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Cientista político Cristiano Rodrigues: Desafios do combate ao racismo

27/03/2023
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O decreto do governo Lula que destina a pessoas negras 30% dos cargos e funções de confiança na administração federal até 2026 é um marco político. Essa presença é fundamental para distribuição de poder nos espaços públicos. Mais negros em condições de poder tendem a abrir caminhos para outros que estão na base da pirâmide, a origem da maioria. O Brasil tem uma sociedade que ainda enxerga os próprios desequilíbrios como de classe, mas as diferenças raciais se sobrepõem e mesmo os negros privilegiados têm pouco acesso a cargos mais elevados. A análise é do professor e cientista político da UFMG, Cristiano Rodrigues, em entrevista a Marco Antônio Soalheiro, no Mundo Político. O professor destaca que o aumento dos negros nas universidades produz equilíbrio social, mas também leva à diversidade que é capaz de forjar uma sociedade melhor. Rodrigues elogiou a proposta de um trabalho interministerial do governo federal por considerar que as necessidades das pessoas negras vão além do que comporta um Ministério da Igualdade Racial e políticas públicas precisam ser compartilhadas com áreas como saúde e educação. O professor que é autor do livro Afro-Latinos em Movimento, avalia que a reflexão sobre o racismo no Brasil pode mirar a experiência dos EUA, mas muito mais adequada é olhar a história da escravidão na América Latina. Ele aponta também o custo do racismo dissimulado na história do Brasil que retardou a ação política do negro e a evolução da legislação. Por fim, o cientista político lembra há hoje uma reatividade ao avanço dessa ação política, na mesma medida em que se dá a ocupação dos espaços de poder pela população negra.