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Parlamentares defendem solução para manter atendimento de hospital em Uberlândia

Audiência demonstrou preocupação com descredenciamento do Hospital Santa Marta, que acarretará dificuldades para os usuários do Ipsemg na região.

20/03/2024 - 20:10 - Atualizado em 21/03/2024 - 14:44
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A assinatura de um contrato emergencial entre o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) e o Hospital Santa Marta, em Uberlândia (Triângulo), de modo a manter o atendimento aos cerca de 50 mil servidores estaduais e seus dependentes na região. A sugestão, feita pelo deputado Leonídio Bouças (PSDB), foi apresentada em reunião da Comissão de Administração Pública, da qual é presidente.

Ele e a deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitaram a audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), estão preocupados com a piora no atendimento aos usuários do Ipsemg, após esse hospital ter seu credenciamento cancelado no fim de fevereiro.

Também presente à reunião, o presidente do Ipsemg, André Moreira dos Anjos, informou que o credenciamento foi descontinuado porque o hospital tem dívida previdenciária com a União e com o Estado, o que inviabiliza a assinatura de novo contrato de atendimento.

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Beatriz Cerqueira pediu ao gestor que apresente estudos do impacto dessa medida. “Não há nada que possa ser construído entre o hospital e o Ipsemg para funcionar de forma transitória, até se chegar a uma solução?”, questionou. Leonídio Bouças aventou a possibilidade de o hospital obter uma liminar na justiça, congelando os efeitos do contrato e, consequentemente, mantendo os atendimentos.

Complementando essa informação, Flávia Mendes Lacerda, advogada da Casa de Saúde Santa Marta, informou que o hospital está tomando todas as medidas judiciais possíveis para obter uma liminar e assim manter o atendimento dos pacientes. 

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Segundo Elaine Ribeiro, dirigente estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, a situação se mostra ainda mais grave em função da atual epidemia de dengue. “Estamos aqui para defender nossos usuários; como faremos se os outros dois hospitais conveniados estiverem lotados?”, questionou, informando que a cidade atende ainda usuários de outras regiões.  

Rosângela Barbosa, coordenadora da subsede do SindUte de Uberlândia, divulgou que, algumas vezes, o atendimento na rede municipal do Ipsemg demora até 12 horas. No caso de consultas eletivas, o paciente às vezes tem que esperar dois meses. Segundo ela, o Hospital Santa Marta amenizava muito essa demora, por contar com boa estrutura e bons profissionais.

Geraldo Conceição, presidente do Conselho de Beneficiários do Ipsemg, falou do que considera ser o problema principal do Ipsemg hoje: o volume insuficiente de recursos financeiros investidos no instituto frente à necessidade de atendimento de aproximadamente 900 mil usuários. “O problema financeiro passa pelo congelamento dos salários dos servidores, principalmente do Executivo, que tiveram apenas 10% de reajuste nos últimos anos”, declarou. 

A baixa disponibilidade financeira do Ipsemg gera dificuldades de credenciar novos estabelecimentos de saúde, segundo ele. “É difícil fazer uma consulta, um exame, porque a tabela do Ipsemg tem valores muito baixos – R$ 50 é o valor aproximado da consulta”, afirmou. 

O hospital oferece pronto atendimento adulto e pediátrico 24 horas, serviços de obstetrícia e cirurgias em diversas especialidades. 

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Hospital só será credenciado se regularizar sua situação

O presidente do Ipsemg, André dos Anjos, reconheceu a importância do atendimento do Hospital Santa Marta para os usuários do Ipsemg em Uberlândia e todo o Triângulo Norte. Mas ressalvou que o estabelecimento só voltará a atender pelo Ipsemg se conseguir sua regularização ou uma liminar na justiça.

O gestor detalhou que, já em 2019, o hospital não contava com a documentação previdenciária exigida. Ainda assim, o Ipsemg flexibilizou e assinou contrato com o Santa Marta em 2020, sob a condição de que este regularizasse sua situação. Como até 2024, a entidade continua em débito, o instituto foi obrigado a descontinuar o convênio. 

Sobre as deficiências apontadas no atendimento à região, o gestor registrou que a produção assistencial do Santa Marta está aquém do teto previsto, de R$ 750 mil por mês, pois o estabelecimento executa R$ 650 mil.

Segundo ele, os outros dois credenciados do Ipsemg em Uberlândia – Hospitais Santa Genoveva e Santa Clara – têm cada um o teto de R$ 2,6 milhões. “É interesse do Ipsemg manter o Santa Marta, mas podemos verificar que Uberlândia e região tem rede suficiente”, disse ele, afirmando que as consultas podem ainda ser executadas em dezenas de clínicas disponíveis.

André dos Anjos disse que a média anual de consultas por beneficiário no Triângulo Norte é de 2,6, melhor entre todas as regiões do Estado. A meta do Ipsemg é chegar a 5 consultas por beneficiário. No caso de internações, a média da região é de 9 para cada cem beneficiários, enquanto que na região Centro (que engloba a Capital), a média é de 7 internações.

Sobre o problema financeiro, afirmou que o instituto tem um deficit de R$ 200 milhões, com uma rede que já não consegue atender bem a seus usuários. Lembrou que a arrecadação do Ipsemg prevista para 2024 é de R$ 1,5 bilhão, apesar de a necessidade financeira para bancar todo o serviço de saúde ser ainda maior.

O deputado Elismar Prado (PROS) declarou seu apoio incondicional ao credenciamento do Hospital Santa Marta. “Nossa expectativa é de que ocorra ampliação, e não redução do atendimento”, reforçou ele, criticando a política do governo de enxugamento de instituições que respondem por serviços essenciais, como é o caso do Hemominas e da Cemig.

Por fim, o deputado João Júnior (PMN) também destacou a importância do recredenciamento do Santa Marta, onde nasceram dois filhos seus. Ele defendeu a união de forças para buscar soluções e, se necessário, a provocação do Ministério Público para que encontre uma opção jurídica viável neste caso.

Unidade hospitalar, que fica em Uberlândia, teve convênio encerrado por problemas de irregularidades fiscais TV Assembleia
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