O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-MG), Rodrigo Tavares, recebeu demandas por intervenções imediatas em diversas rodovias dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Nesta quinta-feira (21/3/24), ele foi cobrado por deputados, prefeitos e vereadores, que reclamam do descaso histórico com a região.

A audiência da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização foi solicitada pelo deputado Doutor Jean Freire (PT), que lembrou a situação precária de diversos trechos, como o de Capelinha a Setubinha, na MG-211, e outros recentemente recapeados, como o de Virgem da Lapa a Araçuaí, na MGC-367.

Líder da Minoria na ALMG, o deputado sugeriu uma mobilização mais ostensiva da bancada da região, inclusive com a possibilidade de travar a votação de projetos de interesse do governo no Plenário, enquanto não for firmado compromisso com as obras elencadas como prioritárias.

Doutor Jean Freire também cobrou a punição das empresas responsáveis pelas obras mais problemáticas, que pouco tempo depois de entregues demandam novos serviços.

Fizeram coro às reivindicações do parlamentar representantes dos municípios do Jequitinhonha, entre eles vereadores e o prefeito de Capelinha, Tadeu Filipe Abreu, o prefeito de Rio do Prado, Adimilson Almeida, e vereadores de São Gonçalo do Rio Preto e de Crisólita.

Além da MG-211, que liga Capelinha a Setubinha, as rodovias mais citadas foram as MGs-214, de São Gonçalo do Rio Preto a Capelinha, 205, de Joaíma a Rio do Prado, e 406, de Rio do Prado a Palmópolis.

O prefeito Tadeu Abreu citou os obstáculos impostos pela falta de pavimentação, que deixa as vias intransitáveis em períodos de chuva. O prefeito Adimilson Almeida também se solidarizou com moradores que precisam trafegar pelas estradas esburacadas e perigosas para tratamento médico ou estudar.

Vice-presidente da Câmara Municipal de Crisólita, Vinicius Amorim destacou que a região tem potencial turístico e econômico prejudicado pela situação precária das estradas.

Planejamento precisa se traduzir em canteiros de obra

Os deputados Leleco Pimentel (PT) e Ricardo Campos (PT) reivindicaram que os projetos do governo para as estradas do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, com números expressivos, sejam efetivamente executados.

Na mesma linha, o deputado federal Paulo Guedes (PT-MG) lembrou que o acordo assinado com a Vale para compensação dos danos causados pelas tragédias de Mariana (Região Central) e Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte) prevê obras anunciadas na região e que ainda não saíram do papel: o trecho entre Pintópolis e Urucuia e as pontes entre São Francisco e Pintópolis, São Romão e Ubaí e Manga e Matias Cardoso.

A deputada Ione Pinheiro (União) também comentou as más condições das rodovias mineiras, assim como o deputado Carlos Henrique (Republicanos), que, por outro lado, salientou os avanços alcançados na gestão do governador Romeu Zema (Novo).

Carlos Henrique ponderou que o cenário na região é preocupante pelo enorme passivo de investimentos deixado por administrações passadas.

DER anuncia mais de R$ 290 milhões em contratos de manutenção

O diretor-geral do DER, Rodrigo Tavares, também culpou a falta de investimentos no passado pelas condições das rodovias, que, segundo ele, passaram a receber investimentos somente em 2022, com o programa Provias. Minas conta hoje com 6 mil quilômetros de estradas em situação ruim ou péssima e 52 pontos graves interditados, relatou.

No entanto, o governo prevê para o Norte de Minas e os Vales do Jequitinhonha e do Mucuri o maior investimento na malha viária da história na região, segundo o gestor.

Em obras de recuperação já concluídas, foram gastos R$ 278 milhões em 522 quilômetros. Mais R$ 28 milhões custearam 13 quilômetros de pavimentação.

As obras de recuperação em andamento vão consumir mais R$ 225 milhões, para 297 quilômetros, enquanto outros R$ 113 milhões serão investidos em 61 quilômetros de obras de pavimentação.

Ainda de acordo com Rodrigo Tavares, o programa ConservaPro, que tem o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços de manutenção rotineira das rodovias estaduais, deve receber mais de R$ 290 milhões para intervenções na região.