Embate entre esquerda e direita marca pronunciamentos em Plenário
Críticas à política econômica do atual governo são rebatidas com informações sobre o crescimento do País.
19/03/2025 - 17:27Um embate entre parlamentares de esquerda e de direita marcou a Reunião Ordinária de Plenário na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (19/3/25). Críticas à condução da economia pelo atual governo, sobretudo quanto à alta do preço dos alimentos, foram rebatidas com dados sobre o crescimento do País.
Os discursos atingiram também o Supremo Tribunal Federal (STF) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).
Eduardo Azevedo (PL) salientou que a política econômica do presidente Lula penaliza os mais pobres com alta de vários itens essenciais de alimentação.
Na mesma linha, Antonio Carlos Arantes (PL) afirmou que o governo “terceiriza” a responsabilidade da má gestão. “A economia está sem controle. Os custos sobem para o produtor e para os mais pobres”, afirmou, citando casos como o do ovo e do café.
Antonio Carlos Arantes criticou, ainda, a destinação de recursos federais para os sem-terra e avaliou que os bancos foram os únicos beneficiados no atual governo, com alta de 22% no faturamento em 2024, segundo ele.
Da mesma forma, Bruno Engler (PL) chamou de “desastrosa” a gestão econômica atual e afirmou que a esquerda inventa desculpas e defende o indefensável.
Coube ao deputado Betão (PT) rebater as críticas. Ele traçou um paralelo entre as realizações do governo Lula e Bolsonaro. Neste último, segundo ele, 33 milhões de pessoas passavam fome e o desemprego chegou a 15%, enquanto agora está em andamento um processo de redistribuição de renda e o desemprego caiu a 6%.
“Eles não aceitam que esse pessoal da Faria Lima, que deseja que boa parte do PIB brasileiro seja destinado ao pagamento dos juros das suas aplicações financeiras, seja contrariado. Mas o desemprego vai cair ainda mais e se não tivessem destruído a Conab teríamos hoje estoques reguladores dos preços de alimentos”, criticou Betão, em alusão à atuação da Companhia Nacional de Abastecimento.
Em aparte, Cristiano Silveira (PT) fez coro aos argumento do seu colega. “Na guerra, a primeira vítima é a verdade. A direita insiste em contar fábulas para enganar o povo brasileiro”, destacou. O parlamentar ainda comparou a coragem de Lula e Dilma frente a perseguições, enquanto o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) decidiu, conforme definiu, “fugir para os Estados Unidos”.
Eduardo Bolsonaro
A menção ao nome de Eduardo Bolsonaro, por sua vez, também trouxe reações. Bruno Engler afirmou que o parlamentar federal decidiu se exilar para seguir “denunciando os absurdos que estão ocorrendo no Brasil”. Ele ainda criticou o ministro do STF Alexandre do Moraes pelo que chamou de “politização da Justiça”.
Também o deputado Caporezzo (PL) defendeu Eduardo Bolsonaro, a quem chamou de “a voz mais forte do conservadorismo brasileiro em nível mundial”. Para o parlamentar mineiro, o Brasil não vive uma normalidade democrática, mas a história, segundo ele, já ensinou que nenhuma ditadura dura para sempre. Ele se solidarizou com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teria chorado pela decisão do filho de permanecer nos Estados Unidos.
Caporezzo e também a deputada Amanda Teixeira Dias (PL) ainda criticaram o STF, que formou maioria para manter os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin no julgamento de Bolsonaro. “Esses ministros têm conflito de interesses. O STF se afasta do princípio constitucional da imparcialidade”, resumiu Amanda Teixeira Dias.
Outros temas incluem Jequitinhonha e Frei Gilson
Deputados também trataram de outros temas no Plenário, como a falta de água e de boas estradas no Vale do Jequtinhonha, assunto trazido por Doutor Jean Freire (PT). Segundo ele, apesar de alguns avanços, há estradas federais e estaduais em péssima situação no Vale, inclusive, com pontes de madeira. O deputado ainda criticou pavimentação feita pelo Governo do Estado na região, que se encheram de buracos após um ou dois anos.
Doutor Jean Freire afirmou que faltou água por sete dias em alguns pontos de Araçuaí no período do Carnaval. “Se a Copasa não fez seu papel, é porque o Estado não está investindo, mas apenas distribuindo os lucros entre os acionistas”, criticou.
Já Antônio Carlos Arantes discursou em defesa de Frei Gilson, músico religioso conhecido por rezar o Rosário às 4 horas da manhã, acompanhado de milhares de fiéis. O deputado acusou a esquerda de promover ataques que, segundo ele, atingem não apenas a figura de Frei Gilson, mas a fé cristã e os “valores que sustentam nossa sociedade”.
Por fim, Eduardo Azevedo defendeu a nomeação, pelo Executivo estadual, dos aprovados em concurso para a Polícia Penal e para o sistema socioeducativo, ambos, segundo ele, sobrecarregados em virtude da carência de pessoal. E no caso do socieducativo, de acordo com o parlamentar, seria ainda mais grave porque muitos dos aprovados teriam abandonado o emprego para fazer o curso preparatório, já concluído, e agora não recebem nem mais a bolsa para isso.
Eduardo Azevedo e também Betão ainda elogiaram projeto de Caporezzo aprovado em 1º turno em reunião realizada pela manhã. A matéria proíbe o policiamento ostensivo unitário no Estado. “Ninguém pode garantir a segurança da sociedade se ele, primeiro, não estiver seguro”, avaliou Eduardo Azevedo, ao declarar voto favorável à proposta.

