DEPUTADO DUARTE BECHIR (PSD)
Declaração de Voto
Legislatura 19ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 09/07/2021
Página 93, Coluna 1
Assunto ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ALMG). GOVERNADOR.
14ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 7/7/2021
Palavras do deputado Duarte Bechir
O deputado Duarte Bechir – Sr. Presidente, nós chegamos a esta Casa em 2009 e, de lá para cá, nós passamos por diversos governos. Quando chegamos ainda era o governador Aécio Neves; depois, Anastasia reeleito, Alberto e Pimentel. Nós, que também fomos líder do governo, ajudamos a governar, representando os blocos, e a nossa experiência sempre foi de que deve haver cautela nas palavras entre os dois Poderes, que são independentes. A própria Constituição já diz que têm que ser harmônicos. O governo é o Executivo – está lá; a Assembleia é o Legislativo – está aqui. Cada um tem a sua atribuição, o seu trabalho, os seus componentes. Tem que prevalecer a harmonia, mas também a independência. A independência significa a gente respeitar os trabalho e as posições um do outro; que ele as tem e que nós não as temos. Da mesma forma, não pode haver distância entre os membros, entre os líderes dos dois Poderes para quando necessitarmos estar próximos para tomar uma decisão importante, como ocorreu na reforma da Previdência em que nós nos assentamos na mesma mesa com representantes dos servidores do governo e achamos o caminho para aprovar uma previdência – ruim ou boa, ela está sendo muito importante. E nós fomos, dos estados do Brasil, os pioneiros e a Assembleia do Brasil que menos teve problemas na aprovação, porque houve um entendimento com os servidores de que aquele modelo era o necessário. O remédio, que poderia ser muito mais amargo, não foi tanto. O próprio governo também sinalizou com algumas concessões, e a Assembleia teve um papel fundamental, preponderante na aprovação da reforma da Previdência. Quando eu chamo esse exemplo da reforma da Previdência, Sr. Presidente, é para dizer que o entendimento tem que continuar. Nós não podemos perder essa distância do governo nem ele de nós. Quando os próprios membros, os representantes começam a digladiar, a desferir ataques pessoais, nós estamos perdendo a essência de representação dos Poderes. E isso não está em livro nenhum, ou seja, que haverão de desferir ofensas pessoais a nenhum membro. Hoje, quando eu tomei conhecimento dessa entrevista do governador, eu quero aqui dizer que ele foi muito infeliz – é a palavra certa –, como foi sabiamente feliz o líder do governo na Casa ao dizer em tom de humildade: “Eu quero aqui pedir perdão a todos pelo que foi colocado”. E a Casa já se tranquilizou, os membros já se tranquilizaram com a palavra do líder. A nossa experiência na Casa, Sr. Presidente, sempre trouxe os nossos caminhos para poder desenvolver um trabalho, ser respeitado e estar junto. Lembra V. Exa. quantas vezes eu fiquei aqui, preso numa sala, porque se eu saísse daquela sala eu seria agredido? Quantas vezes? Numa determinada audiência aqui no Plenarinho IV, os policiais da Casa – muitos deles estão aqui – socorreram-me, porque o local seria invadido, e eu seria agredido naquela hora. Eles entraram, seguraram o portão, e eu fiquei dentro dessa sala por um bom tempo; depois saí pela garagem e fui para casa. Eu estava do lado do João Leite, quando ele foi agredido nesse corredor das comissões. Ele estava do meu lado e foi agredido com uma garrafada nas costas. Mas tudo isso nós passamos aqui para aprender a respeitar e buscar a harmonia dos Poderes. A minha fala, na manhã de hoje, não é para dizer que o governo esteja certo e que a Assembleia esteja errada, mas para sintetizar a minha preocupação, porque, se os dois Poderes não tiverem harmonia, quem vai perder é Minas Gerais, quem vai perder são os mineiros; se não houver harmonia, quem vai perder são os mineiros. Se o governo errou, o líder do governo já disse aqui: “Perdão. Vamos rever o que foi dito”. Eu peço a V. Exa. mais 1 minuto para concluir o meu raciocínio. Então, vamos achar o ponto da discórdia para buscar a concórdia. Nós, que somos do interior... E V. Exa. é um produtor rural pequeno, sintetiza a humildade do trabalhador, sintetiza a preocupação do bom mineiro, que quer enxergar lá na frente um Estado melhor. Nós, que não nascemos em berço de ouro, nem V. Exa. nem eu, e muitos daqueles que fazem parte do Poder Legislativo temos uma preocupação constante. Uma pergunta nos é feita todas as manhãs: será que o que eu estou fazendo, o que nós estamos fazendo é o nosso limite? Nós podemos fazer mais por Minas Gerais? E eu tenho certeza de que a contribuição que esta Casa já deu e que precisa continuar dando, toda ela vai ser carreada para o bem do povo de Minas Gerais – ela não pode cessar. Fica aqui a minha fala ao nosso presidente Agostinho Patrus; fica aqui a nossa fala para que ele continue preocupado com os municípios, com o povo; para que a equipe do governador, da mesma forma, mantenha a sintonia com o Poder Legislativo para que, juntos, com o esforço do Executivo e do Legislativo, possamos caminhar para o bem de Minas Gerais. Esta é a minha preocupação, esta é a minha fala. Eu não vou incentivar, hora nenhuma, a discórdia; eu quero incentivar a concórdia, a união, o respeito dos Poderes, preservando a sua independência. Muito obrigado, presidente.