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Mulheres sofrem mais com a crise climática

No mundo, elas já chegam a 380 milhões vivendo em regiões com problema hídricos, alerta pesquisadora em ciclo de debates da ALMG.

13/03/2025 - 13:42
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"A emergência climática precisa ser enfrentada com reflexão, com inquietação e com política pública", alertou nesta quinta-feira (13/3/25) a diretora-executiva do Centro Brasileiro de Justiça Climática, Andréia Louback. Segundo ela, no mundo, 380 milhões de mulheres já vivem em regiões com estresse hídrico alto ou crítico e esse número pode subir para 674 milhões até 2050. 

Mestre em relações étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet/RJ) e jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a pesquisadora ministrou palestra magna no Ciclo de Debates Mulheres e Emergências Climáticas: Protagonismo, Construção da Resiliência e Justiça Climática.

Realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, o evento integra a programação do Sempre Vivas de 2025 e prossegue ao longo do dia com debates sobre os impactos das mudanças climáticas para as mulheres, bem como seu papel na conservação ambiental.

Seja pela crise hídrica, por enchentes, seca, disputa por territórios e outros extremos, a palestrante advertiu que a realidade climática impacta sobretudo as mulheres e trouxe outros dados que classificou como assustadores.

Segundo Andréia Louback, num futuro próximo, 234 milhões de mulheres podem passar fome, vivendo em insegurança alimentar severa, contra 131 milhões de homens; e 159 milhões podem ser empurradas para a pobreza extrema até 2050, 16 milhões a mais do que homens e meninos.

No cenário nacional, ela destacou que pretos e pardos respondem por 56% da população brasileira e as mulheres, por 51%.

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A palestrante defendeu mais iniciativas de gênero voltadas para capacitação e empoderamento das mulheres como forma de ampliar o acesso a informações e ferramentas de atuação e que essas ações não se concentrem em março.

Nesse sentido, ela avaliou que a COP 30 -  30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, prevista para Belém (PA), em novembro de 2025, será um grande momento para que as pautas das mulheres não só ganhem visibilidade na discussão, mas que também possam caminhar para propostas

Por outro lado, reforçou que elas precisam ser capacitadas a ter essa influência, num País em que menos de 1% da população falaria inglês, e levando em conta que não deve haver traduções na conferência, conforme frisou.

"É um debate específico, que traz desafios como o de garantir, por exemplo, que mulheres quilombolas participem não só fisicamente e em foto, mas de fato", reiterou. 

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A pesquisadora pontuou que o País tem uma lei sobre educação ambiental que não seria aplicada nas escolas, e isso seria um dos desafios a serem vencidos no enfrentamento da crise climática.

Ela também apontou a necessidade de sociedade em geral e governo compreenderem o conceito de justiça climática: termo que expressa a necessidade urgente de uma transição econômica justa e inclusiva, que reconheça e aborde as desigualdades sociais históricas e sistêmicas.

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Para deputadas, justiça climática exige transformação política

Na mesa de abertura do evento, a presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Ana Paula Siqueira (Rede), enfatizou que a data de 8 de março deve extrapolar o caráter comemorativo. 

“Vejo como uma oportunidade de comemorar conquistas, mas sobretudo de reforçar nosso compromisso com as batalhas que precisam ser travadas”, afirmou. 

Nesse sentido, julgou fundamental pensar sobre os impactos da emergência climática para as mulheres. De acordo com ela, a crise escancara as desigualdades, uma vez que mulheres negras, indígenas, do campo e periféricas sentem primeiro o impacto dos desastres naturais, da escassez de água e da insegurança alimentar.

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A líder da Bancada Feminina da ALMG, deputada Lohanna (PV), corroborou a fala anterior. Ela reforçou que o impacto da crise climática é maior para as mulheres. 

“Após as chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul, meninas e mulheres sofreram assédio nos abrigos e foi necessário intervenção do poder público. A isso se soma a desigualdade de acesso a recursos, à educação e a posições de poder”, falou.

A 1ª vice-presidenta da ALMG, deputada Leninha (PT), abriu o evento. Ela representou o presidente da Assembleia, deputado Tadeu Leite (MDB), e leu o discurso dele. 

O presidente da Assembleia apontou que as mudanças climáticas reforçam as desigualdades e, assim, trazem mais impactos para as mulheres. Dessa forma, como disse, o papel das mulheres no enfrentamento à crise climática é fundamental, assim como a participação desse público na tomada de decisões. 

O deputado Doutor Jean Freire (PT) também destacou a necessidade de que mulheres ocupem mais espaços de poder e manifestou seu compromisso com isso e com a busca de direitos para essa parcela da população. 

Presente no evento, a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Carvalho, apontou o pioneirismo da Assembleia ao tratar das mudanças climáticas desde o início do ano passado, tema que repercute agora no Sempre Vivas

Segundo a secretária de Estado, o governo estadual passou a contar com um Plano de Mudanças Climáticas e há nele um item específico sobre justiça climática que traz os impactos da crise para as minorias de modo geral, a partir do qual é possível se pensar em ações.

Lista
Sempre Vivas 2025 - Ciclo de debates Mulheres e Emergências Climáticas: protagonismo, construção da resiliência e justiça climática
Sempre Vivas 2025 - Ciclo de debates Mulheres e Emergências Climáticas: protagonismo, construção da resiliência e justiça climática - Palestra magna
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"As mulheres são maioria no Brasil e estão tentando se manter vivas diante de uma crise climática que já começou.” 
Andréia Louback
Diretora-executiva do Centro Brasileiro de Justiça Climática
“Tudo isso é fruto de uma estrutura que historicamente marginaliza e silencia mulheres. A justiça climática exige transformação política. Precisamos de mais mulheres em espaços de poder.”
Ana Paula Siqueira
Dep. Ana Paula Siqueira
Presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher

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