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Representantes pedem que Cemig acabe com gargalos na geração distribuída

Setores energético e industrial relatam dificuldades na liberação de micro e minigeração de energia produzida por empresas.

17/05/2023 - 15:58
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Representantes dos setores energético e industrial pedem urgência no atendimento da Cemig aos micro e pequenos empreendedores. Em audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quarta-feira (17/5/23), entidades representativas relataram um gargalo na obtenção de micro e minigeração distribuída em todo o Estado. 

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A geração distribuída é a geração elétrica realizada por consumidores independentes. O processo permite que o cliente instale em sua unidade consumidora geradores de fontes renováveis de energia solar, eólica, biomassa, hídrica e cogeração qualificada. Essa energia gerada no mês é descontada da energia consumida, proporcionando uma redução no valor da conta de energia do cliente.

De acordo com dados apresentados pelo diretor da Cemig Distribuição, Marney Tadeu Antunes, houve um crescimento exponencial de pedidos de conexão na rede da Cemig entre 2019 e 2022, o que criou um esgotamento de vários pontos na distribuição e até na transmissão, em todo o Estado. 

Apesar dele ter relatado a retomada na análise dos pedidos por parte da empresa, vários participantes afirmaram que isso não está acontecendo na velocidade desejada. Conforme depoimento do diretor do Departamento Técnico Regulatório da Absolar, Carlos Dornellas, os associados da instituição permanecem enfrentando dificuldades e a retomada nas avaliações está “tímida”. 

“A suspensão da emissão dos orçamentos de conexão nos preocupou muito. As empresas estavam fechando as portas. E a energia solar leva emprego para a ponta, sendo um importante vetor de desenvolvimento para o Estado. Precisamos retomar com a maior brevidade os negócios que acontecem em Minas. Queremos negociar soluções e dialogar com a Cemig e com o Estado”.

O diretor sugeriu a separação entre a micro e a minigeração de energia como uma possível solução para sanar parte dos gargalos. “O telhado solar não tem impacto na rede básica. Queremos empresas que continuem no Estado e promovendo desenvolvimento. A liberação, mesmo de forma gradual, é muito importante”. 

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Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe Nogueira explicou que o preço e a disponibilidade da energia é que ditam a competitividade do Estado no cenário nacional e mundial. Segundo ele, o maior consumidor da energia da Cemig no Estado é o setor industrial. 

“O nosso senso de urgência contrasta com os investimentos previstos a longo prazo pela Cemig. Nosso quadro ainda é crônico. Precisamos de uma antecipação do cronograma de investimentos, será o melhor para o Estado. Nossa capacidade produtiva está sendo restringida pela baixa oferta de energia”.

Representantes pedem urgência nos investimentos  

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Marney Antunes apresentou o plano de investimentos da Cemig para os anos de 2023 a 2027, que prevê cerca de R$ 18,3 bilhões na distribuição para todo o Estado. Autor do requerimento para a realização da reunião e presidente da Comissão de Minas e Energia, o deputado Gil Pereira (PSD) afirmou que o investimento previsto poderia ser aplicado nos próximos dois anos, não em cinco. 

Presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim pediu mais atenção na geração distribuída feita em algumas regiões que enfrentam maiores desafios no seu desenvolvimento, como o Norte de Minas.  

Citação

Vice-presidente da Associação Movimento Solar Livre, Wedson dos Reis Alves da Silva pediu que a Cemig desenvolva um plano executivo para trabalhar a energia fotovoltaica no Estado. “Há um vácuo na micro e minigeração. Os números não mostram o cenário de necessidades que os pequenos têm. Liberar a energia fotovoltaica é fundamental para atender as demandas”, explicou. 

Vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Weber Bernardes de Andrade endossou o coro e pediu maior rapidez nas respostas às demandas. 

“Os produtores rurais também querem investir em energia, como na biomassa, mas a demora da Cemig em dar respostas às demandas da classe acaba inviabilizando o empreendimento, além de exigências incompatíveis”. Ele citou a situação de um produtor rural que fez uma usina solar e solicitou à Cemig uma ligação. "A empresa pediu a ele um investimento da ordem de R$ 16 milhões, o que é completamente inviável."

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas e Presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL BH), Marcelo de Souza e Silva explicou que a CDL é a segunda maior cliente da Cemig, sempre levando para as empresas do interior a possibilidade de parcerias. "No primeiro trimestre, tivemos um saldo positivo de empregos gerados, sendo que 74% destes foram em micro e pequenas empresas. Então esse é um público fundamental a ser atendido", disse.

Comissão de Minas e Energia - debate sobre investimentos no setor energético
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“O holofote está sobre a energia solar, mas pequenas centrais elétricas, de biogás, biomassa, também beneficiaram o estado como um todo. Podemos aproveitar a cultura do agronegócio no Sul de Minas, já que os rejeitos agrícolas podem gerar energia também. Quando olhamos para o arcabouço de possibilidades, vale um trabalho conjunto para entender os desafios e sermos protagonistas.”
Guilherme Chrispim
Presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD)

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