Servidores da Uemg reforçam cobranças, antes de assembleia sobre a greve
Revisão salarial, incorporação da ajuda de custo, plano de carreira e condições de trabalho são as principais reivindicações da categoria.
12/06/2024 - 15:12A associação dos docentes da Universidade do Estado (Uemg) convocou assembleia geral para deliberação, na tarde desta quarta-feira (12/6/24), sobre a greve iniciada no dia 2 de maio. Antes, em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), professores e servidores administrativos reforçaram as cobranças da categoria.
Na semana passada, as demandas foram apresentadas em reunião da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, entre as quais o cumprimento do acordo firmado em 2016 com o governo para incorporação de gratificações, ampliação do percentual de dedicação exclusiva e novo plano de carreira.
A audiência desta quarta (12) foi solicitada pelo deputado Betão (PT). A defasagem dos salários, que faz da carreira dos docentes da Uemg umas das piores do Estado, e a falta de estrutura da universidade, inclusive com a divisão de espaços com instituições de ensino como o Colégio Tiradentes de Barbacena (Região Central), foram destacadas pelo parlamentar.
O deputado Leleco Pimentel (PT) criticou a falta de disposição do governo estadual para o diálogo, o que seria uma estratégia de não reconhecimento da greve, um instrumento de luta dos trabalhadores.
Presidente da associação dos docentes, a Aduemg, Túlio Lopes também acredita em um projeto do governo Zema para o sucateamento das universidades estaduais. Ele protestou contra a recomposição salarial de 4,62%, frente a perdas acumuladas de 75%, cobrou uma carreira única, com a possibilidade de dedicação exclusiva para todos os professores, e colocou como condição para o término da greve o aumento da ajuda de custo.
Segundo o representante dos docentes, o governo sinaliza, pelo contrário, com o corte da ajuda de custo dos trabalhadores em greve, o que pode representar metade dos vencimentos.
Universidade possui mesmo número de cargos administrativos desde 1989
Apesar de a audiência ter focado na situação da Uemg, como os problemas são muito semelhantes na outra universidade estadual, a Unimontes, de Montes Claros, o presidente da associação dos docentes da instituição, Ildenilson Barbosa, apresentou o panorama das dificuldades enfrentadas no Norte de Minas.
“Nós vivemos na Unimontes um processo de devastação da universidade”, disse. De acordo com o professor, para não perderem a ajuda de custo, os servidores não podem tirar licença, trabalham mesmo quando doentes. Outra queixa de Ildenilson é da falta de efetivos para os cargos administrativos.
O cenário foi confirmado pelas representantes dos técnicos e analistas da Uemg, Sidnéia Mainete e Vanessa Pereira. Conforme relataram, de 1989, quando a universidade foi fundada, para cá, são os mesmos 258 cargos, apesar do número de alunos ter saltado de 3 mil para 21 mil. Atualmente, são apenas 82 efetivos nesses cargos. Só dois concursos foram realizados nesses 35 anos.
Elas ainda falaram sobre o plano de carreira, que se inicia com o salário de R$ 1.155, inferior ao salário mínimo – situação de diversos graus e níveis da carreira, a qual prevê 18 anos para a promoção por escolaridade adicional, mesmo que o servidor já tenha tomado posse com a formação necessária.
Reitora minimiza impacto da recomposição inflacionária
A reitora da Uemg, Lavínia Rodrigues, defendeu a mobilização dos servidores, por trazer visibilidade para as demandas da Uemg.
Ela se mostrou preocupada com a remuneração dos profissionais, especialmente da área administrativa. A defasagem seria tamanha que, mesmo com a revisão de 4,62%, o salário-base dos técnicos não chegaria ao mínimo, de forma que o impacto é zero, alterando apenas o que o governo deve complementar para cumprir o piso dos trabalhadores. Para os analistas, o aumento será de R$ 116. Tudo isso compromete a atratividade do concurso que está sendo preparado, salientou a reitora.
Lavínia ainda relatou os esforços da reitoria para a sensibilização quanto à importância do pagamento da ajuda de custo mesmo nos casos de afastamento por licença ou férias, incorporada no projeto de recomposição dos servidores aprovado na ALMG.
Por fim, ela fez o compromisso público de respeitar o lançamento de ponto feito por cada unidade acadêmica, diante do temor dos professores de perderem a ajuda de custo durante a greve.
A deputada Beatriz Cerqueira (PT) elogiou a presença da reitora da Uemg e criticou a ausência do titular da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Igor Alvarenga, diante da falta de propostas da representante do Executivo presente no debate, a assessora-chefe de Ensino Superior, Leandra Martins.
“Nós temos uma secretaria que não enxerga a Uemg, que não tem propostas para nossas universidades e não advoga a favor da educação. Eles simplesmente não se importam”, avaliou.
A parlamentar advertiu que o secretário terá que dar explicações sobre a situação das universidades e o andamento das negociações com os grevistas, no próximo ciclo do Assembleia Fiscaliza, iniciativa de fiscalização das ações do Poder Executivo.