Jovens de todo o Estado, ainda sob os impactos da pandemia e diante da situação do desemprego no País, estão engajados para a discussão do tema “Jovem e Mercado de Trabalho”, escolhido para a edição de 2023 do Parlamento Jovem de Minas (PJ Minas). A temática tem facilitado a mobilização e as discussões que começam a ocorrer no interior.

A constatação é da coordenação estadual do programa, que está percorrendo os 20 polos regionais para a realização das visitas técnicas. Feitas de forma virtual no ano passado, elas voltaram a ser presenciais neste ano, com calendário que começou na segunda quinzena de abril e segue até o fim deste mês.

O PJ Minas é um programa de formação política e cidadã desenvolvido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), por meio da Escola do Legislativo, em parceria com câmaras municipais e com apoio da PUC Minas.

“Esse é o momento de acompanhar o desenvolvimento do PJ Minas nos municípios e também de integração e troca de experiências entre as câmaras participantes de cada polo. Debatemos os desafios da gestão e também levamos informações sobre as próximas fases”, sintetiza Veruska Gontijo, da coordenação estadual do programa.

Os municípios, segundo Veruska, mobilizam estudantes, e alguns já estão realizando as oficinas. Aí surgem peculiaridades regionais e ideias criativas que buscam manter os jovens engajados. Isso inclui desde a valorização do mercado de trabalho e das potencialidades locais até parcerias com instituições de formação profissional e dinâmicas que “conversam na língua dos jovens”.

Veruska conta que em Cambuí (Polo Sul I), por exemplo, a coordenação municipal convidou para as oficinas jovens que empreendem na cidade, o que propicia uma metodologia mais prática, aproxima os estudantes do tema e reconhece o potencial da economia local. “Isso traz o trabalho para dentro da oficina. São relatos de experiências locais que despertam a conexão e o aprendizado”, avalia.

Mostra de profissões para ampliar o universo dos jovens, acolhimento de alunos em situação de vulnerabilidade, oficinas sobre currículos e sobre entrevista de emprego são outras iniciativas que já foram identificadas.

Polos estão conscientes da necessidade de integração

Outro ponto que tem chamado a atenção nas visitas, de acordo com a coordenação estadual, é a percepção dos coordenadores de que é preciso promover a integração no polo, já com vistas à etapa regional. Nesse ponto, as propostas municipais para o tema “Jovem e Mercado de Trabalho” passam a ser discutidas e votadas no polo.

“Em Nova Era (Polo Médio Piracicaba), eles fizeram uma atividade de integração do polo em uma fazenda”, relata Veruska, enfatizando a diversidade de cada região.

A PUC Minas colabora com a formação dos estudantes e é responsável pela elaboração do caderno de atividades, material que orienta as oficinas e o desenvolvimento do tema. “São oficinas vivenciais, que propiciam aos jovens o autoconhecimento, a percepção de suas habilidades enquanto jovens em formação profissional e o conhecimento dos conteúdos propostos nos subtemas”, destaca Veruska.

Os subtemas são “Desenvolvimento Econômico e Mercado de Trabalho”, “Escolaridade e Qualificação Profissional” e “Jovens em Situação de Vulnerabilidade e Inclusão no Trabalho”.

Linguagem jovem

Municípios participantes do PJ Minas têm buscado uma linguagem jovem, que incentive a permanência dos estudantes no projeto. No Polo Sul II, por exemplo, duas câmaras ingressantes, com coordenadores de idades bem diferentes, traçam estratégias para manter esse interesse dos jovens.

Coordenador da Escola do Legislativo de Itanhandu e ex-integrante do PJ Minas, Guilherme Ribeiro Pinto, de 22 anos, usa a própria experiência para pensar em alternativas que mantenham os jovens no programa.

As oficinas em Itanhandu começam na próxima semana. Guilherme conta que tem ajuda de uma psicóloga e que, juntos, já definiram que os encontros não podem se estender por muito tempo, devem permitir a troca de experiências com profissionais diversos – e não apenas a discussão teórica do tema – e precisam ter, ainda, um momento lúdico de convivência.

“O tema ajuda muito. Foi certeiro. Todos os jovens vão enfrentar o desafio do mercado de trabalho”, acentua Guilherme.

Luiz Roberto Costa Fortes, de 64 anos, por sua vez, já contabiliza oito oficinas em Wenceslau Braz, praticamente uma por semana. A experiência do vereador e presidente da Câmara tem garantido uma escuta refinada dos jovens e uma troca geracional positiva para o PJ Minas.

Como o município é pequeno, ele conhece os 27 jovens que participam do PJ Minas. Além disso, ele também conhece muitos potenciais palestrantes e parceiros e participa de cada encontro contando experiências que podem ser úteis. “O entusiasmo está na base de tudo”, ensina. Mas um agrado também ajuda. Dono de laticínio, Luiz garante o queijinho ao final de cada encontro.