DEPUTADO ROGÉRIO CORREIA (PT)
Discurso
Comenta o veto parcial à proposição de lei que dispõe sobre a criação de
cães das raças pit bull, dobermann, rotweiller e outros de porte físico e
força semelhantes.
Reunião
44ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/10/2006
Página 74, Coluna 1
Assunto SAÚDE PÚBLICA.
Proposições citadas VET 17200 de 2006
PL 161 de 2003
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/10/2006
Página 74, Coluna 1
Assunto SAÚDE PÚBLICA.
Proposições citadas VET 17200 de 2006
PL 161 de 2003
44ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
15ª LEGISLATURA, EM 10/10/2006
Palavras do Deputado Rogério Correia
O Deputado Rogério Correia - Sr. Presidente, esse assunto foi
discutido durante muitos anos nesta Assembléia Legislativa, e,
felizmente, conseguimos aprovar o projeto de lei que regulamentará
as raças de cães de médio e grande porte, que têm causado muitos
problemas em várias partes do Estado de Minas Gerais, como
ataques, especialmente de cães da raça “pit bull”, com mortes de
crianças e ferimentos graves em outras pessoas. Isso continua
acontecendo em diversas cidades de Minas Gerais e em todo o País,
e tem sido tema de debate na Câmara dos Deputados, nas assembléias
legislativas e nas câmaras de Vereadores.
Esse projeto de lei, aprovado por unanimidade nesta Casa, é
constituído de três pontos principais. O primeiro regulamenta o
comportamento dos donos e faz uma série de exigências para que
tenham cães de médio e de grande portes em suas residências. Esses
cães não poderão andar sem algum tipo de contenção nas ruas. Será
proibido o acesso deles às caixas de correio e de leitura de água
e de luz. Também não será permitido que sejam colocados em locais
impróprios, com o objetivo de se transformarem em cães perigosos e
violentos. Vale ressaltar que há pessoas que criam cães para
vender, treinando-os para serem mais bravos a fim de
proporcionarem segurança, o que acaba gerando a insegurança de
outros. Isso acontece muito, especialmente para alguns - não todos
- criadores de “pit bull”. Tudo isso foi colocado no projeto de
lei aqui aprovado.
O segundo ponto importante do projeto é a criação do Disque-Cão,
que também deverá ser regulamentado pelo Governador, provavelmente
junto ao Corpo de Bombeiros, para que a população possa denunciar
donos de cães que não respeitam a lei, largando-os na rua. Esse
programa poderá recolher o cão e multar o dono. Caso este não seja
identificado, o cão poderá ser aniquilado.
Nesse projeto, há uma terceira parte que diz respeito apenas aos
“pit bulls”, em que se prevê a extinção dessa raça de cães no
Estado de Minas Gerais, ficando proibida a criação e procriação da
raça “pit bull”. Para que isso aconteça, faz-se necessária a
esterilização dos cães dessa raça, mas foi justamente esse ponto
do projeto que o Governador vetou.
Quero chamar a atenção dos Deputados e das Deputadas que o
Governador concorda com a extinção da raça “pit bull”; portanto,
mantém a proibição da criação e da procriação. O Governador
concorda com essa parte da lei, que julgo importante. De fato,
trata-se de uma raça muito brava, uma miscigenação, que objetivava
cães de rinha, o que causa uma série de transtornos e ameaças ao
ser humano, pois a raça apresenta problemas não apenas de criação,
mas também de genética.
Então, o Governador manteve a proibição da criação e procriação
da raça - com o que concordamos -, mas vetou a parte concreta de
como proibir a criação e a procriação, que seria a esterilização
dos cães.
Muitas pessoas se assustam e dizem: “Vai esterilizar o pobre do
animal, isso não seria um ato violento?”. Quero explicar que, em
Belo Horizonte, já há esterilização dos cães de rua, a pedido da
Sociedade Protetora dos Animais. Antigamente, para controlar a
natalidade dos cães de rua, colocava-se os animais na câmara de
gás. Isso gerou grande polêmica com a Sociedade Protetora dos
Animais, que reivindicou a esterilização para controle dos
animais, pois, se não há esse controle, aumenta-se muito o risco
para a saúde pública - V. Exa. é médico e sabe bem disso. Aliás,
podem surgir várias doenças. Portanto, tem de haver o controle da
zoonose. A esterilização de cães é algo reivindicado pela própria
Sociedade Mineira Protetora dos Animais como o método mais
adequado, evitando que o controle desses cães seja feito por meio
de câmaras de gás.
O Governador entendeu que isso ainda não ocorria no Estado -
assim está escrito no veto: um acúmulo para garantir-se a questão
da esterilização - e ressaltou que, enquanto esse estudo não é
feito, há de debater melhor o tema. E optou por vetá-lo.
Acredito que o veto não prejudica o conteúdo completo do projeto,
que está resguardado, mas dependerá muito da sua regulamentação. É
essa regulamentação que me preocupa. Por isso, recorro a V. Exa.,
como Presidente da Assembléia, e ao Líder do Governo, para que
essa regulamentação seja discutida e tenha seu processo agilizado.
Caso a lei não seja regulamentada, nada disso valerá; todas as
outras partes da lei também não valerão. E o prazo para a
regulamentação da referida lei termina no dia 9 do mês que vem.
Portanto, temos um mês para a regulamentação do projeto, e ainda
não houve a iniciativa da Secretaria de Defesa Social, da
Secretaria de Saúde, do Corpo de Bombeiros ou da Polícia Militar,
que seriam, no meu entender, os responsáveis por opinar sobre a
regulamentação da lei.
Portanto, peço a V. Exa., como Presidente desta Assembléia, que
leve ao Governador a preocupação desta Casa com uma regulamentação
mais democrática, que leve em consideração todos os problemas que
ocorrem. Aliás, anteontem tivemos mais um problema com um cão da
raça “pit bull”, que agrediu um senhor de idade, que, por pouco,
não veio a falecer por causa dos ataques.
Se não houver regulamentação, os problemas continuarão. Todos nós
os acompanhamos e sabemos que são sérios. Assim, encaminho pela
derrubada do veto, embora reconheça que, sendo o assunto polêmico,
ele não prejudica a totalidade do projeto.
Como não há uma regulamentação ou uma idéia melhor para se
impedir a criação e a procriação dos cães da raça “pit bull” a não
ser pela esterilização - e não vejo outra forma melhor -, não
seria nada inteligente, por exemplo, sugerir o uso de camisinha em
cães “pit bull” para proibir a criação e a procriação. Vejo que a
esterilização é a única maneira e é a que eu consigo compreender.
Encaminho, assim, pela derrubada do veto. Faço uma ressalva e
ressalto, mais uma vez, que, mesmo que eu não consiga esse
intento, isso não significa que o projeto esteja prejudicado como
um todo. Não está. Acredito que a Assembléia Legislativa avançou,
e vamos aguardar a regulamentação por parte do governo do Estado.
Conto com V. Exa. para nos ajudar a fazer uma regulamentação
democrática, em que haja opiniões, para que a sociedade esteja
segura de que o projeto entrará, de fato, em execução como lei,
não apenas no papel, mas na prática. Muito obrigado.