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Conselho regional alerta sobre a atuação de falsos terapeutas ocupacionais

Número de profissionais que atuam no Estado não atende a demanda, favorecendo o uso de diplomas falsos.

20/08/2024 - 18:55
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Com apenas 2,3 mil terapeutas ocupacionais para atuar em seus 853 municípios, Minas Gerais está cada vez mais sujeita a golpes de falsos profissionais que atuam na área, em decorrência de uma crescente demanda por um trabalho de reabilitação especializado. 

O alerta com relação a falsos diplomas de terapia ocupacional que estão se proliferando em Minas foi feito nesta terça-feira (20/8/24), durante audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para debater a atuação do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional no tratamento dos transtornos do neurodesenvolvimento e das doenças raras.

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A reunião, organizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, foi solicitada pelo deputado Grego da Fundação (PMN), vice-presidente da comissão. Durante todo o encontro, o parlamentar salientou que sua experiência familiar lhe mostrou a importância desses profissionais na promoção da autonomia de pessoas com transtornos do neurodesenvolvimento e doenças raras.

“Sou pai de um jovem com Síndrome de Down, atualmente com 15 anos. Esse convívio com ele vem me ensinando muita coisa. Vejo que esse cuidado multidisciplinar vem fazendo muita diferença na vida e no desenvolvimento dele”, afirmou o deputado.

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O depoimento de Grego da Fundação não foi o único a exaltar a importância desses profissionais. A especialista em políticas públicas Aline Castro, que tem atrofia muscular espinhal tipo 2, também participou do debate e emocionou os participantes ao relatar a importância da fisioterapia em seu desenvolvimento. “Fiz fisioterapia a minha vida toda, mas eu sei que sou uma exceção. Vocês são essenciais na luta contra o preconceito e na luta por acesso”, afirmou ela.

Segundo Aline Castro, sua experiência de vida é uma prova de que a fisioterapia muitas vezes é menosprezada no tratamento de doenças graves e ainda sem cura, como a atrofia muscular espinhal. “Já fui desaconselhada a fazer fisioterapia porque não teria possibilidade de reabilitação. Mas o que é reabilitação?”, questionou ela, argumentando que a recuperação não pode apenas ter em vista a busca de capacidades comparáveis às de uma pessoa que não tem as limitações de alguém com uma doença rara.

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A atrofia muscular espinhal é uma doença rara, degenerativa, passada de pais para filhos e que interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores, responsáveis pelos gestos voluntários vitais simples do corpo, como respirar, engolir e se mover. Varia do tipo 0 (antes do nascimento) ao 4 (segunda ou terceira década de vida), dependendo do grau de comprometimento dos músculos e da idade em que surgem os primeiros sintomas.

Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o deputado Dr. Maurício (Novo) lembrou que existem no Brasil 19 milhões de pessoas com deficiência. “O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional exercem um trabalho fundamental para garantir a pessoas com algumas doenças raras um grau maior de independência e qualidade de vida”.

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Conselho regional quer mais cursos presenciais de terapia ocupacional

O alerta com relação à proliferação de diplomas falsos na área da terapia ocupacional foi feito pela diretora-tesoureira do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região - MG (Crefito - 4), Álida Murta Andrade. 

Para combater o problema, o Crefito tem defendido a abertura de novos cursos presenciais de terapia ocupacional. “Temos combatido o ensino a distância na área”, ressaltou Álida, uma vez que o conselho considera que o ensino virtual não atende às necessidades do setor. Segundo ela, o Crefito contabiliza hoje 38 mil fisioterapeutas e 2,3 mil terapeutas ocupacionais em Minas Gerais. 

O presidente do Crefito, Anderson Luís Coelho, afirmou que outra prioridade do conselho é defender a implantação de políticas públicas que garantam a adultos diagnosticados tardiamente a acessibilidade a uma educação inclusiva de qualidade, principalmente para a formação profissionalizante. Isso porque a estrutura que existe hoje é quase totalmente voltada para pacientes infantis. 

A professora e médica Luciana dos Santos Silva, gestora no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, lembrou que a instituição foi credenciada desde dezembro de 2022 como um centro de referência para diagnóstico e tratamento de doenças raras. Ela salientou que a criação de centros de referência não elimina a importância de se descentralizar o trabalho de reabilitação dos pacientes, uma vez que só assim seria possível alcançar a maioria das pessoas que necessitam desse acompanhamento.

A fisioterapeuta Thalita Karla Cruz, doutora em neurociências e especialista em fisioterapia neurofuncional, chamou atenção para a falta de disciplinas nos cursos de fisioterapia que abordem os transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo. “Quase não vi nada sobre autismo (em minha graduação) e parece que essa realidade não mudou muito. As pessoas com autismo frequentemente apresentam alterações na motricidade, que impacta muito na interação social”, argumentou ela.

O deputado Grego da Fundação reafirmou seu compromisso com propostas de interesse da categoria, tais como a instituição de um piso regional para os profissionais e a obrigatoriedade da presença de um fisioterapeuta em unidades de tratamento intensivo (UTIs). Ele também disse ter expectativa de que seja aprovado em breve o Projeto de Lei (PL) 8/23, que institui o dia estadual do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional, a ser celebrado no dia 13 de outubro.

Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência - debate sobre a atuação do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional
Falta de especialistas prejudica acesso a tratamento de doenças raras TV Assembleia
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Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência - debate sobre a atuação do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional

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