políticas públicas visando à prevenção e ao combate à violência nas escolas.

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