A diversidade de vozes e o engajamento cívico foram enaltecidos durante o lançamento da 21ª edição do Parlamento Jovem de Minas (PJ Minas) nesta sexta-feira (21/3/25). A atividade reuniu representantes de mais de 40 câmaras municipais no Auditório José Alencar, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Também estiveram presentes parlamentares estaduais e outras pessoas responsáveis pela implementação do programa de formação política e cidadã dos estudantes do ensino médio, realizado pela Assembleia em parceria com a PUC Minas. O tema deste ano é “Juventude e Direitos Culturais”.

Protagonismo da juventude é o foco da proposta

“O Parlamento Jovem nos garante essa oportunidade para falar daquilo que experimentamos e não daquilo que fomos convencidos de que deveríamos falar”, sintetizou o aluno da Escola Estadual Maria Elizabeth Viana, de Sabará, Helbert de Oliveira. Ele discursou em nome dos participantes do 21º PJ Minas.

Para ele, a renovação de ideias é fundamental para discutir e elaborar políticas públicas.

Para as deputadas Lohanna (PV) e Beatriz Cerqueira (PT), jovens, mulheres e pessoas negras precisam se articular para participar da política institucional. Em depoimento reproduzido pela deputada Beatriz Cerqueira, o presidente da ALMG, deputado Tadeu Leite (MDB), reforçou o compromisso da Assembleia com a promoção da democracia.

Projeto tem lógica colaborativa

Segundo a gerente-geral da Escola do Legislativo, Ruth Schmitz, o PJ Minas tem uma efervescência que se renova a cada ano, com a chegada de novas câmaras interessadas em integrar o projeto. Desta edição, participam 157 municípios, 30 deles estreantes.

Ruth explicou que o objetivo é lançar um outro olhar para políticas municipais e estaduais, que afetam a coletividade. “Trabalhamos com a lógica colaborativa, em rede, e os jovens tratarão seu olhar entusiasmado, cheio de esperança para a política mineira”, ressaltou.

Representando todos os coordenadores do PJ, o servidor da Câmara de Monte Sião, Lucas Dias, comentou sobre o compromisso de mediar e facilitar o processo, promovendo a educação para a cidadania. Conforme o diretor do Instituto de Ciências Sociais da PUC Minas, Danny Zahreddine, a consciência, lucidez e tomada de posição são legados do PJ.

“A nossa juventude tem muito a contribuir com a administração pública”, reconheceu o presidente da Câmara Municipal de Catas Altas, vereador Anízio Aparecido (PSD), em nome dos legislativos municipais. Já o vereador de Belo Horizonte, Helton Junior (PSD), lembrou que jovens às vezes enfrentam o descrédito quando tentam participar da política e precisam de chances.

Orçamento é desafio para desenvolver atividades culturais

A deputada Lohanna lamentou os cortes no orçamento destinados à cultura. Ela mencionou que, por exemplo, batalhas de rima e festas de Reinado e Congado recebem recursos da Lei Aldir Blanc.

“É nas cidades que a vida acontece e a maior parte dos municípios não tem condições de fazer um investimento expressivo em cultura”, explicou. Por isso, verbas federais e estaduais são importantes.

“E aqui em Minas? Onde a gente pode ter incidência, enquanto juventude organizada, para conseguir mitigar esse problema? É na Secretaria Estadual de Cultura. Por isso, peço que acompanhem a nossa luta como comissão”, convidou. Segundo a deputada, o Fundo de Cultura conta com R$ 112 milhões.

“Não estamos pedindo mais dinheiro para a Cultural. Dinheiro tem”, assegurou. Para Lohanna, esses recursos podem ser utilizados para fomentar projetos de interesse da juventude. “Mobilizar orçamento é poder”, enfatizou.

A parlamentar observou que atividades culturais geram emprego e renda. “O PIB da economia criativa cresceu mais do que o PIB geral. Estamos falando de pessoas que trabalham no cinema, no teatro, na escrita… que não vão desmatar, minerar, poluir”, pontuou. 

PJ Minas é oportunidade de diversificar elaboração de políticas

Conforme o IBGE, o Brasil tem mais de 14 milhões de jovens entre 15 e 19 anos. Há mais de duas décadas, a ALMG promove o Parlamento Jovem, a fim de incentivar esse público a compreender como processos democráticos podem transformar sua vida.

Cada edição dura em torno de um ano. Na etapa municipal, representantes das câmaras fazem contato com responsáveis pelas escolas. Assim, estudantes interessados se inscrevem e participam de palestras e oficinas sobre elaboração de políticas públicas e papel legislativo.

Na fase regional, as turmas se reúnem para conhecer as propostas que serão apresentadas na etapa estadual. No encontro final, que ocorre no Plenário da ALMG, são debatidas e escolhidas as sugestões que poderão ser transformadas em propostas de ação legislativa (PLEs).