Participantes de fórum defendem política permanente de ciência e tecnologia
Última etapa regional do Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência, realizado pela Assembleia Legislativa, ocorreu nesta sexta-feira (11), no Campus Pampulha da UFMG.
11/10/2024 - 18:03“Que a ciência seja um farol para guiar nosso Estado, nosso País. Esta é uma defesa da sociedade brasileira”, afirmou a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida, na abertura da última etapa regional do Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência. O evento ocorreu no Campus Pampulha da UFMG, nesta sexta-feira (11/10/24).
O sétimo encontro da programação reuniu cientistas e lideranças das regiões Metropolitana de Belo Horizonte, Central e Centro-Oeste. O objetivo principal da iniciativa é elaborar o Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, com diretrizes para o desenvolvimento socioeconômico, reduzindo as desigualdades e garantindo a sustentabilidade ambiental.
O fórum tem também metas específicas: busca mapear o trabalho científico realizado no Estado, mobilizar representantes de instituições, poderes públicos, empresas e movimentos sociais, além de promover a integração regional com projetos nacionais.
“Nossa batalha é para que Minas tenha uma política de Estado”, frisou a deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG e autora do requerimento de realização do fórum. Ela reproduziu saudação do presidente da ALMG, deputado Tadeu Leite (MDB), lembrando a importância da ciência para o enfrentamento de dilemas contemporâneos, como a crise climática. Nesse sentido, salientou que parlamentares da Assembleia incentivam o debate amplo com a sociedade.
Minas Gerais tem mais de 400 instituições de ciência e tecnologia
Atualmente, há mais de 400 instituições com trabalhos voltados para ciência e tecnologia sediadas em Minas. Conforme dados da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sede), formam o ecossistema:
- 202 institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação
- 58 institutos de ciência e tecnologia
- 86 institutos nacionais de ciência e tecnologia
- 37 núcleos de inovação tecnológica
- 8 parques tecnológicos
- 13 laboratórios, centros de pesquisa ou instituições de ensino que se associam à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii)
“Temos um ambiente produtor de conhecimento e mão de obra extremamente rico, mas precisamos de política pública permanente”, observou o presidente da Rede Mineira de Inovação, Marco Aurélio Crocco.
Para o diretor de Infraestrutura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Vitório de Freitas, é necessária a proximidade das atividades de pesquisa com projetos de extensão.
Estudante de ciências biológicas e representante discente, Luana de Oliveira deu ênfase ao senso de pertencimento, fundamental para envolver toda a sociedade no debate. Já o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Lucas Mendes Soares, listou investimentos recentes para aprimorar iniciativas científicas.
Instituições mineiras têm o terceiro maior orçamento do Brasil, de acordo com o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Carlos Alberto Arruda de Oliveira. Porém, ele adverte que existem dois desafios para produzir conhecimento: formação de redes colaborativas e impacto e aplicação social.
Instituições devem otimizar recursos e superar entraves legais
“Para você imaginar um futuro, você tem que acreditar que ele vai existir. Demanda esperança”, apontou o secretário adjunto da Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento e Orçamento, Wesley Matheus de Oliveira. Ele listou como problemas específicos de Minas questões relacionadas à mineração, o avanço da região árida e semiárida e a dívida pública.
Segundo Wesley, é imprescindível prestar atenção às ameaças e oportunidades. Tendo em vista o objetivo de planejar os próximos passos para o desenvolvimento científico estadual, apontou a importância de articular planos nacionais e subnacionais.
“Caso necessário, teremos que mudar a rota. Também precisamos compreender os resultados e os impactos gerados pelos investimentos em ciência, tecnologia e informação”, explicou.
Já a reitora da UFMG elencou como questões centrais o financiamento, os recursos humanos, os marcos legais e a articulação. Ela criticou o excesso de entraves legais e a interrupção repentina de investimentos em ciência e tecnologia. Evidenciou a importância de estruturas transdisciplinares e multiusuárias, a fim de abranger a complexidade e a dinamicidade do trabalho de pesquisa.
Além de fazer bom uso dos valores alocados, defendeu investir em infraestrutura, tornar as carreiras científicas mais atraentes e fortalecer vínculos entre os setores públicos, acadêmicos e empresariais. “De 90% a 95% da pesquisa científica ocorre nas instituições públicas, e Minas produz mais com menos”, destacou Sandra Regina Goulart Almeida.
Etapa final vai ser realizada em novembro
Durante a tarde, dois grupos de trabalho discutiram e votaram propostas divididas em quatro subeixos. A primeira equipe abordou “Estrutura da Política de Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado de Minas Gerais” e “Cidades Inteligentes, Sustentáveis e Criativas”. A segunda tratou de “Desenvolvimento Social e Qualidade de Vida” e “Natureza e Sociedade”.
Para a etapa final do Fórum Minas Gerais pela Ciência, que vai ocorrer de 25 a 27 de novembro na ALMG, os representantes dos grupos de trabalho deverão apresentar, entre outras demandas, as de monitoramento permanente dos recursos naturais e de inclusão dos saberes populares no uso de tecnologias sociais. Também serão defendidas alternativas de financiamento da pesquisa e iniciativas para amenizar efeitos das mudanças climáticas.