Saúde de atingidos por rompimento de barragem em Brumadinho é tema de audiência na ALMG
Reunião, nesta terça-feira (29), vai abordar estudos realizados pela Fiocruz Minas e pela UFRJ sobre assunto.
28/04/2025 - 08:51A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza, nesta terça-feira (29/4/25), nova audiência pública para debater as condições socioambientais e de saúde dos atingidos pelo rompimento de barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2019.
A reunião, às 9h30 no Auditório José Alencar, foi solicitada pela deputada Bella Gonçalves (Psol). A Comissão também vai abordar os resultados de estudos que avaliam a saúde dessa população, realizados de forma coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz Minas (Fiocruz Minas) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A deputada salienta que a saúde dos atingidos pela mineração tem pautado o seu mandato. Ela lembra que já foram realizadas várias audiências públicas sobre o assunto, que ensejaram a criação de um grupo de trabalho sobre o impacto da mineração e do rompimento de barragens na vida das populações locais.
Pesquisa indica exposição a metais
Segundo a Fiocruz Minas, o estudo visa detectar as mudanças ocorridas nas condições de saúde dos atingidos pelo desastre a médio e longo prazo. Dessa forma, os participantes são acompanhados desde 2021. Em janeiro deste ano, foi divulgada mais uma análise a partir da inclusão de dados de 2023.
Um dos aspectos avaliados na pesquisa é o perfil de exposição a metais do município. A dosagem de cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês foi verificada por meio de exames de sangue e/ou urina.
Na população acima de 12 anos, os resultados demostraram exposição a esses metais nos dois anos analisados, mas, em 2023, o percentual de amostras detectadas com metais acima dos valores de referência diminuiu.
O arsênio é o que aparece mais frequentemente acima dos limites de referência, detectado, entre os adultos, em cerca de 20% das amostras, e, entre os adolescentes, em aproximadamente 9% das amostras. Contudo, nesse público, o percentual de amostras com arsênio acima do limite chega a 20,4%, dependendo da região de moradia.
Conforme mencionado na pesquisa, todos os metais apresentaram elevado percentual de detecção, nos dois anos, com reduções mais relevantes dos valores medianos para manganês e menos expressivas para arsênio e chumbo, quando se compara 2021 e 2023.
De acordo com a Fiocruz, esse quadro demonstra uma manutenção da exposição a esses metais no município, de forma disseminada em todas as regiões investigadas, ainda que com níveis mais baixos.
Os estudos também abordam as condições de saúde da população, baseando-se em diagnósticos médicos anteriores e na percepção dos próprios participantes, a saúde mental e o uso de serviços de saúde.
Chamado Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho, a pesquisa é financiada pelo Ministério da Saúde e desenvolvida em duas frentes: uma focada na população acima de 12 anos (Saúde Brumadinho) e outra voltada para crianças de 0 a 6 anos de idade (Projeto Bruminha).
Para a reunião, foram convidados representantes da Secretaria de Estado de Saúde, do Ministério Público, do Ministério da Saúde, do Conselho Estadual de Saúde, da Prefeitura Municipal de Brumadinho e do Projeto Assessoria Técnica Independente na Bacia do Paraopeba do Instituto Guaicuy.
Também foram chamados integrantes do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ e da Fiocruz Minas, entre outros.

