Escola estadual no Bairro Ouro Preto teme municipalização
Unidade em Belo Horizonte tem ótimos indicadores e é referência na comunidade, onde está instalada há quase 50 anos.
25/08/2023 - 18:04Uma escola pequena, de apenas seis salas, com indicadores acima da média, que funciona há quase 50 anos no Bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, mas que pode ser municipalizada segundo os critérios do projeto Mãos Dadas, do Governo do Estado.
Esse foi o cenário encontrado pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que visitou, nesta sexta-feira (25/8/23), a Escola Estadual Sarah Kubitschek Itamarati.
O Mãos Dadas pretende transferir para os municípios escolas estaduais que atendam os anos iniciais do ensino fundamental. É o caso da Sarah Kubitschek Itamarati, que tem 303 alunos do 1º ao 5º ano, com idades entre seis e 11 anos.
Em audiência realizada na ALMG neste mês, a diretora da escola, Polyana Camargos, contou que recebeu a visita de agente da Prefeitura de Belo Horizonte, que fez perguntas e fotos, mas não esclareceu o motivo do contato.
“Acho que, a qualquer momento, a municipalização pode acontecer”, suspeita a diretora. Segundo ela, a situação gera insegurança nas professoras efetivas, que podem ter que mudar de escola, e nas contratadas, que podem perder as vagas.
A intenção de Polyana, na verdade, seria ampliar a unidade e atender os pais que lamentam não ter ali mesmo a continuidade dos estudos dos filhos. Projetos e eventos da escola envolvem a comunidade e vão desde teatro até educação para a cidadania.
Ideb
Numa eventual expansão, como é o desejo da diretora, seria possível também atender à principal demanda da escola, segundo Polyana, que é uma sala de recursos, já que a unidade tem 17 alunos com deficiência. Mas enquanto isso, a Sarah Kubitschek Itamarati comemora feitos como os excelentes índices de avaliação. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), por exemplo, a escola atingiu 6,8, contra 6,1 no Estado e 5,8 no País.
“É uma escola que dá certo, que tem o carinho das crianças, que tem o pertencimento na comunidade e ótimos indicadores. Mas o Estado quer se desfazer disso”, criticou a deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da comissão e autora do requerimento para a visita.
Para a parlamentar, a unidade tem que continuar a existir em sua plenitude. “Temos 180 escolas na lista de municipalização, mas não sabemos quais são. É uma tática do governo para que as comunidades não se posicionem”, frisou Beatriz Cerqueira.