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Comunidade em Sabará não tem infraestrutura básica

Comissão verifica falta de água, energia, esgoto, asfalto e coleta de lixo no chacreamento Fateiro.

19/05/2023 - 15:35
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Ruas de terra, esgoto a céu aberto, lixo acumulado em local inadequado. Esta é a realidade do chacreamento Fateiro, em Ravena, distrito de Sabará (Região Metropolitana de Belo Horizonte), que a presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputada Ana Paula Siqueira (Rede), constatou nesta sexta-feira (19/5/23).

O loteamento foi criado há 25 anos, mas até hoje não foi regularizado. Por isso, os moradores não contam com serviços básicos, como fornecimento de energia elétrica, água e rede de esgoto. Coleta de lixo, drenagem pluvial e iluminação pública são precárias. Também não há escola, creche ou posto de saúde.

Moradora mais antiga da parte alta do Fateiro, a dona de casa Maria dos Anjos conta que a energia vem de uma ligação clandestina, o popular “gato”. Como a carga é insuficiente, ela não pode ter um chuveiro elétrico. O jeito é esquentar água com uma serpentina que aproveita o calor do fogão a lenha. “Quando chove, carro não sobe aqui”, disse, referindo-se à rua da sua casa, que fica intransitável no período chuvoso.

A chuva também piora a situação precária das ligações de energia. O mecânico Mauro Lopes, que vive há 17 anos no Fateiro, conta que já chegou a ficar quatro dias sem eletricidade em casa. “Começou a chover, a luz vai embora”, afirmou. Sem energia, a comida estraga na geladeira. “Já perdi carne e até o leite das crianças”, lamentou.

Para a dona de casa Margarete Geralda da Silva, que mora no Fateiro há 12 anos, a falta de água é o maior problema. Ela conta que precisou comprar água mineral para dar banho no marido que ficou acamado por nove meses por causa de um câncer. Quando chove, o ônibus que leva as crianças para a escola em Ravena não consegue transitar pelas ruas esburacadas. “Nós não temos nada. Fomos esquecidos aqui nesse lugar”, reclamou.

Segundo o líder comunitário Ricardo Rodrigues, a situação só não é pior porque os moradores se organizaram para viabilizar a perfuração de um poço artesiano e para construir uma canaleta para o escoamento da água da chuva. Ele estima que vivem na comunidade cerca de 250 famílias.

Os moradores cobram da prefeitura a instalação de postes de luz e o calçamento das ruas, além de novos poços artesianos. “Somos invisíveis para o poder público. Como não existe regularização fundiária, a prefeitura se sente à vontade para não nos atender prontamente”, afirmou. 

Apesar das dificuldades, Ricardo e os demais moradores não pensam em ir embora do Fateiro. “Eu vim para cá em busca de sossego e foi a melhor coisa que eu fiz na vida”, disse. Dona Maria dos Anjos, que também foi para lá em busca de tranquilidade, também não pensa em se mudar. “Eu adoro esse lugar”, contou.

Lixo a céu aberto preocupa deputada

A deputada Ana Paula Siqueira chamou a atenção para a situação do lixo no Fateiro. A prefeitura realiza a coleta duas vezes por semana. Como ela é insuficiente, muitos moradores jogam lixo em um terreno na beira da BR-381. “É um lixão que funciona como ponto de referência para entrar no chacreamento”, afirmou.

Antes da visita da comissão, o local havia sido limpo pela prefeitura. Segundo o administrador regional de Ravena, Reginaldo Ferreira Pinto, essa limpeza acontece uma vez por mês. Para evitar o acúmulo de lixo em local inadequado, ele assumiu o compromisso de instalar dez lixeiras de rua.

O maior problema, na avaliação do representante da prefeitura de Sabará, é que o Fateiro é um empreendimento irregular. “Muita coisa reivindicada pelos moradores é de responsabilidade do empreendedor. O pessoal faz o chacreamento sem estrutura nenhuma e vai embora”, disse.

A deputada Ana Paula Siqueira disse que vai continuar fiscalizando a situação do Fateiro e cobrando melhorias para os moradores. Ela disse que vai pedir providências da Cemig e da Copasa, para que assumam a responsabilidade pelo fornecimento de água e energia elétrica. 

Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher - visita à creche da comunidade do Chacreamento Fateiro em Ravena

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