Escolas cívico-militares no Noroeste contribuem para melhoria do Ideb
Constatação foi feita em reunião em Buritis, onde seis estabelecimentos municipais já adotam modelo; qualidade na educação, disciplina e queda na evasão escolar são destacadas.
13/06/2024 - 21:12 - Atualizado em 14/06/2024 - 14:07Um balanço da atuação das escolas cívico-militares em Buritis (Noroeste) e em outras cidades da região foi apresentado em reunião da Comissão de Esportes, Lazer e Turismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (13/6/24).
Imbuídas de valores como respeito e disciplina, valorização do ensino, do conhecimento e da dedicação ao estudo, essas instituições têm obtido bons resultados na melhoria da educação, como confirma o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Segundo membros da comunidade escolar que participaram da atividade em Buritis, isso é demonstrado pela redução da evasão escolar e das infrações cometidas por crianças e adolescentes e, ainda, pela melhoria do comportamento dos alunos.
Logo no início da audiência, solicitada pelo deputado Coronel Henrique, estudantes marcharam com as bandeiras do Brasil, de Minas e de Buritis. Em seguida, todos os presentes cantaram o Hino Nacional, como é praxe nessas escolas.
Seis estabelecimentos já aderiram ao modelo em Buritis, quatro na área urbana e duas na rural. Nessas escolas, a gestão é feita numa parceria entre diretores e professores junto com militares da reserva. Os bombeiros atuam em questões de logística, administração, disciplina e comportamento dos alunos, sem interferir em assuntos pedagógicos.
Qualidade do ensino e queda da evasão escolar são destacadas
De acordo com a secretária de Educação de Buritis, Eliene Teixeira, a disciplina e o respeito são marcantes nas escolas locais que adotam esse modelo. “Pais relataram que seus filhos os têm tratado de forma respeitosa, revelando mudança de comportamento”, disse. Ainda segundo ela, os professores estão satisfeitos, por se sentirem valorizados pelos alunos, que têm prazer de ir à escola.
Além disso, de acordo com a gestora, a evasão escolar praticamente inexiste nessas escolas: “Antes, havia casos de estudantes que simplesmente ‘sumiam’ da escola; agora, isso não acontece mais; pelo contrário, há filas de pais querendo matricular seus filhos”, comemorou.
Como resultado da melhoria da qualidade do ensino nas escolas cívico-militares, Eliene Teixeira registrou o avanço no Ideb: a meta em Minas Gerais é de atingir 6, e Buritis já chegou aos 5,7. Outros avanços importantes citados foram a redução de comportamentos infratores, na forma de violência no ambiente escolar e de danos ao patrimônio.
Marilene Resende, pedagoga da Escola Municipal Cívico-Militar Cândido José Lopes, destacou a atuação dos militares do Corpo de Bombeiros no projeto – comandante, subcomandante e monitores - no apoio aos professores e à diretoria em questões envolvendo disciplina e ordem nas escolas. Por fim, ela defendeu a implantação das escolas cívico-militares em todo o País, lamentando a revogação, pelo governo federal, da lei que criou esse modelo no Brasil. Outras diretoras de escolas municipais que implantaram o projeto endossaram as palavras da colega.
Outras cidades do Noroeste já adotam o modelo
Criador da Frente Parlamentar em Defesa das Escolas Cívico-Militares, o deputado Coronel Henrique lembrou que Urucuia, também no Noroeste, foi a primeira cidade a adotar esse modelo em escolas locais, em 2020. Ainda nessa região do Estado, o Município de Riachinho conta com unidades cívico-militares.
Após lamentar que o governo Lula tenha “encerrado covardemente o projeto em nível federal, em dezembro de 2023”, o deputado agradeceu ao governador Romeu Zema (Novo) por ter dado sequência na criação de escolas cívico-militares em Minas. “Já são nove escolas nessa linha, que têm a participação do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais; a experiência do Noroeste precisa ser replicada para ampliarmos o programa em outras partes do Estado”, defendeu.
Participantes defendem modelo para o ensino médio
O prefeito de Urucuia, Rutílio Cavalcanti, destacou que, no ensino fundamental 2 (5ª a 8ª série) da cidade, 100% das escolas municipais urbanas são cívico-militares e funcionam no regime de tempo integral. Ele manifestou interesse em implantar o modelo também nas escolas de ensino médio locais, mas disse que restrições legais o impedem de fazer isso. Como o ensino médio é uma atribuição do Estado, e não do município, ele pediu apoio do deputado Coronel Henrique para fazer as alterações legais necessárias, de modo a viabilizar seu pleito.
Já o vice-prefeito de Buritis, Rufino Folador, destacou como atributos das escolas cívico-militares a união, o patriotismo, o amor à família e à liberdade. Depois de destacar que essas escolas recebem 1.200 alunos na cidade, ele defendeu, assim como seu colega de Urucuia, a implantação do modelo também no ensino médio.
Pais e alunos relatam boas experiências
Luciana Santos, de 14 anos, aluna da Escola Cívico-Militar Cândido Lopes, deu seu depoimento em favor desse sistema de ensino. “As pessoas me olham com admiração, por eu estudar nessa escola", afirmou. Segundo ela, após a implantação do novo sistema, seu comportamento mudou. “Eu não tinha afinidade com os estudos, mas com o incentivo do comandante e dos monitores, hoje gosto muito de estudar”, declarou ela, completando que pretende seguir a carreira militar no Exército Brasileiro.
Ivan Carlos, pai de Davi e Miguel, alunos de uma escola cívico militar local, disse que representava pais e mães que acreditam muito no projeto. “Meus filhos melhoraram muito na dedicação aos estudos, no respeito, no civismo”, enfatizou.
Na avaliação dele, a escola cívico-militar não tem o objetivo de militarizar os jovens, mas sim de complementar a educação deles, tornando a escola um lugar mais seguro. “A escola cívico-militar não retira o senso crítico dos alunos, mas dá a oportunidade de todos verem de forma amigável e respeitosa as nossas diferenças”, pontuou.
Modelo apartidário
O presidente da Associação Brasileira de Educação Cívico-Militar (Abemil), capitão do Exército Davi Lima Sousa, afirmou que esse modelo é apartidário e busca ampliar a cidadania.
Ele informou que, em Minas Gerais, há 12 escolas cívico-militares municipais e nove estaduais. Segundo ele, a Abemil está negociando a implantação do sistema em Uberlândia, Araguari, ambas no Triângulo, e ainda em Paracatu (Noroeste).
Em nível nacional, o Amazonas já adota o modelo em seis escolas. Em São Paulo, foi aprovada recentemente proposta para adesão ao projeto. Já no Paraná, o governador Ratinho Júnior manifestou interesse em implantá-lo. O militar disse ainda que o Ministro da Educação, Camilo Santana, declarou que cada estado tem autonomia para adotar o modelo, se julgar conveniente.
Por fim, o general da reserva Walter Braga Neto, ex-ministro do governo Bolsonaro, enfatizou que fez questão de prestigiar a audiência pública, por reconhecer o esforço de cidades do Noroeste mineiro em implantar o modelo de escolas cívico-militares.