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Moda enquanto expressão cultural e artística deve ser estimulada

Defesa foi feita por pesquisadores da área e produtores de moda, em audiência da Comissão de Cultura.

08/11/2023 - 14:40
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Incentivar a moda enquanto uma expressão cultural e artística. A demanda foi feita, nesta quarta-feira (8/11/23), em audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

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A articuladora da Frente da Moda Mineira e ocupante da Cadeira de Moda da Conselho Estadual de Política Cultural (Consec), Giovanna Penido, disse que é preciso pensar nas vertentes da moda: a moda indústria e a moda enquanto cultura e manifestação artística, elaborada de modo artesanal.

Ela enfatizou a importância da moda enquanto indústria que gera emprego e renda. Mas disse que é preciso ir além e estimular a moda como identidade cultural e manifestação artística, que inclusive tem uma abordagem sustentável.

Coordenador do Curso de Moda da universidade Fumec, Antônio Fernando Batista dos Santos, enfatizou que o conceito de moda enquanto cultura diz respeito a uma moda que traz referências culturais. Ele exemplificou que o vestido preto da Chanel só se tornou o que é porque contou uma história e agregou valor à peça.

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Antônio Fernando salientou que quem não registra história com a moda faz roupa apenas e que é preciso repensar esse aspecto. “Minas é um polo de matéria-prima, mão de obra e artesanato. É preciso resgatar isso”, defendeu.

Jornalista e Pesquisadora de Moda, Arte, Crítica e Política, Valeria Said Tótaro disse que o conceito de moda enquanto linguagem artística e cultural é recente, datando de 2008.

Ela pontuou que, nesse sentido, a cultura está atrelada à economia criativa e traz, na sua essência, um trabalho que deve contar com diversidade, sustentabilidade e inclusão social.

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Demanda por mais incentivos

Vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte, Fausto Sebastião Izac, abordou a capilaridade da moda pelo Estado. “Minas nos seus 853 municípios lida com a moda. São cidades que têm confecções as quais geram emprego e renda”, disse.

Ele defendeu que são os pequenos negócios, costumeiros no ramo da moda, que seguram os momentos de crise.

Nesse sentido, demandou que o governo estadual, que como disse está aberto a implementar politicas públicas com o entendimento de que moda é também cultura, amplie as parcerias e incentivos para o setor.

Concordou com ele Rita Bacchieri, consultora da Câmara da Indústria do Vestuário da Federação de Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Ela salientou que a moda envolve uma cadeia gigante, que traz alta empregabilidade.

Dada essa importância, ela disse que a moda é um segmento reconhecido pelo Estado e que, até mesmo, foi dos primeiros setores a adquirirem um regime especial de tributação.

Apesar disso, disse que é preciso pensar em linhas de crédito e fomento para micro e pequenas empresas do ramo, que não são contempladas por esse regime de tributação.

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Políticas públicas

Para o subsecretário de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, Igor Gomes, é preciso entender a moda como cultura e analisar a importância dela para o Estado. “É o principal segmento cultural do Estado que gera emprego e renda e também faz sobressair a economia criativa”, disse.

Ele também disse que o governo está comprometido com políticas públicas que entendam a moda como cultura e não só como indústria.

Acesso a recursos

O deputado Professor Cleiton (PV), que preside a comissão e solicitou o debate, enfatizou que é preciso colocar a moda em seu devido lugar que é na cultura.

Ele explicou que a maioria dos agentes culturais não reconhecem a moda como segmento cultural. O parlamentar defendeu que, nesse sentido, produtores de moda devem ter direito a acessar os mesmos recursos e políticas que outros segmentos da cultura.

Entre eles, citou o Descentra Minas, iniciativa do governo estadual a fim de ampliar o acesso aos mecanismos do sistema estadual de financiamento, e a Lei Aldir Blanc, uma norma federal que garantiu uma série de medidas emergências para o setor cultural e criativo, impactado pela pandemia.

Professor Cleiton ressaltou ainda o potencial de Minas nesse setor e disse que a moda é também um aspecto da mineiridade. Ele deu o exemplo da cidade de Juruaia (Sul), famosa pela confecção de lingerie e que vive o pleno emprego.

A deputada Lohanna (PV), vice-presidenta da comissão, ressaltou que Divinópolis (Centro-Oeste), cidade na qual foi vereadora, tem como motor do seu desenvolvimento a indústria têxtil.

Ela enfatizou também que essa indústria foi importante para garantir emprego e renda, sobretudo para mulheres da cidade, em um momento de crise de outras empresas, que empregavam os seus maridos.

Também enfatizou a importância da moda o deputado Bosco (Cidadania). Ele disse que o setor é responsável por marcar o tempo em que se vive. “A moda marca a cultura de determinadas épocas. Para constatar isso, basta recorrer a fotos de álbuns de família”, disse.

Comissão de Cultura - debate sobre a moda
“Não tem como fazer moda sem pensar, sem conteúdo, discurso e referência.”
Antônio Fernando Batista dos Santos
Coordenador do Curso de Moda da universidade Fumec
Comissão de Cultura discute importância da moda mineira TV Assembleia
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