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Minas Gerais pela ciência

Encontro de Ipatinga destaca papel dos institutos federais no desenvolvimento regional

Representantes do Rio Doce cobram diversificação do modelo de desenvolvimento e incorporação da educação básica em plano estadual de desenvolvimento científico.

13/09/2024 - 16:16
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O potencial dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia para contribuir no desenvolvimento de Minas Gerais foi uma das questões de destaque no quinto encontro regional do Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência – Por um desenvolvimento inclusivo e sustentável. O evento é organizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em parceria com 47 entidades da sociedade civil e do poder público, de 23 de agosto a 27 de novembro.

A reunião de sexta-feira (13/9/24), em Ipatinga (Vale do Aço e Rio Doce), é o único dos encontros regionais a acontecer dentro de um instituto federal, pois todos os outros seis foram realizados em universidades. O fato foi destacado pelo diretor-geral do Campus Avançado Ipatinga do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), Alex de Andrade Fernandes.

A pró-reitora de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do IFMG, Gislayne Gonçalves, ressaltou a importância dos institutos federais como um instrumento de interiorização da produção de conhecimento. “São cinco institutos federais em Minas Gerais. Conseguimos produzir ciência e tecnologia no interior”, afirmou ela, acrescentando que as instituições têm um grande papel na redução das desigualdades regionais, algo que pode ser dinamizado com mais investimentos. 

Criada em 2008 durante a gestão do então presidente Lula, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica reuniu 31 centros federais de educação tecnológica (Cefets), 75 unidades descentralizadas de ensino (Uneds), 39 escolas agrotécnicas, 7 escolas técnicas federais e 8 escolas vinculadas a universidades. Eles foram consolidados em 38 institutos distribuídos por todo o País.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da Comissão de Educação Ciência e Tecnologia da ALMG, afirmou que a expansão dos institutos federais tem sido uma demanda recorrente. “A potencialidade dos institutos é contribuir no desenvolvimento da região. O desenvolvimento passa por perspectivas na educação. Investir para os institutos federais ampliarem a sua potencialidade, o seu número de matrículas, é uma forma de educação que vale muito a pena”, declarou a parlamentar.

Sobre essa questão, o presidente do grêmio estudantil do IFMG, o estudante Hugo Sampaio, ressaltou a demanda reprimida revelada por um recente processo seletivo da instituição, em que 1,5 mil candidatos se apresentaram para 80 vagas.

Participação da educação básica na elaboração do plano estadual é valorizada

A deputada Beatriz Cerqueira elogiou a participação de profissionais e estudantes da educação básica no encontro de Ipatinga. “Isso é muito importante, porque nós não teremos cientistas se nós não tivermos o empoderamento da ciência e pesquisa já na educação básica”, disse.

A participação desse público se refletiu na apresentação de novas propostas, entre as quais incentivar a elaboração de um programa de fomento ao desenvolvimento científico realizado por estudantes do ensino fundamental e do ensino médio, utilizando recursos estaduais e infraestrutura de universidades e institutos federais, incluindo a criação de um evento anual para exposição dos projetos selecionados.

Entre outras novas propostas apresentadas no encontro de Ipatinga estão o incentivo a estudos sobre saneamento básico para embasar políticas públicas que promovam a saúde da população; e o estímulo a pesquisas relacionadas ao uso de novas tecnologias na educação.

O Fórum Técnico tem como objetivo elaborar, com ampla participação da sociedade, um Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento social e econômico do Estado. 

Inteligência Artificial

O documento inicial de propostas elaborado pela comissão organizadora destaca a importância do investimento. Em sua apresentação, a pró-reitora Gislayne Gonçalves lembrou que, recentemente, o governo federal anunciou a destinação de R$ 23 bilhões, em 4 anos, para o plano brasileiro de inteligência artificial. Ela apontou o alinhamento estratégico entre instituições públicas, privadas e o setor de ciência e tecnologia como o melhor caminho para Minas Gerais alcançar bons resultados em áreas de ponta como esta.

Com relação ao Vale do Aço e toda a região do Rio Doce, Gislayne Gonçalves afirmou que há vantagens como uma forte indústria siderúrgica, economia desenvolvida, geração de empregos, estrutura logística importante e diversas instituições de educação e pesquisa.

Entre os problemas e desafios estão as desigualdades socioeconômicas entre os principais centros urbanos e as regiões periféricas, a necessidade de maior diversificação econômica e a falta de um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável. “Precisamos pensar em uma mineração e uma agricultura mais sustentáveis”, sublinhou ela.

O diretor-geral do Campus Avançado Ipatinga, Alex Fernandes, reforçou a necessidade urgente de um acordo de reparação pelo rompimento da barragem de Mariana, que atingiu fortemente toda a região do Rio Doce. “Com relação a isso, muito pouco se ouve falar de educação, ciência e tecnologia. Esse recurso precisa vir para essa área”, cobrou.

A preservação ambiental também foi priorizada pela vereadora Cida Lima, de Ipatinga. “O que estamos enfrentando, secas e incêndios, é resultado de nossas escolhas”, advertiu. Entre outras autoridades que participaram do encontro estão o diretor de Desenvolvimento Econômico de Ipatinga, Ataíde Campos; o diretor-geral do IFMG - Campus São João Evangelista, Flávio Puff; e o diretor de Ciência e Transferência de Tecnologia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Rafael Marazzi de Oliveira.

Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência - Por um desenvolvimento inclusivo e sustentável - Regiões do Vale do Aço e do Vale do Rio Doce - Ipatinga

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