Responsável pela primeira grande greve de trabalhadores após o golpe militar de 64, o Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte/Contagem e Região (Sindimetal) foi homenageado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em audiência pública realizada nesta quinta-feira (16/5/24). 

Durante a reunião, organizada pela Comissão de Participação Popular da ALMG, também foram celebrados os 90 anos de fundação da entidade sindical. A audiência pública foi requerida pelo deputado Ricardo Campos (PT), vice-presidente da comissão.

Ao abrir a reunião, o deputado Ricardo Campos destacou a importância do Sindimetal no cenário nacional. “É um dos sindicatos com mais representatividade entre os sindicatos de operários da América Latina. O Sindimetal é o berço da luta pelos direitos e pela democracia em Contagem”, afirmou o parlamentar.

Fundado em 11 de agosto de 1934, o sindicato está sediado no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, e tem subsede no Centro de BH, com outros seis municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) em sua área de abrangência: Ibirité, Sarzedo, Ribeirão das Neves, Nova Lima, Raposos e Rio Acima.

Deflagrada no auge da ditadura militar, a greve dos metalúrgicos de 1968 foi iniciada em 16 de abril daquele ano com a adesão de cerca de 20 mil operários da Belgo-Mineira, atual ArcelorMittal Brasil, em Belo Horizonte. A paralisação alcançou outros milhares de trabalhadores em dezenas de empresas da região e foi seguida por outras grandes greves em Osasco e Taubaté, municípios do Estado de São Paulo.

Após uma dura reação inicial ao movimento grevista, o regime militar recuou e concedeu um abono de 10% à categoria. A importância da greve também foi lembrada pelo deputado Ricardo Campos.

Representando a entidade, o presidente do Sindimetal, Geraldo Valgas de Araújo, recebeu de Ricardo Campos o diploma do voto de congratulações da Assembleia de Minas com o Sindimetal, parabenizando a instituição pelos seus 90 anos.

O dirigente sindical afirmou que a entidade está pronta para exercer um papel de liderança na retomada do processo democrático no Brasil. “O melhor caminho para reconstruir a democracia no Brasil é colocar no centro dela a cultura dos direitos do trabalho”, propôs.

Um dos participantes da reunião, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Minas Gerais, Jairo Nogueira Filho, citou a luta pela revogação da reforma trabalhista como um dos pontos centrais da atual luta do movimento sindical no Brasil.

Ex-presidenta da CUT Minas, a deputada Beatriz Cerqueira (PT) exaltou o trabalho sindical como origem e fonte de força para todo o seu trabalho político. “É o lugar em que eu fui forjada: a luta sindical e a luta de classe”, afirmou a deputada, celebrando também a trajetória do Sindimetal. “Um grande viva pelos 90 anos desse sindicato, que se confunde com a história de Minas Gerais e da classe trabalhadora”, parabenizou ela.

Toda a atual diretoria do sindicato também participou da reunião e, entre outros convidados, o ex-presidente Paulo César Funghi Alberto e o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas Gerais (Femcut-MG), Marco Antônio de Jesus. A trajetória de luta do Sindimetal também foi elogiada pelo atual superintendente regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans, em mensagem gravada em vídeo, enviada à Assembleia.